09/11/2016

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HOJE  NO
 "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Só os jovens nem-nem 
estragam dados do emprego

Taxa de desemprego atingiu o valor mais baixo desde 2011 e foram criados quase 90 mil novos postos de trabalho. Serviços foram um dos setores com maior subida de emprego

O desemprego voltou a cair no terceiro trimestre, recuando para 10,5%, a taxa mais baixa desde 2011 (a mais antiga que é comparável), refletindo o aumento da população ativa e a criação de quase 90 mil novos postos de trabalho. A explicação para a recuperação do mercado do trabalho, numa altura de crescimento económico muito anémico, poderá estar "na mudança do modelo económico e nas relações de trabalho".
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Só os jovens que não trabalham, não estudam e não estão em formação (os chamados "nem-nem") destoaram no conjunto de boas notícias - ultrapassaram a barreira dos 300 mil em setembro. É uma subida de 0,6 pontos percentuais em relação aos três meses anteriores. Ou seja, o grupo dos "nem--nem" soma agora mais 11 mil jovens entre os 15 e os 34 anos. Apesar de tudo são menos 0,5 pontos percentuais do que há um ano.

Portugal entrou em 2016 com uma taxa de desemprego a superar os 12%, avançou para o segundo trimestre com 10,8% e registou no terceiro trimestre uma nova descida. Contas feitas, o número de de-sempregados é agora de 549,5 mil. Do lado do emprego a tendência foi de crescimento, ainda que o ritmo tenha desacelerado.

Na evolução trimestral, o país viu o número de desempregados cair em 9,8 mil em relação ao segundo trimestre, ao mesmo tempo que o número de pessoas empregadas avançou em 59 mil. Na comparação homóloga, os dados dão conta de um recuo de 69,3 mil pessoas sem trabalho e de um acréscimo de 86,2 mil entre os que têm trabalho. O Instituto Nacional de Estatística (INE) reportou também uma descida dos inativos.

"Esta é, seguramente, a boa notícia que nos deve motivar e dar confiança no trabalho que temos vindo a fazer", considerou António Costa. O primeiro-ministro lembrou que o objetivo central do plano económico do governo foi "emprego, emprego e emprego", razão pela qual disse sentir-se "reconfortado" com os dados agora divulgados.

"A economia tem dinamismo", acrescentou Vieira da Silva. Numa recente entrevista ao DN, o ministro do Trabalho admitiu alguma estranheza pelo facto de o emprego estar a crescer a um ritmo mais elevado do que o PIB, mas admitiu que tal possa estar a ocorrer "porque a economia está a mudar".

Elísio Estanque, sociólogo e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, também admite que a surpreendente melhoria do mercado do trabalho seja, pelo menos em parte, justificada por uma mudança no modelo económico e nas relações de trabalho.

"A flexibilização no emprego aumenta a precariedade, mas acaba por trazer novos postos de trabalho", afirma o investigador, juntando a isto o clima de empreendedorismo que tem enraizado nestes últimos tempos e que acaba também por dinamizar a economia e o emprego.

A isto soma-se o impacto da sazonalidade (os dados trimestrais não são ajustados deste efeito), sobretudo tendo em conta que 2016 foi um dos melhores anos de sempre do turismo. Elísio Estanque considera, no entanto, ser ainda relativamente cedo para se fazer as contas ao impacto no emprego por via da descida do IVA na restauração.

Os dados do INE indicam que o grande motor de crescimento do emprego neste terceiro trimestre foi o setor dos serviços, com algumas profissões a registar subidas homólogas na casa dos dois dígitos e trimestrais a superar os 6%. Foi o que se passou nas atividades financeiras, de seguros e imobiliárias ou ainda nos transportes e atividades de comunicação.

Os desempregados de longa duração também estão a diminuir, tendo caído 0,3% em cadeia e 1,4% na variação homóloga, mas são ainda mais de metade do total das pessoas sem trabalho. No final de setembro estavam 347,2 mil pessoas desempregadas há mais de 12 meses. Se deste total se isolarem os que procuram trabalho há mais de 25 meses, os números são menos favoráveis - sobem 0,1% .

Já Assunção Cristas, presidente do CDS-PP, atribuiu a diminuição do desemprego a políticas de flexibilidade laboral do anterior governo.

* Somos muito cépticos quanto aos números do desemprego, a flexibilidade laboral que a sra. Cristas fala potenciou a precariedade, um must. 
Porque não chamar aos jovens "nem nem" os "coça-coça", a micose.

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