07/04/2013

SOFIA SANTOS

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Longo vs curto prazo

Se o salário mínimo deve subir à custa de uma diminuição da TSU para a entidade patronal, ficando esta com alguma margem para poder pagar a dita subida do salário mínimo? Penso que não, pois estaríamos, de certa forma a transferir consumo futuro para o presente, colocando ainda mais em risco a capacidade que a sociedade terá em subsistir daqui a 30 anos quando cerca de 50% da população tiver mais de 65 anos e precisar da reforma para pagar casa, saúde e alimentação. A Taxa Social Única é uma medida contributiva para o Regime Geral da Segurança Social, estabelecendo, entre outros, a atribuição das pensões.

Se TSU baixar, iremos diminuir o valor absoluto das pensões e estamos, mais uma vez, a tentar remendar um problema presente ignorando por completo as consequências a longo prazo. É por causa de constantemente ignorarmos o longo prazo que estamos na situação actual. Tal como Luís Campos e Cunha afirmou recentemente, concordo plenamente que " a TSU existe para garantir a sustentabilidade do sistema de reformas e não para subsidiar indiretamente as empresas".

Acredito na necessidade de se aumentar o salário mínimo por uma questão de dignidade por quem trabalha, pois 480 euros mensais constituem valores que surpreendem, pela negativa, a maioria dos Europeus. Sei que os aumentos salariais desta faixa são sempre valores absolutos baixos. No entanto, e apesar de se tratar de um potencial aumento de 4%, se o salário mínimo passasse de 480 euros para 500 euros, não acredito que esse aumento levaria ao aumento do consumo que as empresas afirmam necessitar. Esse aumento de 20 euros seria muito importante para muitas famílias, não para consumirem mais mas muito possivelmente para se endividarem um pouco menos. Afinal cerca de 700 mil pessoas estão actualmente em incumprimento bancário.

Um dos maiores impulsos que se poderia dar à economia portuguesa seria a implementação do regime de caixa do IVA, onde as PME teriam apenas de pagar o IVA ao Estado de facturas efectivamente já pagas pelos clientes. Outro impulso seria a baixa do IRC. Estas sim, seriam medidas que iriam promover o consumo privado e, por consequência, iriam suportar a subida do salário mínimo.

 IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
05/04/13
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