22/01/2015

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BCE injeta 1,14 biliões de euros 
em dinheiro fresco na zona euro


A zona euro vai receber uma injeção de dinheiro novo, anunciou hoje o Banco Central Europeu (BCE). Mario Draghi, o presidente do banco central diz que a instituição vai fazer "compras combinadas" de 60 mil milhões de euros por mês de março de 2015 até, pelo menos, setembro de 2016. Total: 1,14 biliões de euros. Comprará aos bancos dívida pública e privada que estes têm no seu balanço, esperando depois que os bancos emprestem mais dinheiro à economia, designadamente às empresas.
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Com o objetivo de fazer subir a inflação (que hoje é negativa. menos 0,2% na zona euro), o BCE vai "lançar um programa expandido de compra de ativos, que inclui os atuais programas de compras para dívida garantida (ABS) e obrigações garantidas", disse Draghi.
O programa de compras "começa em março de 2015 e inclui obrigações do Tesouro da zona euro classificadas com grau de investimento".

Programa sem final definido
As operações ocorrerão no mercado secundário e o valor total das compras combinadas será de "60 mil milhões de euros por mês, a ser levada a cabo até, pelo menos, o final de 2016". O programa começa em março deste ano. Total: 1,14 mil milhões. Portanto, há uma data de referência para o seu final, mas no fundo é ilimitado. Este alívio monetário ou quantitative easing (QE) ficará ativo até a inflação se encaminhar para a fronteira inferior dos 2%.

Banca portuguesa pode receber até 28,5 mil milhões de euros em dinheiro fresco
Portanto, a dívida pública e privada a ser comprada não poderá considerada lixo por todas as agências de rating e "as compras serão baseadas nas participações dos bancos centrais nacionais na chave de capital do BCE". O Banco de Portugal tem 2,5% da instituição, logo, os bancos portugueses poderão vender ao BCE um máximo de 28,5 mil milhões de euros.
Portugal tem pelo menos uma agência (DBRS) que classifica a dívida portuguesa com grau de investimento. Portanto os bancos nacionais entram neste jogo.
O Dinheiro Vivo avançou ontem à noite um valor muito próximo: 27 mil milhões de euros.
Outra novidade, é que será o "o conselho de governadores a controlar todos os aspectos do programa e o BCE a coordenar as compras de modo a salvaguardar a unicidade da política monetária".

Bancos nacionais ficam com 80% do risco
Mas o risco será distribuído pelos bancos centrais nacionais, uma regra que terá sido a forma de comprar alguma simpatia junto dos alemães do Bundesbank para avançar com este QE.
Sgundo Draghi, "as compras de ativos a instituições europeias (12% das compras adicionais) serão sujeitas a partilha de perdas". "O remanescente das compras não será sujeito a partilha de perdas."
O BCE ficará apenas "com 8% das compras adicionais de ativos", o que "implica que 20% das compras de ativos serão sujeitos a um regime de risco partilhado". Isto é, apenas em 20% do valor do QE o risco será mutualizado.
Logo, o risco associado a 80% do valor do QE será imputado a cada banco nacional de acordo com a sua chave de capital no BCE. Dito de outra forma, 80% do risco ou das perdas caem diretamente nos países. Algo que a Itália e a Irlanda nunca viram com bons olhos.

Compras de dívida com até 30 anos de maturidade
Este programa de alívio monetário poderá ir além de setembro de 2016 "até vermos um ajustamento sustentado na rota da inflação" e, explicou Draghi, as compras incidirão sobre títulos que podem ter maturidades "de dois a 30 anos". "É muito tempo", frisou o economista italiano.
Existe uma imposição de uma regra de risco partilhado neste QE (20% apenas) porque o conselho de governadores quis "mitigar preocupações sobre eventuais consequências orçamentais" ou seja, financiamento monetário dos défices públicos.
Draghi revelou ainda que "houve consenso na questão da partilha de risco de 20/80%".

Grécia não está fora do programa
A Grécia tem dívida classificada como lixo ou não-investimento, mas poderá, mais tarde, aderir a esta QE do BCE. "Não temos uma regra especial para a Grécia, mas há algumas condições que precisam de ser cumpridas. Depois da amortização de obrigações gregas em julho, as compras [do BCE] poderão ocorrer se algumas condições forem cumpridas". Não disse quais.

A Grécia vai a eleições no próximo domingo. A troika suspendeu as avaliações ao programa de ajustamento e o pagamento das respetivas tranches do empréstimo oficial.

* Uma excelente notícia para os países periféricos, onde a maioria das empresas estão descapitalizadas. As concepções de Coelho e Portas banalizadas pelo BCE, com o conhecimento e concordância de Merkel.


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