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Tou chim?
Num país com 10 milhões de habitantes existem 16,6 milhões de telefones que podem ser utilizados para efectuar ou receber chamadas móveis. Desses, cerca de 13,4 milhões estiveram em utilização em Setembro de 2012 (fonte: ICP-ANACOM).
Num sector tão importante e presente na vida
dos Portugueses, como os números acima demonstram, é natural que o
processo de fusão Zon/Optimus levante dúvidas nos consumidores e na
concorrência, mas neste caso não há razões para alarme. Zon e Optimus
são empresas complementares: nos segmentos onde uma é forte a outra não e
vice-versa. Daqui decorre que esta é uma concentração sem lado
pernicioso: os consumidores não perdem nenhuma oferta importante (as
áreas candidatas a desaparecer como sejam o móvel da Zon, ou a TV da
Optimus, não têm expressão).
Deste processo também não resulta qualquer posição dominante de
mercado. Pelo ‘share' concluí-se que resulta um concorrente mais forte,
mas que sozinho não comanda o mercado. Neste ponto convém relembrar a
ANACOM que em Portugal actua como ‘watchdog'.
Os consumidores têm a ganhar. Podem beneficiar de propostas
agressivas resultantes de uma organização mais eficiente com custos
absolutos mais baixos, ao mesmo tempo que surgirá uma nova oferta
integrada, o Quadruple Play (TV, Voz Fixo, Voz Móvel e Internet), que
actualmente apenas tem expressão na PT. Já para os concorrentes esta
situação não é bem vinda. A líder PT passa a ter um concorrente que pelo
seu tamanho, notoriedade e diversidade da oferta lhe fará frente.
Depois do ‘spin-off' forçado da TVCabo pela Opa de 2006 da Sonaecom este
é um novo e grande, se bem que previsível, revés.
A Vodafone fica isolada como um operador especializado no móvel, num
exemplo de que por vezes ser uma multinacional é uma desvantagem. Aquilo
que faria sentido numa lógica de negócio nacional (a fusão da Zon com a
Vodafone) colidiu com uma estratégia global da Vodafone para os seus
negócios. PT e Vodafone são potenciais perdedores. Depende como
reagirem. Os consumidores terão a ganhar. Depende como aproveitarem.
Gestor e Chartered Marketer
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
21/12/12
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