10/10/2015

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HOJE NO
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Quercus denuncia "escravatura moderna" na produção de sumo de laranja

Em causa está a produção de sumo feita sobretudo no Brasil, que não está a respeitar nem os trabalhadores nem o ambiente.

A Quercus alerta: existem "situações de escravatura moderna em todas as fases da cadeia brasileira de abastecimento de sumo de laranja e o seu impacto ambiental é devastador”. A associação ambientalista nota que a indústria do sumo de laranja tem crescido muito e que os exportadores têm lucros "anormalmente elevados", mas vinca que estes resultam das condições desumanas de trabalho nos pomares e fábricas e também à custa do meio ambiente.


A denúncia foi feita com base num estudo, apoiado por várias associações ambientalistas europeias, e que visa pressionar as grandes superfícies comerciais a colaborarem para evitar violações dos Direitos Humanos e diminuir os riscos de produção para o ambiente.

A investigadora Sandra Dusch Silva, citada no estudo, dá conta de um cenário negro no que toca às condições de trabalho no Brasil. “Os trabalhadores produzem cerca de 1,5 toneladas de laranjas para conseguirem um  rendimento de 10 euros por dia. Não existe protecção contra o sol e a fruta é colhida apenas com a ajuda de escadas encostadas às árvores. Os trabalhadores sobem e descem estas estruturas instáveis transportando até 30kg de laranjas e estão sujeitos a uma grande pressão em matéria de tempo.”, pode ler-se no resumo do estudo divulgado hoje pela Quercus.

Além das condições de trabalho desumanas, o estudo também denuncia o “uso excessivo de pesticidas nos laranjais do Brasil”, diz Martin Wilderberg, especialista em protecção ambiental. E continua: “isto é particularmente frustrante, porque a produção de laranjas faz-se perfeitamente sem pesticidas, como demonstram as citriculturas biológicas por todo o mundo.”

A associação refere que a indústria de sumo de laranja, tanto no Brasil como na Europa, caracteriza-se por uma enorme concentração do mercado. "Embora 3 em cada 5 copos de sumo sejam provenientes do Brasil, existem apenas três empresas que exportam sumo para todo o mundo: a Citrosuco, a Cutrale e a Luis Dreyfus, sendo a Europa o principal mercado de exportação". Mas a monopolização acontece também do lado da distribuição. "Há cada vez menos cadeias de distribuição no mercado europeu. Uma das principais estratégias dos retalhistas europeus é a produção de marcas próprias", salienta o estudo.

"Em vez de comprarem e venderem marcas independentes, os supermercados fornecem e vendem cada vez mais os seus próprios produtos, critica a investigação, concluindo que que os supermercados não estão a cumprir as suas responsabilidades nas cadeias de abastecimento dos produtos que vendem. 

* Pedimos aos senhores da QUERCUS, que muito respeitamos, que nos indiquem  qual foi o dia em que os hipermercados cumpriram todas as suas responsabilidades, qual foi o dia em que não ganharam dinheiro com a escravatura moderna!!!

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