28/03/2015

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HOJE NO 
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Alguns processos e muitas 
ligações (pouco) secretas

Dos processos que trouxeram a Ongoing para as páginas dos jornais, o das Secretas assumiu especial destaque – o julgamento é no próximo mês –, mas a empresa já tinha sido referida nas escutas do Face Oculta. Além destes dois casos houve mais um que foi crescendo: uma denúncia de Balsemão na sequência do processo das Secretas acabou com a acusação do MP

A Ongoing envolveu-se em vários casos mediáticos ao longo dos últimos anos. Em Portugal foi notícia pela tentativa de compra da TVI e pelo processo das Secretas. No Brasil pela investigação do Ministério Público Federal de São Paulo por alegado desrespeito pela Constituição daquele país

O caso que envolve o antigo director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) começa a ser julgado a 16 de Abril. Jorge Silva Carvalho é acusado de fornecer informações secretas à empresa de Nuno Vasconcellos, que mais tarde acabaria por o contratar. A notícia chegou às páginas dos jornais em Julho de 2011, precisamente nove meses depois da data do despacho de exoneração de director do SIED.  
 
Nuno Vasconcellos
Em 2012, o Ministério Público acusou três arguidos: Nuno Vasconcellos, presidente da Ongoing, por corrupção activa, Jorge Silva Carvalho por acesso indevido a dados pessoais, abuso de poder e violação de segredo de Estado e João Luís, ex-director do SIED, por co-autoria dos crimes de abuso de poder, acesso ilegítimo agravado e acesso indevido a dados pessoais. 
 Segundo a acusação, tudo começou quando Silva Carvalho ordenou, entre 7 e 17 de Agosto de 2010, ao arguido João Luís que obtivesse os dados de tráfego do número de telefone (da operadora Optimus) utilizado pelo jornalista Nuno Simas, no período compreendido entre Julho e Agosto de 2010. Os investigadores acreditam que a finalidade era perceber quem é que das Secretas tinha passado informações ao jornal “Público” sobre o mal-estar causado por mudanças de espiões e dirigentes.  
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Entrada do espião na Ongoing Segundo o MP, nas vésperas de Silva Carvalho sair do SIED começou a desenhar-se a sua entrada na Ongoing. Nesta empresa trabalhavam já duas pessoas conhecidas do então director do SIED: João Alfaro, ex-funcionário do Sistema de Informações e Segurança (SIS), e Fernando Paulo Santos que participavam em sessões, encontros e jantares da organização maçónica, a Grande Loja Legal de Portugal, de Silva Carvalho.
Ainda antes de sair do SIED – o então director da Secreta externa enviou a Nuno Vasconcellos informação secreta sobre os empresários russos que estavam em negociação com a Ongoing  na sequência do interesse da empresa em entrar numa parceria para construção de infra-estruturas no porto grego de Astakos.  
Em Janeiro de 2011, a Ongoing apresentava um reforço de peso: o ex-director do SIED. Mas durou pouco. A investigação do MP considera que a seis meses das eleições legislativas de 2011, o antigo espião iniciou contactos com dirigentes partidários com o propósito de regressar aos Serviços Secretos.  
Além dos três arguidos acusados, na fase de instrução foram pronunciados outros dois por terem colaborado na obtenção de informações sobre o telemóvel do jornalista Nuno Simas.
O relatório sobre Balsemão não demorou até que outras pessoas entrassem na história. A relação de Pinto Balsemão e de Nuno Vasconcellos voltou a cruzar-se. O pai do presidente da Ongoing, Luís Vasconcellos,  fundou com Balsemão o semanário “Expresso” e o grupo Impresa, mas a ligação de há muitos anos não tem chegado para acalmar a relação conturbada que ambos têm tido desde que Luís Vasconcellos morreu. 
Quando em 2012 foi tornado público que Silva Carvalho tinha encomendado relatórios sobre pessoas cuja vida interessava à Ongoing, entre as quais o patrão da SIC, o comunicado do fundador do “Expresso” não tardou: “Tendo tomado conhecimento, através da comunicação social, do conteúdo do relatório sobre mim produzido, no qual são referenciadas dezenas de calúnias e falsidades – algumas das quais de mau gosto e grotescas – decidi proceder às diligências necessárias, junto dos meus advogados, no sentido de responsabilizar criminalmente os autores do documento”. O Ministério Público deduziu acusação pelo crime de  devassa por meio informático não havendo ainda data marcada para início de julgamento.  
Escutas face oculta Outro dos processos que acabou por trazer o nome da Ongoing para as páginas dos jornais foi o Face Oculta. Das escutas resulta que o grupo português pretendia controlar uma televisão generalista. 
E a Ongoing ainda chegou a acordar com os espanhóis a compra de 33% da Media Capital por cerca de 100 milhões de euros, mas o negócio acabaria por nunca se concretizar. O que travou a pretensão do grupo português foi a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, isto porque a acontecer o grupo ficaria com 22% da Impresa e 35% na Media Capital.   

* Uma história de faca e alguidar mais uma vez interpretada por figurantes da alta "postura"



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