26/06/2015

GRAÇA CANTO MONIZ

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A dupla morte de Marx

O pânico instalou-se entre todos aqueles – que não são poucos, e bem crescidinhos – que são viciados. A razão? Obesidade? Os dentes irremediavelmente negligenciados de que o ex-Hollande falava no leito?

Os ditirambos esquerdistas são variados e, apesar do reumático – afinal, a coisa já é mais velha que a Revolução Russa –, continuam a apelar, com índices de eficácia apenas comparáveis aos de uma novela venezuelana, ao contágio emocional das massas.

Recentemente foi a vez de Ségolène Royal, ministra socialista com a pasta da Ecologia que, no estilo alarmista, próprio das esquerdas, anunciou que devemos parar de comer Nutella.

O pânico instalou-se entre todos aqueles – que não são poucos, e bem crescidinhos – que são viciados. A razão? Obesidade? Os dentes irremediavelmente negligenciados de que o ex-Hollande falava no leito?
Não. Pasmem: óleo de palma! Parece que um dos ingredientes fundamentais para a produção do famoso creme de avelãs é mauzote para o ambiente. Assim, o homem, para manter o colesterol em níveis próximos do populismo socialista, derruba milhares de hectares de floresta virgem todos os anos.

Estas são as grandes causas da esquerda moderna – Marx bem pode voltar a morrer de vergonha.
A cegueira da causa ecologista radical permite este tipo de afirmações com a mesma leveza de quem ignora o rótulo nutricional de uma embalagem de Nutella.

Eu explico: a produção de óleo de palma coloca problemas consideravelmente mais graves em termos de exploração laboral de crianças e de abusos aos direitos humanos, vergonhosamente atropelados e esquecidos em prol da causa ecológica.

Devemos colocar as questões ambientais em posição de destaque, mas se não somos capazes de acorrer em primeira instância aos direitos humanos é porque somos uma sociedade doente que merece os diabetes devidos por toda a quantidade de Nutella que consumimos.
(P.S.: A ministra francesa acabou por pedir desculpa publicamente.)

IN "I"
23/06/15

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