23/02/2016

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HOJE NO  
"JORNAL DE NEGÓCIOS"

Passos Coelho diz que é “o principal
. elemento de união” da esquerda

O líder do PSD afirmou, de modo irónico, que tem sido o principal factor de união dos partidos da esquerda, que convergem na crítica ao seu Governo. Sobre o orçamento, diz que “não tem arranjo possível” e que não há austeridade de direita nem de esquerda.

Pedro Passos Coelho afirmou, no encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2016, esta tarde, que tem sido "involuntariamente" um "factor relevante de estabilidade" para o Governo de António Costa, a propósito das críticas que lhe são lançadas por todos os partidos da esquerda, a propósito da sua governação.

"Estou desproporcionada, imerecida e ironicamente a transformar-me no principal elemento de agregação e união da curiosa diversidade partidária da maioria" que sustenta o Executivo de António Costa, disse.

Esta observação, carregada de ironia, reflecte as intervenções nestes dois dias de debate que foram feitas pelo PS e pelos seus parceiros parlamentares: Bloco de Esquerda, PCP e Verdes. Estes últimos, aliás, justificaram o voto favorável ao documento pelo facto de o OE marcar uma mudança de rumo face às medidas que foram aplicadas pelo Executivo de Passos Coelho. Jerónimo de Sousa e Catarina Martins até se detiveram a enumerar as medidas que constariam do OE caso Passos ainda fosse primeiro-ministro.
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A maioria que sustenta o Governo é, segundo Passos Coelho, "populista, retrógrada e irrealista" por propor um Orçamento do Estado que é "provisório" e um "repositório de intenções". Para "sustentar a ilusão do fim da austeridade", o OE "penaliza a classe média e as empresas, bem como as famílias numerosas" e "promete menos emprego e menos investimento" do que no ano passado.

Aproveitando o exercício feito pelo PCP e Bloco de Esquerda, Passos explicou como seria o Orçamento caso estivesse à frente do Governo. Para além de a austeridade ser removida de forma mais gradual "mas permanente", sem estímulos ao consumo interno, o líder do PSD trocava "bem uma parte do esforço fiscal que este Governo pede aos portugueses para fingir que remove austeridade" por "uma reforma da Segurança Social que trouxesse, por via fiscal, sustentabilidade às pensões" e "reduzisse o défice implícito e explícito no sistema".

"O Orçamento é mau e não tem arranjo possível"
E garante: "não estaríamos a falar de renegociação da dívida, como um pirómano que se deleita com a destruição de reputação e de valor da economia", o que "sucede com a actual maioria de Governo".

Por isso, "votaremos contra". "O OE é mau e é um presente envenenado para os portugueses". Também por isso, o PSD não vai apresentar alterações "a esse Orçamento" – porque "ele não tem arranjo possível". Além de que, "como já todos percebemos", ele está "ainda longe de conhecer a sua última versão".

Passos Coelho qualificou de "desesperadas" as acusações que lhe foram feitas, inclusive pelo próprio António Costa, de "falta de patriotismo e mesmo de sabotagem", de ter "movido influências poderosíssimas, pelo menos em Bruxelas, para deixar ficar mal o Governo português e Portugal". António Costa, sublinha Passos, "julga que acusando, insinuando, denegrindo o seu antecessor" resolve "o seu problema de poder ser visto como quem usurpa o que não conseguiu conquistar por direito próprio", uma referência ao facto de ter sido o PSD a ganhar as eleições.

"Austeridade é o que sobra quando acaba o dinheiro"
O ex-primeiro-ministro, que interveio pela primeira vez neste debate apenas no seu encerramento, disse que a proposta orçamental do Governo "passou de expansionista a restritiva, nova palavra socialista para designar austeridade". "Mas uma austeridade melhor, dizem, já que tem a marca socialista, bloquista, comunista e verde", acrescentou.

Mas para Passos "a austeridade não é de esquerda nem de direita, é o que sobra quando acaba o dinheiro".

O ex-primeiro-ministro confirmou ainda que o corte de salários era uma medida "de natureza estrutural".

* O ex-primeiro ministro tem razão, contribui para a união da maioria de esquerda, senão seria de uma absoluta inutilidade.

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