02/05/2016

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HOJE NO 
 "JORNAL DE NEGÓCIOS"
Aveiro cria microcarro 
para destronar “papa-reformas”

Emanuel Oliveira, estudante da Universidade de Aveiro, desenvolveu um microcarro que parece um crustáceo e promete fazer frente aos “papa-reformas”. Assim a indústria nacional queira segurar este volante.
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Chama-se E01 e quer trazer rapidamente o futuro para as estradas portuguesas. "Assim da indústria nacional surja uma mão para segurar este volante", desafia a Universidade de Aveiro (UA), onde Emanuel Oliveira, estudante do Mestrado em Engenharia e Design de Produto, desenvolveu um microcarro que "de pequeno tem apenas as dimensões".

Inspirado nas estruturas naturais, o E01 foi desenhado "para fazer concorrência aos carros eléctricos e valorizar a percepção dos microcarros". O seu exterior, "tal como os crustáceos, é constituído por partes que formam um elemento único, que é ao mesmo tempo a carroçaria e o chassis que envolve e sustenta todo o interior do veículo", descreve a UA, em comunicado.

Com capacidade para quatro pessoas "e preparado para ser produzido com o mínimo de material possível para o máximo de rigidez estrutural", o E01 é resultado da tese de mestrado de Emanuel Oliveira e valeu-lhe um 19.

De acordo com a UA, a grande novidade do E01 passa pela aposta na inovação estrutural do veículo. Nos métodos aplicados actualmente pela indústria automóvel, aponta o estudante, "a componente estrutural encontra-se absorvida por elementos que a disfarçam ou a ocultam e cuja complexidade de montagem se reflecte nos custos de produção".


Adicionalmente, em resultado da análise da evolução histórica desta tipologia de veículos e do mundo envolvente, "são facilmente detectados alguns indícios de mudança na forma de se conceberem as estruturas, como, por exemplo, nas obras arquitectónicas de Zaha Hadid, ou nos produtos desenvolvidos por Ross Lovegrouve".

Com quase 2,5 metros de comprimento por 1,60 de altura, o E01, sustenta ainda UA, "contraria a tendência dos carros com estas dimensões que o mercado já tem à disposição e que são pautados, na generalidade, por formas bastante regulares e rectilíneas".


Assim, e "no seguimento de algumas abordagens que começam a surgir sobretudo na arquitectura, a inspiração nas soluções apresentadas por elementos naturais no E01, apelidadas de biodesign, resulta num veículo onde a estrutura assume um papel preponderante na morfologia final, ou seja, aquilo que é conhecido como chassis passa a fazer parte da ‘casca’ que o compõem, estando exposto".
O microcarro desenhado na UA "apresenta assim uma grande versatilidade de uso pouco recorrente actualmente no mercado, em veículos com as mesmas dimensões", desde "a possibilidade de transportar quatro pessoas ao rebatimento dos bancos traseiros".
Com abertura em sistema de "tesoura" das duas portas laterais, o desenho final do E01 resultou num veículo onde os painéis do guarda-lamas frontais e traseiros, capô e portas "provocam uma sensação de flutuação, criando um dinamismo" que Emanuel Oliveira diz não se encontrar nos possíveis concorrentes de mercado.

Preço, segurança e versatilidade são oportunidades para o E01


"A concorrência neste segmento de mercado é forte, dado que existem propostas como o Smart Fortwo, o Renault Twizy e os próprios microcarros, mais informalmente conhecidos como papa-reformas", aponta Emanuel Oliveira.


Porém, ressalva o jovem designer formado na UA,"todos apresentam falhas, ora pelo elevado preço, ora por razões de segurança e versatilidade de uso, ou até mesmo questões estéticas, sendo também estes alguns dos pontos onde se encontraram as oportunidades" para o desenvolvimento do projecto do E01.

Em termos de motorização, o E01 "está pensado para recorrer a um motor eléctrico, onde a potência é transmitida às rodas traseiras, como o posicionamento das baterias no chão do veículo, melhorando desta forma a o seu desempenho, performance e comportamento em utilização".

Concebido o microcarro, terá o E01 "rodas" para ser industrializado? "Um dos objectivos a longo prazo desta investigação era precisamente a viabilização da mesma", reconhece Emanuel Oliveira, realçando que em Portugal "não faltam os muitos clusters tecnológicos dedicados, entre outros aspectos automobilísticos, à produção de componentes para veículos, e que podem convergir para a produção do veículo"


Neste caso, "será necessário investimento financeiro, sendo que o ‘know how’ está assegurado não só por esta investigação, bem como por outras de diversas áreas dentro deste tema, e ainda pelos profissionais que integram esta indústria, pretendendo esta investigação dar algum contributo adicional", conclui este jovem empreendedor.


Desenhado por Emanuel Oliveira, o projecto E01 foi orientado pelos docentes da UA Paulo Bago de Uva, do Departamento de Comunicação e Arte, e João Oliveira, do Departamento de Engenharia Mecânica.

* A "inteligência portuguesa" abunda, valha-nos isso!

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