07/03/2017

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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

Há suecos a gravar conversas 
com jornalistas para os intimidar

Plataforma publica na internet gravações onde as palavras dos jornalistas são distorcidas

Na Suécia, um site criado recentemente incentiva os cidadãos a ligar para jornalistas confrontando-os com os artigos que escreveram e a gravarem as chamadas sem conhecimento do interlocutor. As gravações são depois editadas de maneira tendenciosa e publicadas na internet e nas redes sociais.
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O site Granskning Sverige (Validar a Suécia, numa tradução literal para português) apresenta-se como uma iniciativa de cidadãos que querem questionar os meios de comunicação tradicionais. Os críticos dizem que a plataforma é alimentada por apoiantes de extrema-direita que querem assediar e intimidar jornalistas.

Segundo a BBC, os jornalistas não sabem que estão a ser gravados e a conversa é depois editada ao gosto de cada um. A jornalista Eva Burman, por exemplo, recebeu uma chamada de alguém que se identificou como Janne, após ter noticiado uma agressão a um segurança na Suécia.

Janne acusava Burman de estar a esconder a verdade, porque acreditava que a agressão tinha sido da autoria de "crianças de rua marroquinas". A polícia declarara que a agressão tinha sido obra de um gangue de adolescentes e foi esta versão que a jornalista reportou no artigo.

"Isso é racismo", disse Eva Burman, a certa altura durante a chamada de mais de 20 minutos. No site e no Youtube, foi publicada uma versão editada da chamada de apenas três minutos e com o titulo "Editora chefe chama racista a cidadã".

"Eu diria que o tema principal é a xenofobia", explicou o jornalista Mathias Stahle à BBC. "Eles não gostam de imigrantes. Queriam ler mais coisas positivas sobre o Donald Trump, histórias positivas sobre a Rússia moderna e querem ter visões mais positivas sobre os neonazis".

Mathias Stahle quis investigar como funciona este site e por isso criou um perfil falso e voluntariou-se para fazer estas chamadas. A indicação que recebeu foi de que deveria esconder a identidade e editar todas as chamadas de modo a parecerem dramáticas antes de as publicar.

Além disso, ganharia cerca de 100 dólares, 94 euros, por cada vídeo publicado que tivesse mais de três mil visualizações.

O administrador do site apresenta-se como Erik Johansson e os vídeos são publicados numa conta no Youtube com o nome dele. Contudo, um jornal sueco revelou recentemente que o nome verdadeiro do administrador é Fabian Fjallin e que ele tem 48 anos.

Ao jornal britânico, Erik Johansson afirmou que o site atuava exatamente da mesma forma que os jornalistas e que não estava a fazer nada de errado, apenas a mostrar outra imagem dos meios de comunicação.

* Na Suécia já não há só democracia e nível intelectual, o cyberassédio está patente.

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