22/12/2015

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HOJE NO
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Médicos veterinários.
 Ordem poderá ter dado prendas
 de 2500 euros

Durante o ano de 2013, a bastonária da Ordem dos Médicos Veterinários e o Tesoureiro da instituição percorreram, em conjunto, 46580 quilómetros, e receberam 11.645 euros por essas deslocações em nome da Ordem. Esta é uma das parcelas das contas de 2013 que suscitaram dúvidas ao autor da queixa apresentada junto do Ministério Público (MP) em Janeiro deste ano, e que já levou a uma investigação da Polícia Judiciária.
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SERÁ ALVISSAREIRA?
Depois de insistir junto da bastonária da OMV, Laurentina Pedroso, José Oom Vale Henriques teve acesso às contas de 2013. O médico veterinário analisou os registos da organização e o resultado foi um levantamento exaustivo, mês a mês, de despesas pagas pela Ordem mas que poderão não ter cobertura legal, se tiverem sido aproveitadas em benefício pessoal. Foi precisamente esses dados que apresentou no MP e que a Polícia Judiciária está a investigar.
O levantamento inclui todo o tipo de despesas: de facturas de pastelaria  e restaurantes a cheques-prenda, passando por portagens e outras despesas.

Uma das dúvidas prende-se com o pagamento das deslocações. O tesoureiro, José Prazeres, terá feito quase 24.700 quilómetros, mais três mil que a própria bastonária. Por esses quilómetros recebeu quase 6200 euros da Ordem (Laurentina Pedroso não chegou aos 5500).

Mas também há registo de cheques-prenda no El Corte Inglés e no Continente, com respectiva data e número, que, ao todo, somam quase 10 mil euros - alguns dos quais poderão ter um valor unitário de 2500 euros.

Há ainda gastos em gabinetes de estética (um conta de 40 euros), refeições individuais, portagens. Tudo isto faz parte do relatório ainda sob análise.

Mas há outras questões que nunca mereceram uma explicação clara. Por exemplo, o projecto “Cliente Mistério”. O projecto serviria, segundo a bastonária, para avaliar situações de “usurpação de funções” de farmácias aos médicos veterinários. Custou mais de 14.600 euros mas os resultados nunca foram conhecidos. Como aconteceu com outro projecto, o “cheque-solidário”, uma iniciativa já de 2014, que contava com verbas autárquicas para garantir cuidados veterinários a animais de famílias carenciadas.

Auditorias anuais abertas
A polémica passa ao lado de Jorge Cid, o novo bastonário da OMV que venceu Laurentina Pedroso nas eleições de dia 12 de Dezembro. O médico veterinário diz que não tinha informação sobre irregularidades nas contas da Ordem e que foi apanhado de surpresa com a notícia do i onde se dava de uma investigação em curso.

Ainda sem data para a tomada de posse, Jorge Cid garante que não vai assumir funções com ideias pré-concebidas a este respeito. “As pessoas são sérias até prova em contrário”, diz.
No seu mandato, o futuro bastonário fará a defesa dos princípios de “rigor e transparência”. Por isso mesmo, “todos os anos as contas serão auditadas e estarão disponíveis para consulta sempre que tal for solicitado” pelos membros da OMV, garante o médico veterinário.

Jorge Cid quer implementar algo que já constava no seu programa: um limite de custos para as despesas realizadas em nome da Ordem, que terão sempre de ser “devidamente justificadas e documentadas”.

* O exemplo vem de cima, se tínhamos um ministro que recebia 7% de comissão nos vistos gold e mais uns quantos titulares de topo com semelhantes alvíssaras, o caso da bastonária não espanta ninguém.


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