09/11/2016

A PORTEIRA

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Eu gosto do homem, 
não desfazendo

Ai caredo! Está tudo cá com uma cara de enterro hoje.... Estou a ver que o resultado das eleições lá na América afinal foi um grande galo. Olha, como aquele o pop ou pobre, ou lá o que é, que apita e dá luz. Por acaso, ontem fui lá ver e gostei muito. Parece uma árvore de Natal, só que em maior e em forma de galo. Eu já sigo o trabalho dessa artista há muito tempo, e gosto muito. É sempre assim tudo em grande, que para desgraças já basta a vida. Só ninguém me soube explicar se é para ficar ali para sempre ou é só até ao dia de Reis.

E por falar em desgraças, mal comparado, vá, estive aqui a ouvir a telefonia enquanto passava a ferro, que tenho o televisor escangalhado, e gostei muito de ouvir o discurso do senhor Trump. Achei bonito! Sabe o nome dos filhos todos de cor, e por idades. Falou muito bem. Não percebi nada, mas gostei de o ouvir. Eu acho que vai ser um bom presidente. Ora, a ver: já prometeu fazer lá aquele muro assim todo à volta. A gente lá na casa da terra também temos. Pois se aquilo é deles, já são muito simpáticos em deixar lá andar as outras pessoas. Desde que ponham um portão bem grande, para se entrar e sair, não vejo onde está o mal. O mal está é na cabeça de quem vê. Bonito é cada um governar a sua casa. E eu acho que ele não é não gostar de estrangeiros. O homem não deve é de falar a língua deles, de certeza. Porque o americano, disse-me a minha prima Belinha que mora lá, é um bicho que para falar línguas, tá quieto ó mau. Pois se ele até é casado com uma moça que é de não sei donde. É só mesmo vontade de falarem mal.

E mais: diz que é um homem de negócios, por isso, percebe de certeza dessas coisas do dinheiro. E é casinos, o que é uma coisa boa, porque se está habituado a mexer assim com quantidades grandes, e em moeda, que dá logo mais prática a contar. Também nisto não podia ser melhor.

E diz que vai acabar com certas e determinadas poucas vergonhas. Muito bem, que as plantas não são para se fumarem e o casamento é uma coisa muito séria, não é lá uns com os outros.

Até aqui, parece-me tudo perfeitinho. E pra mais, ouvi dizer que o que ajudou foi o voto rural e pessoas com pouca instrução. É natural, que as pessoas do campo é que a sabem toda, e quanto mais se estuda menos se aprende. Dá logo outra confiança. Mas não é só. Também já houve pessoas de posição a dizer que ficaram muito contentes, olha, por exemplos, o presidente da Rússia, e aquela senhora loira francesa muito simpática, a não sei quê, que eu pra nomes...

Bem sei que falaram muito daquelas ordinarices que ele diz das mulheres. Não é bonito, porque não é, mas parece que ele também é empreiteiro da construção civil, e já se sabe como é que é. O que há a fazer é não ligar. Mulher honrada não tem ouvidos.

E até deviam de agradecer por ele se ter metido nestas coisas da política. Diz que é muito rico e não precisa da política para se encher como certas e determinadas pessoas. O melhor é estar calada. Este, o Trump, é mesmo rico, que eu bem vi nas revistas a casa dele! Uma categoria de casa! Só para lavar vidros e puxar cera nos salões, há-de resolver o problema do desemprego na América.

Eles têm é a mania de quererem armar ao moderno. Que tinha de ser uma mulher presidenta, e mais não sei quê, mas como eu já disse outro dia, as mulheres não se deviam de meter nos trabalhos dos homens. Cada um no seu lugar.

Mas olha, não têm uma mulher presidenta, mas têm o segundo presidente de cor. Desta vez, cor de laranja, que também é bonito. E mais! Com um penteado muito jeitoso, que o meu marido já anda a copiar por via de disfarçar a maior.

E mesmo que eu esteja enganada, que eu cá de política não percebo nada, e que ele afinal seja mesmo esse tratante que dizem por aí, há-de servir bem a quem o escolheu, e que lhes faça bom proveito, que cada povo só tem é os políticos que merece, que é mesmo assim.

Isto é o que eu acho.

É como eu sempre digo: lavam a escada em dia de chuva e depois queixam-se que fica tudo patanhado de lama.

Com licença.

IN "SÁBADO"
09/11/16

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