02/07/2013

" JORNAL DE NEGÓCIOS"

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Os episódios que ditaram
 o fim de uma coligação

Uma coligação que arrancou sólida foi-se degradando. A difícil gestão e justificação da austeridade, em conjunto com várias discordâncias em relação a medidas e reformas, levaram Paulo Portas a ir esticando a corda, culminando com a apresentação da sua demissão esta tarde.
O CDS-PP mostrou-se contra a extinção de feriados, defendendo o fim das “pontes”. A posição foi defendida por dois vice-presidentes da bancada dos centristas, Telmo Correia e João Almeida.
Maio de 2012

O primeiro grande momento de ruptura do Governo ocorre em Setembro de 2012, quando Pedro Passos Coelho anunciou a intenção de subir a Taxa Social Única para os trabalhadores, reduzindo-a para as empresas. O líder do CDS-PP mostrou-se contra a medida, apesar de não a ter vetado. “Não a bloqueei porque fiquei inteiramente convencido que isso conduziria a uma crise nas negociações com a missão externa”, afirmou na altura Paulo Portas.
Setembro de 2012

CDS-PP recusou o modelo de privatização da RTP2 que estava a ser proposto, avisando que violava o programa do Governo e o acordo de coligação entre os dois partidos. Segundo o “Sol”, Paulo Portas considera que aceitar esse modelo significaria “abrir um precedente muito complicado”.
Setembro de 2012

Em entrevista, Pedro Passos Coelho refere-se a Vítor Gaspar como o número dois do Governo, o que significa que Paulo Portas seria o número três, uma hierarquia estranha tendo em conta que Portas é o líder do segundo partido da coligação.
Novembro de 2012

O Correio da Manhã noticiou que Paulo Portas se mostrou contra o aumento do IVA no Vinho.
Janeiro de 2013

No final de uma reunião da Comissão Política Nacional do CDS-PP, vários centristas pediram uma remodelação profunda do Governo. Paulo Portas não fez declarações no final da reunião. Diogo Feio e António Pires de Lima foram duas as figuras do CDS que defenderam essa remodelação. Os nomes de que mais se falavam eram Álvaro Santos Pereira e Miguel Relvas.
Março de 2013

Depois de um Conselho de Ministros em que Vítor Gaspar apresentou novos cortes salariais e nas pensões, Paulo Portas, em conjunto com a facção do CDS do Governo e alguns ministros do PSD, criticaram as novas medidas de austeridade. O líder centrista terá mesmo ameaçado romper a coligação, caso não houvesse uma reponderação dessas medidas, noticiou o "i".
Abril de 2013

Paulo Portas não comparece na tomada de posse dos novos ministros e secretários de Estado. Passos disse que "todos os membros do Governo devem estar presentes" nas tomadas de posse. Portas diz ter apresentado uma "razão fundamentada" para nãoe star presente.
Abril de 2013

Dois dias depois de Passos Coelho ter apresentado o conjunto de medidas que iria substituir os artigos considerados inconstitucionais pelo Tribunal Constitucional, Paulo Portas falou ao país, dizendo que recusava completamente uma delas: a contribuição extraordinária sobre os reformados, conhecida como a TSU dos pensionistas. “É a fronteira que não posso deixar passar e é do conhecimento do primeiro-ministro”, afirmou o líder centrista. A medida acabou por deixar de ser obrigatória, mas manteve-se no Memorando de Entendimento. A crise deixou cicatrizes no Governo e na relação com a troika.
Maio de 2013
O CDS-PP e Paulo Portas pediram um comprometimento para descer impostos até ao final da legislatura. Uma hipótese que Passos Coelho recusou garantir, dizendo não saber “se é possível” baixar impostos.
Junho de 2013

Depois de meses de conflito com Vítor Gaspar, o ministro das Finanças acabou por pedir a demissão, referindo dificuldades relacionadas com os dois chumbos do Tribunal Constitucional, a falta de apoio popular ao programa e a falta de coesão dentro do Executivo. A escolha de Pedro Passos Coelho para o substituir não agradou ao CDS. Paulo Portas acabaria por apresentar a demissão 24 horas depois da de Gaspar. “O Primeiro-Ministro entendeu seguir o caminho da mera continuidade no Ministério das Finanças. Respeito mas discordo”, afirmou na sua carta de demissão. “Expressei, atempadamente, este ponto de vista ao Primeiro-Ministro que, ainda assim, confirmou a sua escolha. Em consequência, e tendo em atenção a importância decisiva do Ministério das Finanças, ficar no Governo seria um acto de dissimulação. Não é politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível.”
Julho de 2013

* Título para esta telenovela: "Andava a esgraçadinha no gamanço"

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