08/01/2015

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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"

Jogos infantis são campeões 
em invasão de privacidade

Aplicações móveis recolhem dados desnecessários de utilizadores especialmente vulneráveis.
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Os jogos destinados a crianças registaram a pior avaliação de protecção à privacidade entre as aplicações (apps) mais descarregadas na plataforma Android. A conclusão é de um estudo da Universidade americana Carnegie Mellon que analisou mais de um milhão de programas.
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Na lista das apps com pior pontuação, encontram-se os populares jogos para crianças ‘Fruit Ninja', ‘Angry Birds', ‘Despicable Me', ‘My Talking Tom', ‘Subway Surfers', ou ‘Drag Racing'. Estas aplicações recolhem dados relativos às contas do utilizador em serviços como o Google e o Skype, número de telefone, contactos, mensagens, microfone, fotografias e localização do aparelho, seja por GPS ou por rede.

"Os anunciantes recolhem assim informações mais específicas sobre o utilizador, numa tentativa de personalizarem a publicidade", alerta Jason Hong, responsável pelo estudo divulgado no site PrivacyGrade.org.

O estudo avalia as aplicações e atribui notas que vão de A+ a D. Para isso, os investigadores montaram um modelo de pontuação que tem em conta quais as informações que o utilizador espera que a aplicação recolha e os dados a que ela, de facto, tem acesso. O modelo foi criado com base na ideia de que a violação do direito à privacidade deve ser medida pela expectativa de protecção em cada contexto.

"Se a ideia que a pessoa tem estiver alinhada com o que de facto a aplicação faz, haverá menos problemas relacionados com a privacidade, uma vez que a pessoa estará completamente ciente do comportamento da aplicação", explicam os investigadores do estudo. Mediante essa lógica, Facebook, Youtube, WhatsApp e Instagram, por exemplo, obtêm um A.

Fonte oficial da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) admitiu ao Económico que o facto de as aplicações não respeitarem a privacidade do utilizador, recolhendo dados desnecessários para a entrega do serviço "é preocupante" e tem "levantado muitos problemas". "Tem de haver um aspecto mais punitivo e um quadro mais claro para que quem desenvolve estas apps tenha noção até onde pode ir", sublinha a responsável, acrescentando que "é indispensável que se crie uma regulação internacional sobre a matéria, porque a intervenção tem de ser global, já que a nível nacional não temos qualquer jurisdição sobre essas empresas, que estão na sua maioria sedeadas nos Estados Unidos", acrescenta.

Do outro lado do Atlântico, as autoridades têm estado atentas. A rede social Path foi multada 800 mil dólares em 2013 por recolher números de telefone a partir da lista de contactos dos utilizadores e no ano passado, o site Yelp teve de pagar 450 mil dólares por recolher dados sobre a localização de menores de idade. No entanto "ainda existe um longo caminho a percorrer à escala global", adverte a mesma fonte.

A responsável deixa ainda o conselho: "os cidadãos devem estar atentos no sentido de não utilizarem aplicações que não tenham políticas de privacidade claras, devem saber escolher e ter em mente que a utilização de uma aplicação pode resultar num enorme risco". Nesse sentido, explica, "deve tentar-se fechar o telefone ao máximo, as definições do telefone servem para isso, e há coisas que se podem barrar logo à partida nas configurações".

* O pricipal problema é a balda dos pais para aquilo que os filhos procuram na Net.


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