20/11/2016

.
ESTA SEMANA NO 
"DINHEIRO VIVO"


Fosun já é o maior acionista do BCP

Novo accionista passa a deter 16,7% do banco por 175 milhões de euros, compromete-se a não vender durante três anos e poderá reforçar para 30%

As negociações para a entrada da Fosun no capital do Millennium BCP foram bem sucedidas e a Fosun passou a ser o maior acionista do banco, com 16,7% do capital. O Dinheiro Vivo sabe que a decisão foi tomada na sexta-feira, ao final do dia, após o fecho dos mercados.
.
O valor do negócio é de 175 milhões de euros, calculado de acordo com a forma definida que está assente nos últimos 20 dias de cotação. Este é um valor que está ;dentro da margem já prevista pelo banco, situada entre os 175 milhões e os 200 milhões de euros. Fica assim concretizada a entrada de um acionista estratégico no banco e por um período mínimo de três anos, ou seja, durante esse tempo o novo acionista compromete-se a não alienar a participação.

“O investimento efetuado pela Fosun é de longo prazo, ficando esse facto também bem patente no compromisso de manter um período de 3 anos de lock-up, condição que era considerada indispensável pelo conselho de administração do banco para uma operação deprivate placement e que demonstra o reconhecimento e a confiança no valor do BCP”.

Os membros do conselho de administração do banco decidiram de forma consensual, ou seja, a entrada da Fosun no capital da instituição foi aprovada por todos os administradores. Contactada pelo Dinheiro Vivo, fonte oficial da Fosun diz que “a entrada no capital do BCP representa um passo importante para a consolidação da estratégia de internacionalização do grupo Fosun”.

Este é o culminar de um primeiro investimento da parte da Fosun neste banco privado. Para uma segunda fase, a Fosun reafirmou já o seu interesse em vir a deter uma participação de cerca de 30%, tendo inclusivamente já obtido a autorização solicitada para esse efeito junto do Banco Central Europeu (BCE).

Para o eventual sucesso desta segunda etapa, a administração irá propor ao presidente da mesa da assembleia geral o adiamento da Assembleia, cujos trabalhos seriam retomados na próxima segunda-feira. A nova data a sugerir é 19 de dezembro. O Dinheiro Vivo sabe a decisão de adiamento para dezembro prende-se com a perspetiva de, nessa altura, ser possível contar com um alargado consenso entre acionistas para aprovar a alteração dos limites de voto de 20% para 30%.

O Dinheiro Vivo sabe também que na mesma assembleia geral, a 19 de dezembro, também poderá ser tomada a decisão acerca do aumento de capital da parte da Sonangol para 30%. O negócio já foi confirmado em comunicado à CMVM, onde o BCP refere que a entrada da Fosun vai permitir “estabelecer acordos de longo prazo para a distribuição de seguros fora de Portugal.

Quatro meses de negociações
O interesse da Fosun no BCP foi divulgado no final de julho e durante o mês de setembro ocorreram várias reuniões do conselho de administração do banco para avançar com as negociações. O conselho de administração iniciou entretanto negociações exclusivas com o grupo chinês para a tomada de 16,7% do banco via aumento de capital reservado, até um limite máximo de 236 milhões de euros de investimento. -

A emissão de novas ações vai implicar a diluição da participação dos atuais acionistas. Atualmente, o capital do BCP conta com a angolana Sonangol como a maior acionista, com 17,84% do capital, seguida do Sabadell (5,07%), da EDP (2,71%), BlackRock (2,22%) e da InterOceânico (2,05%). Considerando a totalidade dos acionistas, qualificados e não qualificados, perto de 54% do capital do Millennium bcp está em mãos portuguesas.

A entrada dos chineses estava dependente de várias condições, como a concretização da fusão de várias ações numa só (reverse stock split), a alteração dos estatutos para que a Fosun tivesse membros do conselho de administração (o grupo chinês exigiu dois administradores e a possibilidade de ter cinco), a não contribuição para o Fundo de Resolução além da já prevista e a alteração do limite aos direitos de voto de 20% para 30%.

Para o BCP, a entrada da Fosun aumenta a estabilidade da estrutura acionista e ajuda a devolver os CoCos que o banco ainda tem de pagar ao Estado numa altura em que o mercado receia que seja necessário um aumento de capital. O BCP ainda tem cerca de 700 milhões de euros de CoCos para devolver e aguarda autorização para pagar uma tranche de 200 a 250 milhões de euros.

A entrada dos chineses permite acelerar a devolução dos CoCo’s mas não altera a proposta (sem preço) que o BCP fez pelo Novo Banco – que o Governo quer vender até ao final do ano.

Para o grupo chinês, esta entrada no BCP é “um novo passo no investimento em Portugal” e permite ganhar o controlo do maior banco privado nacional e vai ajudar a empresa a acelerar a entrada no mercado europeu e africano.

* Como diz Bagão Félix a chinalização da banca portuguesa não é coisa boa.

.

Sem comentários: