09/04/2017

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ESTA SEMANA NO 
"DINHEIRO VIVO"
Falsear contas? 
Sim, responde um em cada 
cinco gestores em Portugal

Gestores dispostos a falsear informação financeira em Portugal acima da média da Europa Ocidental, revela inquérito da EY

As empresas têm cada vez mais obrigações legais e regras a cumprir, por exigência dos reguladores, para garantir a ética nos negócios. Mas a perceção dos gestores é de que a corrupção e o suborno ainda são prática comum. 
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 De acordo com um inquérito sobre fraude da consultora EY, 60% dos inquiridos em território nacional consideraram que as práticas de corrupção “ocorrem amplamente” nos negócios e no meio empresarial. Mais do que isso, quando questionados sobre se estariam dispostos a falsear informação financeira para atingir objetivos, 21% disseram que sim. Inquiridos sobre se pagariam subornos para ganhar ou manter um negócio, 12% responderam afirmativamente. Estas percentagens são bastante mais altas do que a média dos países da Europa Ocidental, de 6% e 10%, respetivamente.

“Portugal tem vindo a melhorar a sua posição, mas continua distante dos melhores países classificados neste inquérito”, sublinha Pedro Cunha, partner da EY em Portugal para a área de investigação de fraude e serviços de contencioso. 
No inquérito anterior, de 2015, tinham sido 82% os inquiridos que consideraram que as práticas de corrupção ocorriam amplamente nos negócios. Ou seja, Portugal passou do quinto país com a percentagem mais elevada, para o 19.o, o que demonstra, segundo Pedro Cunha, “uma crescente consciencialização da importância que estas matérias têm hoje na nossa sociedade”. 
O inquérito da EY revelou ainda que 30% consideram que a regulamentação teve um impacto positivo na dissuasão de comportamentos menos éticos e 91% concordaram que um aumento das ações legais contra pessoas singulares ajudaria a diminuir a fraude, suborno e corrupção. 
Apesar da melhoria registada por Portugal, o responsável da EY considera que “os resultados do inquérito mostram que existe ainda um longo caminho a percorrer”. 
As empresas devem “criar os mecanismos necessários para apostar numa comunicação regular, quer através de formação, de newsletters ou jornais, de modo a procurar consciencializar e sensibilizar, não só colaboradores internos como entidades terceiras sobre comportamento ético e íntegro”, afirma Pedro Cunha. 
Há empresas que têm canais de denúncia, mas os números indicam que apenas 14% dos inquiridos portugueses afirmaram saber da sua existência. “É de extrema importância para as empresas dotar os colaboradores de meios para que os mesmos denunciem alegados comportamentos menos éticos.”

* Os gestores  terão sempre a esperança de ver um hipotético processo em que sejam arguidos, devidamente arquivado.


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