03/01/2015

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392.
Senso d'hoje
   
THOMAS PIKETTY
 PRÉMIO NOBEL DA
ECONOMIA 2014
  SOBRE O CRESCIMENTO ECONÓMICO


Não sou marxista, sou pela propriedade privada, mas há coisas que a propriedade privada não sabe fazer. Não podemos ter uma desigualdade que aumenta porque o rendimento do capital, das rendas, das heranças, é muito maior do que o do trabalho, em que nascer numa família com posses é muito mais seguro para ter uma vida boa do que trabalhar muito, a não ser que se consiga entrar no centil ou decil superior dos salários, como alguns managers. 

Quando a taxa de rentabilidade do capital, que eu utilizo quase como definição de património porque englobo todos os ativos, é maior do que a taxa de crescimento da economia como foi sempre até ao século XIX e deve voltar a ser neste século, isso quer dizer que as desigualdades aumentam e, certamente, pela via pior, que é a da herança. Há que regular a riqueza e a sua redistribuição.  

Eu não sou adepto do crescimento zero, mas claro que temos de pensar num crescimento mais limpo, temos de investir na energia e na formação, porque se já temos muita gente nas universidades temos de dar essa oportunidade realmente a todos. A difusão do conhecimento é a força mais poderosa que tende para a igualdade de condições entre todos a longo prazo. É um dos setores em que tem de se investir largamente - ainda não proporcionamos oportunidades iguais a todos no que toca a formação. 

* Excertos de entrevista ao "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

 

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