20/09/2012

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DISCRIMINAÇÃO E DIVERSIDADE NO MUNDO DO TRABALHO




Funcionários com perfis diferentes são uma vantagem, fonte de criatividade e de inovação para as empresas. Ainda que esta ideia esteja a conquistar terreno na Europa, vários estudos mostram que as discriminações continuam muito presentes no mundo profissional. São discriminações de diferentes tipos e mais ou menos tabu.

Em 2000, duas diretivas europeias enquadraram juridicamente a luta contra a discriminação no trabalho. Os documentos reconhecem a orientação sexual como um critério de discriminação.

"A União Europeia tem um dos quadros jurídicos mais avançados em matéria de luta contra as discriminações", explica a jornalista Anne Devineuax. "Cada país tem um organismo público e independente encarregue de promover a igualdade de oportunidades", acrescenta.
Estes organismos emanam diretamente das diretivas do ano 2000 e devem garantir a aplicação das leis antidiscriminação. Fazem parte da Rede Europeia de Organismos para a Igualdade, a chamada Equinet.

A estrutura é dirigida por Jozef De Witte, que também lidera o Centro para a Igualdade de Oportunidades na Bélgica. "Primeiro, temos de deixar claro às pessoas que elas têm um direito fundamental que é não serem alvo de discriminação, e que se tiverem um problema deste tipo podem dirigir-se a um organismo público como o da igualdade para encontrarem uma solução", assinala. "Podemos iniciar um inquérito sobre um caso concreto, falar com todos os parceiros - por exemplo com quem, eventualmente, cometeu a discriminação - para encontrar algum tipo de compensação para a vítima e evitar que a situação se repita."

A União Europeia criou uma lista de critérios que garante o direito de apelar à Justiça em caso de discriminação. É o caso da origem étnica, do género, da idade, da orientação sexual, da deficiência e da religião.


Na prática, não é fácil provar que se foi alvo de discriminação. Yacouba Barry é oriundo do Burkina Faso e obteve a nacionalidade francesa. Admitido no concurso para diretor de escola, fez um estágio de director-adjunto num liceu de Paris, entre 2007 e 2009.

A discriminação começou no primeiro dia por parte da chefe, revela. "Logo que me viu, as suas primeiras palavras foram: 'O que fazes aqui? Não te quero aqui! Farei tudo para te despachar!' Estavam abertas as hostilidades. Durante dois anos, foi assim. Ela não hesitava perante qualquer forma de humilhação, de perseguição."


Yacouba tinha provas da discriminação e contava com o apoio dos professores, mas no fim do estágio não foi contratado. Por isso, aponta o dedo à cumplicidade dos inspetores da educação que colocaram em causa as suas competências.


"A educação nacional é, entre as instituições, aquela que está mais avançada na luta contra qualquer forma de discriminação. Mas entre a teoria e a prática há, por vezes, um longo caminho", critica.
Yacouba levou o caso a tribunal e está à espera de julgamento. Para ele, "até que se faça justiça, haverá vítimas".


Jozef De Witte, da rede Equinet, completa: "Ser rejeitado apenas pelo que se é e não pelo que se faz é muito difícil. Por isso, muitas pessoas não querem falar sobre essa situação de discriminação porque se sentem ofendidas e vulneráveis, sendo difícil encorajá-las a levar o caso a um organismo de igualdade ou a tribunal."


"Combater as discriminações passa também por encorajar o desenvolvimento das políticas de diversidade no seio das empresas", explica a jornalista Anne Devineaux. "Um pouco por toda a Europa, aparecem Cartas da Diversidade. Ao subscrevê-las, as empresas comprometem-se a favorecer a igualdade de oportunidades", completa.

Myrtha Casanova lançou a Carta da Diversidade em Espanha. Pioneira da luta pela diversidade na Europa, Myrtha trabalha há 30 anos nesta matéria.
  


* Mais uma excelente peça da "EURONEWS"

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