22/11/2012

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 DOUTRO SÉCULO
   
ALMA SERENA



Alma serena, a consciência pura,


assim eu quero a vida 
que me resta.

Saudade não é dor nem amargura,


dilui-se ao longe 
a derradeira festa.


Não me tentam 
as rotas da aventura,

agora sei que 
a minha estrada é esta:

difícil de subir, áspera e dura,


.                                           mas branca a urze,
       de oiro puro a giesta



                                                      Assim meu canto
          fácil de entender
                         

como chuva a cair, 
planta a nascer, 


como raiz na terra, 
água corrente.



                                      Tão fácil o difícil
          verso obscuro!




             Eu não canto, porém,
   atrás dum muro,


                                                    eu canto ao sol e
          para toda a gente.



Fernanda de Castro, in "Ronda das Horas Lentas"


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