07/11/2015

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HOJE NO
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Servilusa. 
Empresa faz campanha para clientes
. pagarem em vida o próprio funeral

Funerária juntou-se à Fidelidade para vender o serviço, mas recusa divulgar parceira por razões contratuais.


A agência Servilusa tem ligado para dezenas de pessoas, nas últimas semanas, promovendo a possibilidade de comprarem antecipadamente os próprios funerais. O serviço é apresentado como um seguro e, para ganhar mercado e conhecimento técnico nessa área, a funerária estabeleceu uma parceira com a Fildelidade. Mas o nome da seguradora tem sido mantido em segredo. .


A ideia sobre a qual assenta este serviço – o “Plano Funeral em Vida” – é relativamente simples, ainda que pouco habitual em Portugal. Os potenciais clientes são convidados a comparticipar antecipadamente as verbas que consideram ser necessárias para financiar a sua cerimónia fúnebre. A Servilusa garante que as reacções a esses contactos, feitos através de número anónimo, até têm sido positivas. “Falamos com pessoas que recebem naturalmente esta informação, procurando, inclusivamente, conhecer as várias soluções com mais detalhe”, garante ao i fonte oficial da empresa.

O serviço foi criado em 2012 e pretende “proteger os familiares de futuros encargos e preocupações, sugerindo o planeamento atempado de um processo tradicionalmente sensível”. Há seis opções disponíveis, com um plano mínimo de três mil euros e sem quaisquer limites de idade para a sua subscrição.

A agencia funerária explica que o serviço é subscrito através de um “contrato clausulado, assinado pelo cliente e pela testemunha”, e que não está em causa a subscrição de um seguro – permitindo garantir que o preço subscrito inicialmente por um cliente aos 20 anos será o mesmo a vigorar passados, por exemplo, 60 anos, quando beneficiar daquele serviço.

Só que, segundo o presidente da Associação Nacional de Empresas Lutuosas (ANEL) – que representa a maioria das agências funerárias –, os subscritores deste género de plano-poupança para a morte ficam obrigados a recorrer aos serviços da Servilusa para realizarem o seu funeral. Uma solução que Carlos Almeida contesta, por colocar em causa a livre concorrência entre empresas do sector.

O responsável – confesso opositor da intervenção de seguradoras na actividade funerária – levanta ainda suspeitas sobre o usufruto destas poupanças, tendo em conta as “cláusulas de exclusão” que estarão previstas nos contratos assinados entre os eventuais clientes e a agência funerária.
Parceiros em segredo As chamadas feitas nestas últimas semanas – e de que o “Correio da Manhã” deu conta na sua edição de ontem – foram sempre identificadas como partindo da Servilusa. E, ao i, a empresa assume a responsabilidade desses contactos.

Mas o que fica sempre por revelar é a parceira que a agência e a seguradora Fidelidade estabeleceram para dinamizar este serviço. “Não divulgamos”, limita-se a responder a agência funerária, quando questionada sobre a parceira de negócios.

No entanto, fontes ligadas à empresa e ao sector funerário garantem ao i tratar-se da Fidelidade. A seguradora disponibilizou, desde logo, a sua base de dados, juntando-a à da Servilusa, para que o negócio pudesse alcançar maior dimensão de mercado. Mas não foi só isso. Servilusa e Fidelidade juntaram-se para partilhar entre si um conhecimento mais aprofundado de ambas as áreas. Por não tratar-se de um seguro – ainda que seja publicitado como tal, por questões de marketing –, o  nome da seguradora, ficou contratualmente estabelecido, seria sempre mantido na sombra.

Apesar disso, a ligação entre as duas empresas terá os dias contados. Os responsáveis da agência estarão a preparar-se para pôr termo a uma parceria que, sobretudo nos últimos dois anos, tem apostado na promoção deste serviço junto de potenciais clientes.

O i contactou a Fidelidade ao final do dia de ontem, mas até ao fecho da edição não foi possível obter uma reacção.

* Imaginem o slogan: No caminho para o Jardim das Tabuletas connosco vai de carrinho, servimos café aos felizes convidados.


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