26/11/2015

PEDRO TADEU

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Cavaco Silva 
terá entrado para o MRPP?

O Presidente da República pediu ao líder do PS que lhe responda se, no horizonte de uma legislatura, o governo que pretende liderar, com o acordo do Bloco e do PCP, consegue a aprovação na Assembleia da República de moções de confiança.

Portanto, ao que parece, Cavaco Silva está à espera de que António Costa garanta que em 2015, em 2016, em 2017 e em 2018, sempre que for apresentado ao Parlamento um Orçamento do Estado, tal documento, cujo eventual chumbo equivale, na prática, à queda do governo, vá acompanhado de um outro papelinho com um pedido formal de votação de uma moção de confiança... Isto não é burocracia política?

O Presidente da República perguntou ao líder do PS se tem garantidas a aprovação dos Orçamentos do Estado, a começar no de 2016.

Cavaco Silva está convencido de que PS, Bloco de Esquerda e PCP têm tendências suicidas e não conseguem, sequer, viabilizar um Orçamento daqui a dois meses?... Isto não é paternalismo?
Porém, e ao mesmo tempo, Cavaco também acha que esses partidos devem, neste volátil planeta meio enlouquecido, desenhar o futuro financeiro e económico da nação, passo a passo, até 2019... Isto não é economia planificada?

O euro, a liberdade de circulação, a definição de fronteiras, as metas do défice, o papel do BCE, a permanência na União Europeia, as secessões, a possibilidade do federalismo, os nacionalismos, as migrações, a segurança interna, as liberdades individuais, a guerra e sei lá que outras matérias europeias estão a ser discutidas em todos os países por todos os governos e todas as oposições. Pois é nesta altura que o Presidente da República exige ao líder do PS uma garantia por escrito de que Portugal se manterá durante cinco anos numa posição paralisada em relação ao PEC, ao Tratado Orçamental, ao Mecanismo Europeu de Estabilidade, à União Económica e Monetária, à União Bancária e à NATO. Nos próximos cinco anos, a ordem para São Bento é esta: nada se pode discutir, nada se pode mudar, nada se pode alvitrar até ordem em contrário... Isto não é totalitarismo?

O Presidente da República ordenou ainda a António Costa que dê garantias de estabilidade do sistema financeiro. Então o Estado, afinal, deve dominar o sistema financeiro?... É a nacionalização da banca que Cavaco quer?!

Se o documento entregue ontem pelo Presidente da República ao líder do PS não fosse um desafio impertinente, mas provavelmente inconsequente, à vontade da Assembleia da República seria, apenas, ridículo. Tão ridículo que até parece que Cavaco Silva, na sua luta contra o PCP e o Bloco, entrou, de repente, para o PCTP-MRPP.

 IN  "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
24/11/15

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