06/01/2015

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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"

Syriza quer impor perdas de até 
143 mil milhões de euros à Europa

A reestruturação de dívida defendida pelo Syriza implica perdas avultadas para os governos europeus. 

As sondagens continuam a dar a vitória ao Syriza nas eleições legislativas que vão ter lugar na Grécia a 25 de Janeiro. O partido da esquerda radical, liderado por Alexis Tsipras, quer rasgar o memorando de entendimento com a troika e acabar com a austeridade, defendendo um perdão de 50% da dívida, semelhante ao que foi concedido à Alemanha em 1953.
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Ora, a dívida grega vale hoje quase 317 mil milhões de euros. E cerca de 90% desse valor está nas mãos dos países europeus, já que, depois das perdas sofridas com o ‘haircut' de 2012, a grande maioria dos investidores privados se desfez dos títulos helénicos. O plano do Syriza envolve, assim, o perdão de cerca de 158,5 mil milhões de euros, implicando perdas para os governos europeus que podem ir de entre 127 a 143 mil milhões de euros.

O cenário mais favorável assume que os países europeus são credores preferenciais e, por isso, os últimos a sofrer perdas. Por isso, a reestruturação iria recair primeiro sobre os 10% que não estão nas mãos dos governos. Mesmo assim, as perdas que cairiam nos bolsos dos contribuintes europeus seriam na ordem dos 127 mil milhões de euros. O cenário mais negativo assume que todo o perdão de dívida iria recair sobre a Europa.

As perdas avultadas a que os governos seriam sujeitos são um dos maiores obstáculos a que países que, como a Alemanha, aceitem sentar-se com Atenas a negociar uma reestruturação. E representam também um dos motivos pelos quais Berlim faz campanha a todo o custo contra o Syriza, voltando a invocar o fantasma da saída do euro. 

Em 2011, Berlim chegou a sugerir a Atenas o cenário de saída do euro, mas nos bastidores. Agora já o faz em público, porque, como diz Michael Fuchs, líder parlamentar da CDU de Angela Merkel, a Grécia "já não é sistemicamente relevante para o euro" - uma ideia que, além de duvidosa, é exemplo da forma como os alemães têm olhado desde o início para o futuro da economia grega.

*  Tiramos o chapéu a Alexis Tsipras se ele conseguir reduzir a dívida grega para metade.


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