14/12/2015

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HOJE NO
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Regionais francesas
Franceses uniram-se para derrotar Le Pen. 
Eleições sem vencedores

Frente republicana impede extrema-direita de conquistar qualquer vitória. Sarkozy ganhou mais duas regiões do que François Hollande.

Os franceses mobilizaram-se para evitar a “guerra civil” anunciada pelo primeiro-ministro em cenário de nova vitória da Frente Nacional (FN). Numa votação com participação superior à da semana passada garantiu-se que a extrema-direita não ficará a cargo de qualquer governo regional, mas a noite acabou sem festas nas sedes de socialistas e republicanos e com Le Pen a prometer que “nada irá parar” a FN.
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Os dois partidos tradicionais da política francesa continuarão a dividir entre si a administração de todas as regiões do território continental do país. Os socialistas dominam a faixa litoral, com excepção de Pays de La Loire, e os republicanos no interior, também com a exclusão da ‘ilha’ socialista de Bourgogne Franche-Comté. Na Normandia e em Paris, a luta renhida entre as duas forças impediu as projecções de anunciar um vencedor, mas a candidata republicana na região da capital cantou vitória no Twitter pouco depois das 21h. Também cerca de duas horas após o fecho das urnas,  foi confirmada a vitória do centro-direita na região noroeste.

“Hoje não há lugar a triunfalismos”, disse pouco depois do fecho das urnas o primeiro-ministro Manuel Valls. “O perigo da extrema-direita não acabou, longe disso”, sublinhou o socialista em jeito de alerta. Ao mesmo tempo, o líder dos Republicanos, Nicolas Sarkozy, prestava “homenagem” à grande mobilização dos eleitores – às 12h situava-se nos 50%, mais 7% em relação à mesma ronda – e dizia-se “orgulhoso” dos resultados. Mas também lembrava ser “hora de debater as questões fundamentais que angustiam os franceses”, citando de seguida algumas das principais bandeiras eleitorais da FN – “insegurança, frustração com a unidade europeia, desemprego”.

A contenção entre os vencedores tinha razão de ser. No discurso em que assumiu a derrota em Nord-Pas-De-Calais Picardie, Le Pen celebrou a “total erradicação da esquerda”. Referia-se ao facto do PS controlar até esta votação todas as regiões do país, excepto uma. Na direita republicana, a frustração explica-se porque Sarkozy partiu para estas eleições com a expectativa de capitalizar a impopularidade de Presidente e Governo, obtendo uma vitória idêntica à dos socialistas em 2010. O 7-5 de ontem não dá direito a euforias.

A união republicana ficou exposta na decisão do PS em retirar o seu candidato em duas regiões para declarar o apoio ao candidato republicano. Na verdade, o inédito apelo de um PM socialista ao voto no centro-direita foi feito para três regiões, apesar de Jean-Pierre Masseret, o candidato socialista na Alsácia, ter rejeitado retirar-se da corrida. Não abandonou mas foi abandonado pelos eleitores, pois apesar da passagem de nove para três candidatos, Masseret conseguiu perder votos e percentagem, tendo o seu rival republicano conseguido vencer o candidato da FN, o mais votado na semana passada.

* Oh Marie, pour les français tu viens de petite voiture.


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