05/02/2015

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425.
Senso d'hoje

  OLGA RORIZ  
COREÓGRAFA 
DIRECTORA DE COMPANHIA  
SOBRE 40 ANOS DE CARREIRA


Já tive muitos altos e baixos. Fiz a estreia d'A Sagração da Primavera [2013] à base de muitas injeções, foi muito duro. Não é que viva em sofrimento todo o tempo, mas o meu corpo não sabe o que é um dia em que não tenha uma dor. Sempre tive um corpo disciplinado de uma maneira mais ou menos natural, com mais ou menos esforço. E já não vou para nova...

Coisas que sejam violentas não voltarei a dançar. Mas não é tanto isso que me preocupa. Como criadora, já fiz peças em que quase não me levantei. Para criar, estou atrás de uma mesa a escrever. Vou eventualmente encontrar outro sítio, outras coisas... Não é algo que me cause depressão. Tenho uma grande capacidade de tornar o negativo em positivo. Apesar de também ser um bocadinho negra. Mas há uma coisa que me faz sempre feliz: recriar-me diariamente numa ideia, numa frase, numa coisa que escrevo, numa coisa que penso, em algo que projeto.

Quando perguntei à minha mãe quem é que fazia as danças para os bailarinos e ela me respondeu "são os coreógrafos", respondi "quero ser isso", sem sequer conseguir pronunciar a palavra. Devia ter uns três ou quatro anos.

* Excertos de entrevista à revista "VISÃO"


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