11/02/2017

UMA GRAÇA PARA O FIM DO DIA

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XXII-SEM VERGONHA


2 - TRAIÇÃO

COM MELINA SERRA



ATÉ AO PRÓXIMO SÁBADO

A NOSSA FICÇÃO
A MÓNICA MOREIRA LIMA, jornalista de profissão não chegavam as notícias comezinhas do quotidiano, nem que fosse uma bomba de neutrões.
Pensou, pensou, engendrou equipa tão louca como ela, baratinou os maiorais da TV GUARÁ e "amadrinhou"o "SEM VERGONHA" programa despudorado tão ao nosso gosto, cheio de pimenta por todo o lado, sem qualquer grosseria e divertido.
Ela só pode ser inteligente e boa!

O QUE DIZ A AUTORA
O Sem Vergonha é o programa mais polémico e irreverente da TV brasileira. Já rendeu vídeos para os quadros Top Five do CQC e Passou na TV do Agora é Tarde, ambos da BAND. Foi tema de uma matéria de duas páginas na maior revista de circulação nacional, a VEJA. E culminou com uma entrevista antológica ao Rafinha Bastos, no Agora é Tarde. Todos os programas estão disponíveis no blog e no YouTube. Não recomendo sua exibição para menores de 18 (anos ou cm) para evitar traumas futuros. Falo de sexo sem pudor, sem frescuras, sem meias palavras, sem eufemismos e com muito bom humor. Advertimos que o Sem Vergonha pode provocar ereções involuntárias e uma vontade irreprimível de dar, sem restrições de orifícios.


FONTE: TV GUARÁ

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O RITUAL DE JÚLIA PINHEIRO



FONTE: PROGRAMA "ESTADO DE GRAÇA"  RTP/1

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10-TERAPIA DE REPERFUSÃO
NO INFARTO AGUDO
DO MIOCÁRDIO


Angioplastia Primária III



Uma interessante série conduzida pelo  Dr. António Luiz da Silva Brasileiro, Mestre em Cardiologia pela UERJ, Chefe do Ambulatório de Adultos do Instituto Nacional de Cardiologia.

* Uma produção "CANAL MÉDICO"

* As nossas séries por episódios são editadas no mesmo dia da semana à mesma hora, assim torna-se fácil se quiser visionar episódios anteriores.

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ALQUIMIA
COMO FAZER OURO



FONTE: NERDOLOGIA


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SÍLVIA MARTINS

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Das Novas Ditaduras

Hoje, vamos falar de coisas sérias. E quando um texto começa assim, já sabe, a partir daqui a coisa só pode mesmo “descambar”. Mas hoje tem mesmo de ser.

Imaginem o seguinte cenário, um Fulano, com habilitações académicas, mais que muitas, boa imagem, variadas experiências profissionais, possuidor de excelentes capacidades de comunicação, criativo, flexível, atualizado, interessado e responsável procura um novo “desafio profissional”. (

Sim, que na conjuntura atual ninguém procura emprego ou trabalho ou forma de ganhar para o pão… não, atualmente, o Fulano tem de procurar “novos desafios profissionais” ou corre o risco de passar por desesperado ou desinteressado, venha o Diabo e escolha…) Bom, o Fulano, cheio de variadíssimas experiências, tem Mestrado em elaboração de currículos, desde o European Pass, aos mais criativos. Aliás, ele é tão conhecedor deste domínio que tem vários currículos e portefólios gravados no Ambiente de Trabalho do Computador e até em PDF na Cloud do telemóvel, para que possa enviá-los, qualquer um deles, a qualquer hora, para qualquer oferta que possa eventualmente surgir. O “desafio” começa logo aí, Fulano já conhece inclusivamente o tipo de currículo que “agrada” a determinado anúncio e lhe garante a chamadinha da praxe para a tal “conversa informal”.

Sim, porque hoje em dia, também já ninguém vai a uma entrevista, não… Ainda que a tal “conversa informal” só o seja de tom, ninguém se pode atrever a tomar por certo que de lá sairá com uma proposta de trabalho. Não! Estas conversas são, tão apenas e só, “manifestações de interesse”, como em qualquer convite do Tinder… apenas para “nos conhecermos”. Mas Fulano, já vos disse eu, é “Pro”. Ele é, de acordo com o “slang”, TOP! Recebe por dia umas duas a três chamadas de “manifestação de interesse profissional” e ele é tão bom, mas tão bom, que agrada na maior parte delas. É versátil, é bom conversador, é culto, é cordial, tem tudo o que um bom empregador deseja. O azar deste fulano é que “os bons empregadores” são coisa rara, escasseiam, estão em vias de extinção e quando existem, são como as casas de banho limpas, estão quase sempre “ocupados”.

 Mas nem assim o fulano desiste e já foi “empregado exemplar” em vários dos sítios por onde passou. As cartas de recomendação que coleciona assim o provam. “Extremamente assíduo e pontual”, como um bom aluno. “Organizado e disciplinado, com provas dadas de competência profissional”. “Brioso”, que orgulho! E ao fim de dois anos, quando conheceu a sorte de ter um contrato de trabalho, lá pegou ele nas malinhas e saiu porta fora, com direito a palmadinha nas costas, porque ele “era mesmo bom moço”. O azar do Fulano é que os bons empregados precisam de bons empregadores e ele ainda não encontrou o dele.

Mas os últimos tempos têm sido duros para o Fulano, que anda desmoralizado e tristonho, desde que mesmo sem rendimentos, deixou de constar da lista dos Centros de Emprego. “O desemprego baixou no país”, dizem-lhe. E ele ri.

Ofertas com contrato, é por um canudo. E ele até entende, é que as despesas sociais são um encargo para as empresas e as contratações são um luxo para o comum dos mortais. Ofertas, com horas fixas e trezentas e duas mil obrigações, só a recibos, quando calha… e sem direito a baixas, ou subsídios, na base do “enquanto nos fores útil, és o melhor”, mas, como qualquer relação moderna que se preze: isto é tudo, “no strings attached”. E o Fulano lá vai aceitando, para pagar as contas, quando dá e sem refilar muito, que o Cicrano até já disse, que se ele vacilar, Beltrano lhe fica logo com o lugar.

Posto isto, Fulano anda triste, o médico diz que te inícios de depressão. Que tem de dormir bem e comer bem, mas não dá… os horários não permitem e a ginástica dos dias de tarefeiro, mal lhe permite levar o filho à escola. É a Ditadura dos Nossos Dias, e a sorte de quem a não tem

IN "AÇORIANO ORIENTAL"
10/02/17

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1139.UNIÃO



EUROPEIA



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 FÉ E CIÊNCIA
 RICHARD DAWKINS


FONTE: elimax76

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XII-VIDA SELVAGEM
3- URSO PARDO
Predadores Selvagens


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RECORDANDO


Elvis Presley

Suspicious Minds


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HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
Carros do governo 
são assaltados durante o jantar

Dois carros oficiais da comitiva do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, foram assaltados num parque de estacionamento junto a um restaurante na zona de Fornos, nos arredores de Coimbra. 
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Os assaltantes partiram os vidros das viaturas e furtaram computadores, tablets, telemóveis e cartões de crédito que estavam nas malas, confirmou fonte da GNR de Coimbra. Tudo aconteceu na quarta-feira à noite. 

Os assaltantes aproveitaram o momento em que os membros da comitiva jantavam no restaurante Rui dos Leitões, famoso pelo tradicional leitão assado, para praticarem o furto. Além dos veículos oficiais, foram assaltadas outras duas viaturas que nada tinham a ver com a comitiva, que se dirigia para Norte a fim de participar numa iniciativa. 

Em declarações ao ‘Expresso’, Carlos Martins disse que os ladrões "levaram todo o trabalho de uma vida" e garantiu que não tinha no carro documentos importantes ligados à atividade governativa. 

"Tinha a minha tese de doutoramento, mais de 40 mil fotografias e apresentações em PowerPoint nos discos rígidos", lamentou. 

* Lamentamos o prejuízo para o sr. secretário de Estado, mas não é admissível que uma  comitiva de governo viaje sem segurança.


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ESTA SEMANA NO
"OJE/JORNAL ECONÓMICO"

Refugiados chegam a Portugal e voltam a sair.
 “Sentem-se perdidos”

Dos 957 que o país recebeu, com o acordo com a União Europeia, mais de 200 saíram novamente de Portugal. A Comissão Europeia pretende prevenir estes movimentos. 
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Dos 957 refugiados que o país recebeu há dois anos, com o acordo com a União Europeia, mais de 200 saíram novamente de Portugal. O fenómeno não é novo e tem afetado vários Estados membros da União Europeia, no entanto, só nos últimos dois meses mais de cem refugiados abandonaram o território nacional. 

Os números foram divulgados pelo “Diário de Notícias”, este sábado, que contactou fontes da Comissão Europeia para as Migrações para perceber o que está a ser feito para os controlar. “Foram indicadas aos Estados membros medidas para prevenir estes movimentos”, explicou ao DN o porta-voz. 

As entidades que estão responsáveis pelos refugiados, entre as quais o Conselho Português para os Refugiados, o Serviço Jesuíta aos Refugiados e a Câmara Municipal de Lisboa, contabilizaram até agora 219 fugas oficiais, num universo de 680 que haviam recebido. Já o Governo português não admite que os números sejam tão elevados e adianta que não existem falhas no processo de integração dos migrantes no país.

O director do Serviço Jesuíta aos Refugiados, André Costa, assegura ao matutino que os migrantes não abandonam o país por “confronto” a Portugal. Porém, saem devido a ter planeado construir a sua vida no norte da Europa. “Não sentem hostilidade pelo nosso país. Sentem-se perdidos”, afirma. 

* As afirmações de André Costa fazem sentido, os grandes "paraísos" de acolhimento são países do norte europeu, de Portugal conhecem o Cristiano Ronaldo e sabem que ele é emigrante.

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A DOPAGEM 
NO DESPORTO



FONTE: AFPBr


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HOJE  NO
"A BOLA"

China volta a chamar por Jonas

Nova proposta tentadora para o avançado do Benfica.

O mercado chinês fecha apenas no final deste fevereiro e o perigo dos encarnados perderem o craque é real.


* Praticamente irrecusável, qual o empregado que recusaria o triplo do salário anual proposto por uma empresa da concorrência?

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ESTA SEMANA NA 
"GERINGONÇA"

Desemprego: 
Portugal com a maior queda
 da OCDE em dezembro

De acordo com os dados hoje divulgados pela OCDE, a taxa de desemprego em Portugal caiu três décimas em dezembro com o país a registar, a par de Espanha, a maior queda entre os 35 países-membros.
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Os dados indicam que a taxa de desemprego em Portugal passou dos 10,5% registados em novembro para 10,2% em dezembro, enquanto no conjunto dos países que integram a organização se manteve estável nos 6,2%. Já na zona euro, o desemprego baixou uma décima para os 9,6%, o valor mais baixo desde maio de 2009.

No que respeita ao desemprego jovem, em Portugal a taxa desceu dos 27,2% de novembro para 26,4% em dezembro, uma queda de oito décimas num único mês. Em Espanha, o desemprego jovem também desceu para os 42,9% e em Itália subiu uma décima para os 40,1%.

* Sabemos que o desemprego está a caír mas o emprego que sobe é o precário, aquele em que os empregadores portugueses se portam como esclavagistas, leia o artigo de SÍLVIA MARTINS, às 20h00.

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Robôs na mira dos eurodeputados, 
que defendem novas regras



FONTE: EURONEWS

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 HOJE   
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

"Aqui não há islamofobia. 
Portugal é um paraíso, 
devíamos orgulhar-nos"

Almoço com Abdool Vakil
"Astuto", "dono de uma habilidade exemplar para os negócios", "um estratega nato". Não são meus os elogios. É assim que Abdool Vakil é descrito nas inúmeras publicações internacionais - incluindo a Euromoney e a Institutional Investor - que lhe dedicaram artigos de páginas inteiras, fazendo até capa em algumas delas, nas décadas de 1970 e 1980. Nessa época em que os financeiros eram uma espécie estranha para a maioria do país, havia um português ainda jovem e já internacionalmente reconhecido pela sua carreira. E a quem a capacidade de fazer Portugal voltar aos mercados com condições incríveis - uma taxa de financiamento com uma margem ou spread de 1%, só igualada em outros 27 países de todo o mundo - depois dos instáveis anos do 25 de Abril rendeu a alcunha de Mr. Spread.


"Sempre gostei de desafios, estou sempre à procura de novas coisas - a minha mulher não pode com isso, porque me vê sempre sob stress - e nessa altura andava a arranjar dinheiro para algumas empresas públicas." Foi então chamado a "negociar com a banca internacional as centenas de milhões em financiamentos para a República Portuguesa e fui eu que fiz a primeira operação em eurodólares", orgulha-se. "O país estava a pagar nessa altura margens de 1,75% e eu fui ter com o Dr. José Silva Lopes e disse-lhe: senhor governador, vou arranjar um spread muito mais baixo, de 1%. E ele achou impossível. Então apostámos um almoço e eu ganhei - fomos à Cervejaria Alemã, ali no Cais do Sodré." Recorda-se - e ri-se - como se tivesse acontecido tudo na véspera do nosso encontro, e não a seguir ao 25 de Abril, como há de explicar mais adiante.

À mesa do Polícia, nas Avenidas Novas - onde é ainda cliente habitual, como eu fui em criança -, vai contando a sua história como o faz quem viveu muitas vidas. Traz consigo a ainda Lourenço Marques onde nasceu há quase 78 anos, numa família de ascendência indiana, do Gujarat, chegada a Moçambique em 1895. Conserva a paixão pelos números que o levou a formar-se em Finanças no ISCEF (hoje ISEG), tendo na altura conhecido dois ex-Presidentes (Cavaco Silva, colega de curso, e Jorge Sampaio que estava na Faculdade de Direito) e Ernâni Lopes também seu colega de curso, e a dar aulas de Matemática na faculdade em Lisboa e em Maputo. Bem como os desígnios que lhe cabiam enquanto filho mais velho (com um irmão médico e outro advogado) de cuidar dos negócios da família no Ultramar. Mas a Casa Coimbra, onde chegou a estar empregado quando o pai morreu - tinha ele 14 anos -, não seria o seu destino e nesse a mãe viria a ter um papel fundamental ao enviá-lo para Lisboa para terminar os estudos. Tinha então 17 e não tardaria a conhecer a mulher com quem se casou numa mesquita de Paris há 55 anos - Rosária, portuguesa católica, sua colega no Instituto Comercial de Lisboa, que mais tarde viria a converter-se ao islão e com quem tem três filhos e seis netos.

É pela família e pela religião que arrancamos a conversa, tomada a decisão sobre a refeição, que para mim é rápida - um delicioso rim de vitela, que é raro encontrar por aí - mas para Abdool Vakil só chega depois de conselho avisado sobre o bacalhau à Brás. "Só como carne halal" (de animais abatidos segundo as regras do Alcorão), diz, e desafia-me a acompanhá-lo numas amêijoas à Bulhão Pato. A religião também lhe veda bebidas alcoólicas, por isso não me acompanha na cerveja - pede água. "O meu filho até é vegetariano" - é professor de História no King"s College, em Londres. As duas filhas herdaram a veia financeira - a mais velha vive em Nova Iorque e apenas a mais nova está por Lisboa, onde já só vive também um dos netos.

Hoje, o banqueiro tem mais disponibilidade para a família. O tempo divide-se, por isso mesmo, entre Lisboa, Nova Iorque e Londres, onde vai reunir no próximo mês toda a família para os 18 anos da neta. Mas não é capaz de deixar de fazer aquilo que melhor sabe: contactos. Alturas houve em que fazia tantos e a vida era de tal forma dinâmica que não conseguia mantê-los atualizados, contava ao DN nos anos 1990. Mas sobretudo desde que lhe foi amputado o Efisa, no processo de nacionalização do BPN, tem estado focado na atividade que desenvolve enquanto líder da Comunidade Islâmica. 

Pergunto-lhe se gostaria de voltar a ficar com o banco que criou - originalmente, uma sociedade de investimentos apoiada pelo grupo Warburg, que tinha acionistas como a Kuwait International Investment Company, o Bankinter e a Sonae. "A minha mulher divorciava-se de mim!"
Ri-se. Nota-se, porém, alguma saudade desse tempo em que fez a sociedade de engenharia financeira, à medida do que aprendera com um banqueiro judeu sediado em Londres. "Sir Sigmund Warburg tinha umas filosofias muito próprias. Por exemplo, o seu banco não tinha placa cá fora porque ele achava que não valia a pena gastar dinheiro nisso; se as pessoas soubessem que era bom iriam lá ter. 
E tinha salas para almoços de negócios em que os clientes eram convidados por turnos, às 12.00 e às 13.00 - e o segundo era melhor, porque se prolongava um bocadinho e como nem serviam vinho eu ficava satisfeito. Era stricktly business." Recorda que o seu mentor dizia sempre: "Emprestar não é o nosso negócio; o dinheiro sai de manhã e volta pela hora do chá. E eu adotei esse lema: não emprestamos o nosso dinheiro." E assim, como intermediário, liderou várias operações para empresas públicas como a RTP, a TAP ou a EDP, e até para a Região Autónoma da Madeira. "O Dr. Alberto João Jardim gostava muito de mim."

O telefone interrompe-o - há de tocar meia dúzia de vezes e Vakil atenderá, mas gasta o tempo necessário para explicar que não pode falar. Demora-se apenas uns segundos mais quando encontra a filha do outro lado.

Incapaz, ainda hoje, de estar parado - "é disto que eu gosto" - esteve há menos de um mês na Índia, com António Costa, que propôs, a pedido da embaixadora de Nova Deli em Lisboa, para receber uma condecoração, visto na altura ser o único português condecorado em ambos os países (aqui é Grande--Oficial da Ordem do Infante D. Henrique). "É um orgulho que o primeiro-ministro português tenha sido distinguido lá", vinca, enquanto testemunha a "empatia" que sentiu entre Costa e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e a "ternura" com que foi recebido em Goa. Uma viagem de afetos, portanto, mas terá retorno em negócios? "Espero que sim." Vakil deu um contributo criando um grupo de jovens da diáspora, mas acredita que há muito mais para tirar desta relação entre Índia e Portugal. "Há potencialidades bilaterais em negócios, mas não podemos olhar só para estes dois países, devemos alargar a visão a outros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Os portugueses são muito bons, por exemplo, a intermediar o relacionamento entre certos países e Angola. Fazer esse triangulamento com países africanos seria muito importante."

O sonho de Abdool Vakil era ter conseguido fazer deste país "uma espécie de hub para a transição de fundos do Médio Oriente para África e o resto do mundo" e a Índia teria também um papel relevante. "Já estive em vários países do Médio Oriente e as pessoas de lá confiam em mim e têm interesse nisto. Mas nós falamos de simplex mas muitas vezes acaba por ser só complex. Podíamos ser um país fantástico, mas não somos muito pragmáticos, a burocracia domina."

Serve-me generosamente de amêijoas e molho antes de as tirar também para si - "as senhoras vêm sempre primeiro", repete várias vezes - e vai juntando frames que revelam a sua fama de homem de bons amigos, especialista em estabelecer contactos entre quem precisa de alguma coisa e quem tem algo para oferecer. "Tenho uma ligação forte à Turquia desde a visita do atual presidente Erdogan a Lisboa, em 2001" - pronuncia pausadamente: "Erdoan, o G com aquela coisa por cima não se lê", ensina-me. "À época, ele era primeiro-ministro e eu estava a colaborar como assessor num banco do Bahrein que tinha uma filial em Istambul." Uns amigos turcos pediram-lhe que mediasse um encontro e Vakil fê-lo, acabando por cair nas boas graças do então chefe de governo e do seu tradutor, mais tarde nomeado ministro dos Negócios Europeus da Turquia, Egemon Bagis (lê-se Bash), que quiseram oferecer-lhe um presente. "Eu disse o que sempre digo nestas ocasiões: para mim não quero nada, mas a mesquita precisa sempre. E então mandaram-nos mármores da Turquia e foi muito bom." 

Vai temperando o discurso com as frases como as disse originalmente, em inglês, e sempre com apurado sentido de humor. Gosta de conversar. Entusiasma-se como uma criança ao recordar estes episódios - que ainda se repetem, mesmo que o Sr. Spread apenas conte os que já sucederam há muito. Como o papel que teve no contributo da família real saudita, aquando da visita a Portugal do então príncipe Salman bin Abdul Aziz Al--Saud (hoje rei), para a mesma causa e da família Al-Muhaidib, também da Arábia Saudita, convencida a contribuir não só para a Mesquita de Lisboa mas também para o Centro de Estudos Islâmicos da Universidade Lusófona e para uma das causas de eleição do amigo Jorge Sampaio, os refugiados da Síria.

"O meu forte são os contactos", assume. E foi assim que conseguiu refazer a sua vida várias vezes. Como quando voltou a Portugal, no final dos anos 1980, depois de quase uma década na City. Por esta altura, já tinha percorrido todos os lados dos mercados financeiros. Passara pela revolução em Portugal - só não foi preso, em 1962, porque a mulher, grávida, foi buscá-lo à Cidade Universitária às 02.00 da manhã ("as mulheres têm este sexto sentido"), onde ouvia, por amizade ("gosto muito dele"), Jorge Sampaio, então líder do movimento académico das esquerdas. E em Moçambique, em cujo sistema financeiro esteve integrado ainda no tempo colonial, como secretário provincial de Planeamento e Finanças, aos 33 anos. O regresso foi decidido depois de a mulher escapar por pouco a uma emboscada em Maputo, em outubro de 1974, e se recusar a voltar com os filhos para lá. E foi para ficar junto da família que Vakil acabou por recusar um convite do novo governo moçambicano para continuar a assessorar as finanças e a banca do país.

Por cá, já tinha sido fundamental na recuperação da reputação creditícia do país - tendo criado e gerido a Comissão de Coordenação dos Financiamentos Externos no Banco de Portugal e depois, ao mesmo tempo, como consultor e negociador-chefe dos financiamentos internacionais da República, o primeiro dos quais assinado em 1978. "Nessa altura tudo tinha de ser aprovado ali, até uma transferenciazinha de cinco mil escudos, e sempre que passo pela Rua do Crucifixo lembro-me de como os amigos brincavam comigo: tu, um muçulmano, a trabalhar na Rua do Crucifixo?!" O percurso no Banco de Portugal (onde chegou em 1976) e nas Finanças (1978), num governo PS-CDS e a convite de Vítor Constâncio, então ministro das Finanças, valeram-lhe dois louvores do governo e o lamento, posto por escrito, do atual vice-presidente do Banco Central Europeu quando decidiu largar tudo para tentar a sua sorte em Londres - onde foi administrador do Manufacturers Hanover Limited, liderou depois o ramo britânico do BNU e, a seguir, criou a Gemini Financial Services, pequeno escritório com apoios de investidores da área do Golfo, tendo trabalhado muito de perto com o grupo S.G. Warburg em montagens de financiamentos para Portugal e outros países.

Hoje mantém-se bem ativo, mas é a Comunidade Islâmica que mais tempo lhe ocupa, sobretudo com a Mesquita de Lisboa em fase de acabamento e a nova mesquita em projeto, conta-me enquanto nos dedicamos ao prato principal. "Não entendo essas conversas um pouco polémicas que há para aí." Refere-se ao movimento de moradores e proprietários expropriados pela Câmara de Lisboa para construir a mesquita. A reação é-lhe incompreensível num país onde sempre o trataram como igual. "Não há dinheiro do Estado, apenas fundos europeus que estão disponíveis para obras, e o sítio é histórico, é onde estiveram os muçulmanos no passado, a Mouraria. Está a reativar-se aquela área e isso é um orgulho para todos nós. Mas suponho que as pessoas arranjam sempre pretextos para criticar..."

Nada que lhe dê motivos para uma verdadeira desilusão com o seu país. "Felizmente, aqui não temos islamofobia nem terrorismo. Eu faço parte de um think tank, o European Muslim Network, ao qual preside o professor Tariq Ramadan, e vou a reuniões semestrais onde há speakers de todos os países. Numa delas, o tema era a islamofobia e estávamos a ouvir descrições sobre o que se sentia na Turquia, na Alemanha, aqui e acolá. Até que chegou a minha vez e eu disse: "Vivo em Portugal há mais de 50 anos e ali tratam-me como amigo. Não sou o outro, sou o deles, embora saibam que tenho uma religião diferente. Nunca senti isso a que chamam islamofobia." E uma senhora pediu para falar e perguntou-me se eu vivia num paraíso. E não há dúvida de que é um paraíso. Nós não ligamos, mas devíamos mesmo ter muito orgulho nisto."

O que nos diferencia? "Deus queira que não aconteça, mas eu estou sempre a perguntar-me porque é que não temos problemas. E acho que é pela constituição da nossa comunidade muçulmana: os que vêm de fora ou são guineenses que têm nacionalidade portuguesa ou são-nos próximos e por isso não têm reação contra os portugueses; os indianos ou têm nacionalidade ou sentem-se iguais porque são bem tratados. A maioria sabe que é assim." De resto, a Comunidade Islâmica está de tal forma integrada na sociedade que todos os anos recebe a visita de cerca de 14 mil estudantes - meros curiosos ou interessados em aprender a língua e a cultura árabes - e prepara almoços solidários regulares abertos a pessoas carenciadas de todas as religiões. A mesquita organiza até almoços de Natal para os que pouco ou nada têm.

Pergunto-lhe se acredita que os movimentos populistas, extremados com os recentes ataques terroristas na Europa e a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos, podem tornar mais difícil a coexistência. Foca-se em Trump, mais a pensar alto do que a responder-me. "Não sei bem o que ele quer, acho que ninguém sabe. Tem uns discursos incompreensíveis - amigos meus que vivem nos EUA ainda não entenderam como foi possível ele ganhar."

O fim do meu rim e a confirmação de Vakil da impossibilidade de dar conta da sua porção de bacalhau à Brás prenunciam o regresso da conversa ao futuro da Comunidade Islâmica de Lisboa, que reúne cerca de 50 mil membros - longe do que encontrou quando se instalou aqui e a sua família, a primeira muçulmana no país, recebia em casa os irmãos que por cá viviam, para rezarem juntos. Foi assim até a Arábia Saudita, a Líbia, a Turquia e outros beneméritos aceitarem ajudar a fazer nascer a mesquita da Praça de Espanha, inaugurada em 1984 num terreno também cedido pela câmara.


Muçulmano moderado, sábio e verdadeiramente ágil a obter consensos, tem sido difícil encontrar sucessor para os seus 28 anos de liderança, aonde chegou quando regressou de Londres, depois do afastamento de um dos 15 fundadores, Suleiman Valy Mamede, que criou a comunidade em 1968. "É demasiado tempo - é assim que se criam ditadores! Já por várias vezes afirmei o meu interesse em sair, mas têm-me pedido sempre que fique mais um bocadinho." Para o seu lugar no programa semanal da Antena 1 E Deus Criou o Mundo, onde partilhava o microfone com o representante da comunidade judaica em Portugal, Isaac Assor, e o católico Pedro Gil, já conseguiu substituto à altura - mas não sem o alertar para que "não dissesse asneiras!". "Passei há mês e meio ao jovem que trabalha comigo na comunidade, Khalid Jamal; não queria pôr lá alguém que não estivesse preparado para essa tarefa que transmite uma imagem correta do que é o islão e como se relaciona com as outras religiões, especialmente as abraâmicas. De resto, Vakil mantém-se ativo na Comissão da Liberdade Religiosa, de que é membro desde a fundação. "Também queria deixar, mas estamos a andar devagar, porque tem de ser uma pessoa esclarecida", diz, a preocupação a condizer com as suas intervenções públicas, repudiando sempre a radicalização e promovendo a liberdade e a diversidade religiosas.


 Outros compromissos marcados para a tarde do nosso encontro não deixam que o almoço se prolongue, mas ainda há tempo para me convencer a partilhar um prato de papaia e manga cortadas no momento - pede limão para espremer por cima, como se faz em Moçambique - e bebermos café. 

"A Comissão da Liberdade Religiosa vai ser recebida nesta tarde pelo Presidente em Belém e daqui a uns dias iremos ter uma visita sua à mesquita", explica. Também Vakil faz parte da lista de amigos de Marcelo Rebelo de Sousa - "desde que foi eleito, eu nunca lhe telefono, mas ele liga, às vezes à 01.00 da manhã. Não sei como aguenta não dormir mais de três horas por dia. Só peço a Deus que lhe dê saúde", diz, depois de reclamar vencido o pagamento do almoço. E já de pé, a despedir-se do pessoal da casa: "É sempre assim, sabe, as senhoras é que mandam."

Entrevistou JOANA PETIZ

* Para reflectir.

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HOJE 
"RECORD"

É impossível ficar indiferente a esta
 boa ação de Jermain Defoe

Bradley Lowery é um menino com cancro - foi-lhe diagnosticado um neuroblastoma - que tem comovido o mundo. 
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O Sunderland tem-lhe dado e à sua família todo o apoio possível. Vários jogadores do clube inglês visitaram Bradley no hospital mas houve um que foi mais longe. Jermain Defoe resolveu passar a noite com a criança e essas imagens - divulgadas no Twitter criado pelos pais de Bradley - ganharam grande impacto.

* HUMANIDADE, precisa-se cada vez mais.

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MULHER VERSUS



HOMEM














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1155
Senso d'hoje
MONA WALTER 
REFUGIADA SOMALI
"O Alcorão me revelou coisas
que me deixaram chocada"



FONTE: Brasil contra o Terrorismo

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ESCOLHAS DE SÁBADO

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COMPRE JORNAIS








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DESASTRADOS


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BOM DIA


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45-CINEMA
FORA "D'ORAS"

VIII-A CABANA



ÚLTIMO EPISÓDIO
PRÓXIMO "FORA-DE-HORAS" A 15/02/17
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