15/03/2015

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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"

Engodo. 
Homeopatia é ineficaz e até perigosa, diz estudo 

 Um extenso estudo sobre homeopatia realizado na Austrália conclui que esta é ineficaz a tratar qualquer condição médica - e pode até ser perigosa, caso o paciente a use em substituição da medicina "convencional"

Uma investigação científica levada a cabo pelo Conselho de Pesquisa Médica e Saúde Nacional na Austrália (National Health and Medical Research Council, NHMRC) analisou 225 estudos controlados e 1800 "papers" publicados e concluiu que "a homeopatia não é uma forma eficaz de tratar doenças". São más notícias para os vários milhões de pessoas que recorrem aos tratamentos homeopáticos em todo o mundo.

Paul Glasziou, diretor da comissão de inquérito independente encomendada pela NHMRC, afirma que "haverá certamente muita gente a dizer que este estudo é uma conspiração do sistema", mas espera que "também haja muita gente com bom senso que reconsidere vender ou usar estas substâncias." 
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O diretor-geral do Conselho Nacional de Saúde vai mais longe e considera mesmo que "os que escolhem a homeopatia para se tratarem podem pôr a sua vida em risco se rejeitarem ou adiarem tratamentos dos quais há garantias de segurança e eficácia."

A homeopatia sempre dividiu opiniões, e a comunidade médica em particular. Quando foi criada, em 1779, pelo médico alemão Christian Hahnemann, este não terá tido noção da revolução que estava a propor com este sistema alternativo de cura. Defende-se na homeopatia o princípio da semelhança - um remédio tanto pode provocar as condições da doença como curá-las, e que estes princípios se devem aplicar primeiro aos saudáveis, e depois aos doentes.

Os compostos utilizados são diluições infinitesimais de extratos de plantas, e a água, argumentam os homeopatas, fixa essa "memória". Esse é um dos princípios mais contestados pelos cientistas convencionais.

Ouvido pelo Expresso para um artigo para a revista E, David Marçal, doutorado em Bioquímica pela Universidade Nova de Lisboa e que em 2014 publicou o livro "Pseudociência", defende que homeopatia não é mais do que "água com açúcar".

Os seus três argumentos são os seguintes: "Os remédios homeopáticos são preparados através de dezenas de diluições seguidas", e isso chega a um ponto em que já não está lá qualquer substância ativa. "A matéria é constituída por átomos e moléculas", explica, e "a partir das 12 diluições centesimais seguidas (preparado homeopático 12C), ficamos com menos do que uma molécula."

Há preparados que têm uma diluição de uma gota da substância inicial em 99999999999999999999999999999999999999999999999999999999999 (59 noves) de gotas de água.

"Os homeopatas argumentam que a água tem memória, e se "lembra" das moléculas que teve dissolvidas. Mas não há qualquer prova científica nesse sentido", defende David Marçal. Por fim, afirma que "os remédios homeopáticos têm um efeito placebo, uma sensação de melhoras subjetiva e transitória que se sente quando somos alvo de atenção médica. E que isso mesmo é demonstrado por ensaios clínicos bem concebidos."

Ouvido pelo Expresso, o homeopata Daniel Matos, 69 anos, que exerceu medicina de clínica geral durante 30 anos, não refuta os argumentos de David Marçal. Simplesmente, faz uma leitura diferente destes. Defende que "a homeopatia é uma das mais controversas terapêuticas, pela frequente ausência de moléculas farmacologicamente ativas." Mas acrescenta que isso não impede a solução de ter eficácia terapêutica. "Basta pensar que o próprio placebo, sem moléculas ativas, também atua... E também a luz, o som, o magnetismo..."

Este homeopata não tem dúvidas de que "a homeopatia funciona mesmo" e que tratou muita gente com ela. "Tratei crianças muito pequenas com resultados fantásticos. Tratei animais com sucesso. Usei muitas vezes a homeopatia como terapêutica complementar da medicina tradicional. Mas a homeopatia também falha. E tem limites, insuficiências e falências, como todas as outras terapêuticas." 

* Este é um polémico assunto que existe há já alguns anos. Nunca fomos adeptos da homeopatia porque nunca acreditámos que doses infinitésimas de  substâncias pudessem fazer alguma coisa pelo corpinho que envenenamos todos os dias.
No  que respeita às políticas, não aos procedimentos do acto médico, da medicina convencional já vimos muita coisa, promoverem-se vacinações de fabulásticas epidemias, ou interromper a venda  de  um anti- diarreico  num  continente e ir vendê-lo para outro como analgésico.
É recente a notícia da ganância antropófaga de um laboratório, face às vítimas da hepatite C. 
Há quem diga que a preocupação dos laboratórios é produzir combinados para manter a doença em níveis aceitáveis do que para a curar, o doente "crónico" será um comprador fiel.

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