11/07/2014

CONCEIÇÃO ZAGALO

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Responsabilidade Social 
dentro e fora de portas

Em fase de partida para férias e de preparação para um ritmo de vida mais desapegado de rotinas, cabe-me hoje uma análise à agenda das empresas ao longo dos últimos meses e uma reflexão conducente a novas apostas na segunda metade do ano

É nesta perspetiva que não resisto a partilhar convosco o que constitui matéria de satisfação face ao nível de maturidade a que se assiste já no nosso país no domínio da responsabilidade social no seio das empresas e demais organizações. 

Se muitos evocam razões perfeitamente descabidas para não levarem a exercício boas práticas de cidadania, como seja a de que estes temas representam um gasto, tantos outros fazem questão de investir montantes e empenhos no que afirmam ser um fator de satisfação interna mas, e sobretudo, de competitividade na hora de mostrar resultados. 

É assim que, numa zona industrial do norte do país, é possível assistir a um dia dedicado à solidariedade, num espaço que sendo contíguo ao da empresa, funciona também como chamariz para as empresas vizinhas e não tão atentas a que a verdadeira responsabilidade é aquela que começa na sociedade que temos dentro de portas. 

E, num matiz de cultura, apoio à deficiência com recurso a animais, atuação musical com o que de muito bom se sabe fazer no país ou apoio social resultante de atitudes de profissionais realmente responsáveis, assiste-se a uma demonstração que bem consubstancia a defesa de que é tão melhor o que se evidencia lá fora quanto mais genuíno é o que se vive dentro das organizações, também as empresariais. 

 Se dúvidas houvesse sobre esta constatação, o estudo Responsabilidade Social Corporativa em Portugal, recentemente conduzido pela PwC confirma que 71% das empresas portuguesas têm uma estratégia formal de implementação de práticas de sustentabilidade e que apenas 9% se assumem pouco crédulas quanto à temática. Não será pois difícil entender a grande adesão que projetos de voluntariado de conhecimento e competências, de voluntariado em família em ações ambientais ou de integração de populações imigrantes colham grande entusiasmo por parte de gestores portugueses... a gerirem em Portugal. 

E assim se justifica também que, numa iniciativa que envolve o mundo corporativo e as academias, seja bem substantiva a forma como se conjugam esforços e saberes no sentido de se integrarem nos programas curriculares temas de sustentabilidade, responsabilidade e empreendedorismo social, como base da formação de alunos de quem se esperam índices de decisão necessariamente mais desenvolvidos e de resposta mais imediata aos desafios impostos pela modernidade. 

Falamos apenas do que deixamos no nosso país? Nada disso. Ainda há bem pouco tempo, no mesmo local do Alentejo longínquo em que dias antes se tinha inaugurado o Centro da Ciência do Café, numa sala à cunha, foi dado palco à partilha de boas práticas que, as sendo no nosso país, são agora razão de "olheirismo" por parte de organizações espanholas que connosco estão dispostas a fomentar bons exemplos de gentes e empresas comprometidas com o verdadeiro progresso, ou seja, a construção de uma sociedade mais justa e mais equitativa. 

É nesta perspetiva otimista que aqui deixo o mote para umas férias viajadas e saudáveis, também no que ao espaço da ponderação sobre temas importantes para as empresas possa dizer respeito, ou seja, a sua quota-parte de envolvimento na efetivação da responsabilidade social dentro e fora de portas. E, até à rentrée, boas reflexões... boas férias então, caro leitor! 

Presidente da Assembleia Geral do GRACE
*O GRACE - Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial - foi formado em 25 de fevereiro de 2000 por um conjunto de empresas, maioritariamente multinacionais, que tinham como denominador comum o interesse em aprofundar o papel do setor empresarial no desenvolvimento social. 
O GRACE foi pioneiro enquanto associação portuguesa sem fins lucrativos dedicada à problemática da Responsabilidade Social Empresarial. 

IN "VISÃO"
07/07/14

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