30/10/2016

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"DINHEIRO VIVO"
Portugueses poupam menos e pior

Portugal situa-se em penúltimo lugar entre os países da OCDE que menos poupam, apenas acima da Grécia

Os portugueses estão a poupar menos e pior. Esta é uma das conclusões da Optimize, sociedade gestora de Fundos de Investimento, que traçou o Panorama Europeu da Poupança no ano de 2016. 

Outra conclusão é a de que é possível “estabelecer uma relação direta entre a descida constante da taxa de poupança com o fraco potencial de crescimento da economia portuguesa”. No Dia Mundial da Poupança – que se celebra na segunda-feira – perceber como poupar melhor pode ser uma boa forma de assinalar a data e aprender a mudar comportamentos já que – de acordo com o documento da Optimize “Despoupança e malpoupança” – “face ao resto da Europa o nosso país situa-se em penúltimo lugar entre os países da OCDE que menos poupam, apenas acima da Grécia, com uma taxa de poupança negativa de -4,1%”.
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A Suíça é o país da OCDE que mais poupa, 20,1%, e a média da zona euro é 5,8%. Dos países analisados, o Reino Unido apresenta uma taxa de poupança nula, seguindo-se por ordem decrescente os países com taxas de poupança negativas: Finlândia, Polónia, Nova Zelândia, Lituânia, Portugal e Grécia. Além disso, verifica-se que a taxa de poupança em França e na Alemanha mantém-se estável desde 2000 até 2015. Já Espanha teve algumas oscilações, aumentado a partir de 2009, ano em que a taxa de poupança em Portugal começou a descer e na Grécia registou uma queda abrupta.

Para os responsáveis pelo estudo, a explicação para a situação em Portugal e para o recente agravamento da poupança – em mínimos históricos nos últimos 12 meses – “pode ser entendido como um reflexo de recuperação do consumo pós-troïka”. Por outro lado, entre janeiro e março de 2016, a poupança em Portugal subiu ligeiramente, para começar depois a descer até julho. Em julho e agosto registou uma melhoria, mas em setembro voltou a cair. 

O documento dá conta de que a situação atual de despoupança em Portugal indica que “os portugueses já estão a recorrer às suas poupanças para efeito de consumo” – setembro é um exemplo disso, quando muitas famílias referem que usam as poupanças para comprar material escolar – situação que o estudo considera pôr em perigo o nível de vida dos cidadãos quando chegam à reforma: “Esta tendência é ainda mais preocupante dado que, em Portugal, as pensões estão condenadas a encolher devido às reformas sucessivas do sistema de pensões.” Em termos de vida ativa e tempos de poupança, a Optimize mostra que os portugueses começam a fazer as suas poupanças já próximo da idade da reforma. E durante a aposentação usam o valor amealhado para somar às pensões de reforma. 

O estudo revela ainda que “os portugueses escolhem os depósitos como a sua opção financeira de poupança preferida (43%), um dos níveis mais elevados na Europa”, o que, segundo a Optimize, resulta numa dupla ameaça: “Maior consumo e menor poupança; logo, um consequente enfraquecimento da economia.” Por outro lado, o facto de recorrerem às poupanças para efeitos de consumo, em detrimento de investir em produtos de longo prazo, como planos de poupança-reforma, “penaliza a solidez das empresas e dos bancos”. 

 A Optimize salienta que este é o momento para os portugueses alterarem os seus comportamentos de poupança.

* Mas em Portugal pode poupar-se com o salário mínimo de pouco mais de 500€?

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