16/05/2014

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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"

Companhias ameaçam deixar
 de voar para a Venezuela

Caracas deve perto de 4.000 milhões de dólares as companhias aéreas que prestam serviço naquele país da América Latina. TAP mantém três ligações semanais entre Portugal e a Venezuela.

Perante uma dívida que se acumula desde o início de 2013 e a falta de um acordo com Caracas para formalizar um acordo de pagamento, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), diz que várias companhias podem vir a suspender as operações para aquele país da América do Latina.


"Se a situação continuar a piorar as companhias áreas vão ter que tomar medidas drásticas e mais transportadoras vão sair do mercado, algo que não querem fazer", diz o vice-presidente da IATA para as Américas. Peter Cerda, que falava em declarações ao canal espanhol da cadeia de televisão CNN, explicou que a suspensão de operações é uma decisão "muito difícil de tomar" pela aproximação que existe entre as empresas e o público venezuelano, mas recordou, por outro lado, que o Governo da Venezuela continua sem formalizar qualquer acordo de pagamento.

As declarações do vice-presidente da IATA acontecem um dia depois de a Alitalia ter anunciado que deixará de voar de e para Caracas a partir de 1 de Junho. Em causa está o pagamento de 187 milhões de dólares (134,5 milhões de euros) de dívidas do Governo venezuelano, num total que ronda os 4.000 milhões. A suspensão irá manter-se por dois meses, anunciou a Alitalia.

"Infelizmente nada está formalizado, até ao momento, com nenhuma companhia aérea", frisou, sem especificar que transportadoras ponderam suspender as operações e lembrando que "esse dinheiro não é do Governo, é [das empresas], que prestaram um serviço".

Contactada, fonte da TAP escusa-se a comentar esta situação, sublinhando que as operações continuam a decorrer normalmente, com três ligações semanais entre Lisboa e Caracas. Segundo dados fornecidos há cerca de quatro anos ao Diário Económico, a operação para Caracas representava uma receita anual de cerca de 44 milhões de euros por ano.

Na Venezuela está em vigor, desde 2003, um apertado sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção de moeda estrangeira no país e obriga as companhias aéreas a terem autorização para poderem repatriar os capitais gerados pelas operações.

Depois de a Air Canadá ter suspendido as operações em Março, a IATA exortou o Governo da Venezuela no final de Abril a pagar os quase 4 mil milhões de dólares (2,87 mil milhões de euros) que deve às companhias aéreas, por conceito de repatriação de capitais correspondentes às vendas de bilhetes, salientando que "a situação é insustentável".

Há mais de um mês que o Governo revelou que prepara um calendário para pagar as dívidas. O ministro dos Transportes Marítimo e Aéreo venezuelano, Hebert Garcia Plaza, que fez o anúncio, sublinhou que os pagamentos seriam efectuados ao valor do câmbio vigente aquando das vendas - 4,30 bolívares por dólar em 2012, e 6,30 por dólar em 2013 - e que, em 2014, seria aplicado o valor referencial correspondente aos leilões do Sistema Complementar de Administração de Divisas (Sicad 1), atualmente em 10 bolívares por dólar.

Segundo a Associação de Companhias Aéreas da Venezuela 11 das 26 transportadoras que voam para Caracas reduziram, desde Janeiro, a oferta de lugares, nalguns casos até quase aos 80%, devido à impossibilidade de repatriar os capitais correspondentes às vendas. 

Perante estas medidas, os clientes queixam-se de dificuldades em conseguir fazer reservas de viagens para o estrangeiro e que as empresas aéreas triplicaram os preços , nalguns casos para valores acima de 3.000 euros, para destinos europeus.

Para a IATA, a situação é dificultada pela volatilidade do próprio Governo que, em Dezembro, aumentou as taxas em 70% "sem qualquer consulta aos parceiros nem melhorias no serviço prestado" e implementou taxas especiais sobre as companhias para financiar actividades "que nada têm a ver com o transporte aéreo".

* Parece que as companhias de aviação têm um enorme cagaço de Nicolas "O Pôdre", assim se alimentam as ditaduras.



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