10/05/2016

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HOJE NO
 "JORNAL DE NEGÓCIOS"
Pesos-pesados da banca 
reúnem-se em Lisboa

Os principais banqueiros do sistema português vão estar juntos na próxima terça-feira para discutir o futuro do sector. Danièle Nouy, um nome muito falado na comissão de inquérito ao Banif, também estará presente.


Os bancos. Os reguladores: de dentro e de fora. As auditoras. Estes serão os protagonistas de uma conferência que se realiza na próxima terça-feira, 17 de Maio, e que tem como tema o futuro da banca. Muitos deles cruzaram-se na história que está a ser desfiada no Parlamento: a queda do Banif.
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"Todos os temas relevantes do sector bancário vão estar em discussão pela mão dos representantes das principais instituições bancárias portuguesas", indica o comunicado que dá conta da conferência, a realizar no hotel Ritz, em Lisboa, e onde só se entrará por convite. Os desafios dos próximos anos serão um tema discutido pelos grandes líderes de bancos portugueses: Nuno Amado, do BCP, Eduardo Stock da Cunha, do Novo Banco, António Vieira Monteiro, do Santander Totta, e Fernando Ulrich, do BPI, vão falar juntamente com o presidente executivo do BIG, Carlos Rodrigues.


O governador do Banco de Portugal é outro dos nomes que marcará presença no evento, cuja organização está a cargo da Associação Portuguesa de Bancos e da TVI. Carlos Costa não estará sozinho. Elisa Ferreira, futuro elemento da administração do Banco de Portugal, também vai à conferência enquanto deputada do Parlamento Europeu. "Um olhar europeu" é o tema da sua intervenção, que divide com o líder da Federação Bancária Europeia, Wim Mijs.

Um dos assuntos do momento na banca – e sobretudo em Portugal – é a resolução bancária. Portugal teve duas intervenções deste género (BES e Banif, que causaram perdas a accionistas e detentores de dívida antes de afectar os contribuintes) antes da entrada em vigor das novas regras que deram força ao europeu Conselho Único de Resolução, no início do ano. Aliás, a intervenção do Banif foi feita a 11 dias do final de 2015 de modo a não ter de respeitar as novas normas, que imputam perdas, também a depósitos superiores a 100 mil euros. O novo mecanismo de resolução será explicado pela presidente do Conselho Único de Resolução, Elke König.

A sessão de encerramento está a cargo do primeiro-ministro, António Costa, mas também Danièle Nouy, líder do conselho de supervisão do Mecanismo Único de Supervisão, que reúne o Banco Central Europeu e as autoridades de supervisão nacionais e que é mencionada em muita da documentação sobre a comissão de inquérito ao Banif. Segundo tem sido descrito no inquérito parlamentar, foi este conselho que impediu a criação de um banco de transição com os activos do Banif (à semelhança do BES), obrigando à venda imediata (que acabou por ser ao Santander Totta). Foi ela que teve contactos com Mário Centeno e Vítor Constâncio para que a operação de resolução fosse acelerada no fim-de-semana de 19 e 20 de Dezembro. 

A ligação do evento ao Banif, o último grande caso da banca portuguesa, não se fica por aqui: a própria organizadora do evento é a TVI, canal de televisão que deu uma notícia que apontava para o fecho do banco e que motivou uma fuga de 960 milhões de euros na semana anterior à resolução.

Ligado ao caso BES, cujo caso o conduziu a duas audições do inquérito à gestão do BES e GES, Sikander Sattar, o líder da KPMG, vai falar aos convidados da conferência sobre os novos desafios da regulação. Fernando Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Bancos, que deu uma entrevista ao Negócios afirmando que não vê objecções a uma nacionalização do Novo Banco, vai fazer uma intervenção subordinada ao "contexto de mudança" da banca.

Além de António Costa, também o ministro das Finanças, Mário Centeno, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vão estar presentes na conferência em nome do poder político.

* Os pesos pesados da banca portuguesa são de competência "ultra-leve".

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