16/01/2015

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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"

Segurança social perde 100 milhões
 com queda da PT

O fundo que gere as reformas dos portugueses viu o valor do investimento na PT cair de 109 milhões de euros para menos de 14 milhões.

A crise que se vive na Portugal Telecom já custou quase 100 milhões de euros ao fundo que gere as reformas dos portugueses. O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) detém 20,3 milhões de acções da Portugal Telecom (PT), cuja aquisição custou ao Estado 109,4 milhões de euros, de acordo com os Relatórios e Contas do FEFSS. Hoje, valem menos de 14 milhões de euros, o que equivale a uma queda superior a 87% do investimento.
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As acções da PT voltaram a encerrar ontem no vermelho, perto dos mínimos históricos atingidos na semana passada. Valem 68,7 cêntimos, longe dos 5,4 euros do preço médio de aquisição do FEFSS. Desde a fusão com a Oi, em Maio de 2014, as acções da PT perdem já 75%. Estes dados não incluem os dividendos que foram pagos ao longo dos anos aos investidores na PT, que atenuarão a perda.

A posição detida pelo FEFSS equivale a 2,28% do capital social da ‘telecom', o que torna o Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social (IGFCSS) - enquanto entidade gestora do FEFSS - accionista qualificado da empresa. A condição só terá sido comunicada à própria PT em Abril de 2014, muito embora existisse desde 2008.

A posição terá sido no entanto construída alguns anos antes, mas passando a posição qualificada apenas em 2008 devido à operação de redução do capital social da empresa nesse ano. No Relatório e Contas relativo ao ano de 2007, o FEFSS já comunicava uma participação de 20,3 milhões de acções, que equivaliam então a 1,79% da PT. Nessa altura valiam quase 181 milhões de euros, ou seja, geravam uma mais-valia de 72 milhões de euros. O Económico não conseguiu confirmar a data de constituição desta posição, visto o IGFCSS não disponibilizar no seu site os Relatórios e Contas do FEFSS anteriores a 2007, nem o ministério da Segurança Social, que tutela o fundo, ter respondido às questões enviadas, até ao fecho da edição.

Por esclarecer ficam também as condições que levaram à construção desta posição, que configura uma excepção na política de investimentos do fundo. Note-se que, entre os quase 400 activos que constituem a carteira de investimentos do FEFSS, apenas dois são acções portuguesas. Além da PT, o FEFSS é ainda accionista da Finpro, uma ‘holding' com vários investimentos internacionais, que aderiu ao Processo Especial de Revitalização em 2014 devido a dificuldades em pagar dívidas no valor de 222 milhões de euros. Além da Segurança Social, a Finpro tem como principais accionistas o Banif Capital, a CGD e a Amorim Global. O FEFSS investiu 18,6 milhões de euros nesta empresa e perdia, no final de 2013, mais de oito milhões de euros com esta participação.

Apesar dos maus resultados em acções nacionais, a carteira de investimentos do FEFSS terá valorizado 12,68% em 2014, de acordo com o Relatório do Orçamento do Estado para 2015. Uma evolução em grande parte justificada pela valorização da dívida pública portuguesa, que representa cerca de 70% da carteira. Recorde-se que, em Julho de 2013, e em vésperas da sua demissão, Vitor Gaspar, então ministro das Finanças, autorizava o FEFSS a investir até 90% da sua carteira em dívida pública nacional, aumentando fortemente o risco do fundo que gere o dinheiro descontado pelos portugueses para as suas reformas. No entanto, foi a concentração na dívida pública nacional - conjugada com a excelente performance deste activo nos últimos dois anos - que mais ajudou aos resultados positivos globais do fundo. 

* Parece que a Segurança Social investiu na D. Branca.


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