22/07/2014

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HOJE NO
  "O PRIMEIRO DE JANEIRO"

Fenprof garante apoio jurídico a todos 
os professores que não fizeram a PACC 
"Humilhados e pressionados" 

A Prova de Avaliação de Capacidades e Conhecimentos foi realizada com serenidade na Escola Básica 2.3 Quinta de Marrocos, em Lisboa, mas no final alguns professores disseram sentir-se “humilhados, pressionados e tristes com um exame que consideram injusto”. A Fenprof já garantiu apoio jurídico a todos os docentes que não realizaram a prova. "Todos os professores que, por qualquer razão, não fizeram esta prova, terão o apoio jurídico da Fenprof", destacou Mário Nogueira. 

Muitos dos professores convocados para vigiar a realização da prova na escola optou por participar no plenário que estava a decorrer no ginásio da escola desde as 09h00, promovido pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), mas a sua ausência não foi suficiente para adiar a realização do exame. “Poucos colegas foram fazer vigilância, mas também eram precisos muito poucos, apenas oito”, disse Manuel Grilo, dirigente da Fenprof que liderou a reunião sindical. 


 Cerca de 50 professores realizaram a prova nesta escola, em Benfica, onde “todas as salas funcionaram”, disse o sindicalista. Durante a prova, alguns elementos gritavam palavras de ordem como “não à prova”, acompanhadas de algumas buzinadelas e mostravam-se indignados pelo facto de os enunciados das provas já estarem a ser divulgados na internet enquanto decorria o exame. 

À saída da prova, às 12h30, reinava o silêncio entre os professores, que iam saindo lentamente pelos portões da escola sob o olhar de alguns polícias que estiveram toda a manhã à porta do estabelecimento de ensino. Para o dirigente sindical da Fenprof, os professores deram uma “lição de ética profissional” ao Ministério da Educação, “que não foi capaz de perceber que não pode ter atitudes ignominiosas como teve com a prova de avaliação de conhecimentos”. 

Manuel Grilo lembrou que os professores estão sempre a ser avaliados e que “não podem ser vítimas”, nem “enxovalhados com esta prova de avaliação”. “Esta prova destinou-se a humilhar os professores”, frisou, comentando: “Professor humilhado perante o país, perante as famílias perde a autoridade”. “É isto que o senhor ministro está a fazer, retirar a autoridade aos professores”, sustentou o sindicalista.  

APOIO JURÍDICO GARANTIDO 
Entretanto, a Fenprof já garantiu apoio jurídico a todos os docentes que não fizeram a prova. "Todos os professores que, por qualquer razão, não fizeram esta prova, terão o apoio jurídico da Fenprof, caso o Ministério da Educação tente contra eles qualquer tipo de prejuízo, penalização ou punição", disse aos jornalistas o secretário-geral, no final de um plenário realizado na Escola Básica 2/3 Azeredo Perdigão, em Viseu. 


Segundo Mário Nogueira, "os professores que estão já em fase de concurso, independentemente de terem feito ou não [a prova], não podem ser excluídos dos concursos". "Os requisitos que se verificavam ao início do lançamento do concurso são os que têm que se verificar agora", esclareceu. O mesmo responsável lamentou a "falta de rigor" do Ministério da Educação em todo o processo, considerando que o dia de hoje demonstrou "a incompetência, a desorganização, a incapacidade e, ao mesmo tempo, a intenção de humilhar e fazer vergar todos, sobretudo os professores". 

Na Escola Básica 2/3 Azeredo Perdigão, onde hoje decorreu a PACC e também o plenário da Fenprof, dezenas de professores mostraram a sua indignação, gritando "A luta continua e o Crato para a rua" e "Não à PACC". Na opinião de Mário Nogueira, a única forma de o ministro Nuno Crato resolver o problema "com dignidade" é "saindo porta fora do ministério hoje mesmo e demitindo-se". "A educação não pode ter um ministro que manda por polícias nas escolas. 

A escola é um espaço de liberdade, de educação, de democracia", frisou. No plenário, participaram professores que estavam em vigilância e também professores "que recusaram fazer esta prova humilhante e vergonhosa". Mário Nogueira lamentou situações como a vivida em Amares, onde a prova se realizou "num refeitório com toda a gente ao monte", ou a de uma escola do Algarve que tinha "escrito no próprio quadro que a prova começava às 11h50 e acabava às 12h50". 

Houve ainda, nalguns casos, proibição da realização de reuniões sindicais, tendo sido apresentadas queixas na polícia e no Departamento de Investigação e Ação Penal contra os diretores das escolas onde isso aconteceu. "Vamos avançar com o processo-crime também contra o diretor-geral dos Estabelecimentos Escolares", concluiu o dirigente sindicalista. 

* Governo e sindicatos vão esgrimir números em total contradição. Como qualquer outro profissional  o professor tem de ser avaliado, parece-nos ser aberrante o critério do ministério, quem paga a factura é o ensino público que Nuno Crato menospreza.


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