27/12/2014

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384.
Senso d'hoje
   
ÇONÇALO LOBO
 PRESIDENTE DA "ABRAÇO"
SOBRE O ESTADO VERSUS "VIH"


O VIH implica 95% de adesão, ou seja, durante uma semana, só se pode falhar uma toma. Trabalho isto com os doentes e vem o Estado e diz: não há medicação. Não pode ser!

O que anda a fazer o Estado? Muito pouco. Está a acabar o ano e nem tivemos acesso ao relatório da infeção de 2013. Os dados existem, as notificações são obrigatórias, mas só temos os números de 2012.

Neste momento, não há verbas alocadas para o VIH. Nem sequer está a funcionar o ADIS [programa criado, em 2002, com o objetivo de financiar projetos e ações no âmbito da formação, apoio social e prevenção da infeção VIH/Sida, desenvolvidos por organizações da sociedade civil]. 
A Direção-Geral de Saúde só abriu um concurso para os testes rápidos [de diagnóstico]. E nós avançámos com uma unidade móvel em Aveiro porque em Lisboa tal já se pode fazer em vários locais, embora haja carência.

A prevenção do VIH não é apetecível, porque demora décadas. Implica mudança de comportamento, de mentalidades... Como não dá resultados imediatos, não dá votos. Mas isto acontece com qualquer doença. Em Portugal, a prevenção escreve-se com pê minúsculo.

Temos, com certeza, mais mil novos casos por ano, porque não houve, em termos de intervenção, qualquer alteração.

* Excertos de entrevista à "VISÃO" em 16/12/14

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