09/09/2012

22 - VULTOS DA CULTURA DA TERCEIRA REPÚBLICA »»» emanuel nunes


Emmanuel Nunes ComSE (Lisboa, 31 de Agosto de 1941Paris, 2 de Setembro de 2012) foi um compositor português radicado em Paris. Foi galardoado com o Prémio Pessoa em 2000.

BIOGRAFIA
Começou os seus estudos musicais na Academia de Amadores de Música de Lisboa mas, sem perspectivas de progressão e por ser opositor do regime ditatorial, prosseguiu os estudos musicais na Alemanha e na França (mestres: Francine Benoît e Fernando Lopes Graça em Portugal, nos Darmstädter Ferienkurse com Pierre Boulez, e na Hochschule für Musik Köln com Henri Pousseur, Jaap Spek, Georg Heike e Karlheinz Stockhausen). Defendeu na Sorbonne uma tese de musicologia sobre Anton Webern. Utilizava nas suas composições as mais variadas técnicas, mantendo-se próximo da linguagem tonal. Foi professor de composição e de música de câmara em Paris no Conservatório Nacional Superior de Música e Dança de Paris entre 1992 e 2006, tendo antes ocupado um lugar de professor de composição no Institut für Neue Musik da Hochschule für Musik Freiburg (1986-1992), dando também cursos na Fundação Calouste Gulbenkian, na Universidade de Harvard, e em Darmstadt.
Obteve vários prémios, dos quais se destaca o 1º prémio de Estética Musical (classe de Marcel Beaufils) do Conservatório Nacional Superior de Música de Paris, em 1971, e o Prémio do International Music Council (UNESCO) para compositores, em 1999[1]. Nomeado em 1986 Oficial da Ordem das Artes e das Letras pelo Governo de França, e condecorado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, de Portugal, a 10 de Junho de 1991

Música dramática

Estreou a 25 de Janeiro de 2007 no Teatro Nacional de São Carlos, Lisboa, e foi transmitida em directo para 14 teatros portugueses através de ecrãs gigantes.
A peça, é inspirada numa novela do escritor russo do Século XIX Fiódor Dostoiévski, A Submissa.

Música orquestral

  • Fermata, orquestra e banda magnética (1973)
  • Ruf, orquestra e banda magnética (1977)
  • Chessed I, 4 grupos instrumentais(1979)
  • Chessed II, 6 instrumentos solistas e orquestra (1979)
  • Sequencias, clarinete, 2 vibrafones, violino e orquestra (1982/1983–88)
  • Quodlibet, 28 instrumentos, 6 percussionistas e orquestra (2 maestros) (1990–91)
  • Chessed IV, quarteto de arcos e orquestra (1992)

Música de Câmara

  • Wandlungen, ensemble e live electronics (1986)
  • Clivages I e II, 6 percussionistas (1987 e 1988)
  • Lichtung I, clarinete, trompa, trombone, tuba, 4 percussionistas e violoncelo (1988/91)
  • Chessed III, quarteto de arcos (1990–91)

Instrumento solista

  • Litanies du feu et de la mer I, piano (1969)
  • Litanies du feu et de la mer II, piano (1971)
  • Einspielung III, for solo viola (1981)
  • Ludi concertati no. 1, flauta baixo(1985)
  • Aura, flauta (1983–89)

Música vocal

  • Machina Mundi, 4 instrumentos solistas, coro, orquestra e banda magnética (1991–92)

Referência no "PÚBLICO"

Vencedor do prémio Composição da UNESCO em 1999 e do Prémio Pessoa em 2000, era uma das mais relevantes figuras da música contemporânea europeia, tendo dividido a sua vida entre Lisboa e Paris. Autor de uma vasta obra – que se divide entre ópera, coros e composições para diferentes instrumentos –, recebeu, em 1971, o Prémio de Estética Musical do Conservatório de Música de Paris, cidade onde passou a viver a partir de 1964, quando se exilou por oposição ao Estado Novo.

Nunes começou por estudar harmonia e contraponto na Academia de Amadores de Música de Lisboa, e depois Filologia Germânica na Universidade de Lisboa. Os seus estudos em composição foram feitos sob orientação de Fernando Lopes-Graça mas, em 1964, exilou-se em Paris por oposição ao regime: "Não havia mais nada que alguém me pudesse ensinar. E por isso saí do meu país. O meu estatuto político também me deixava inseguro e por isso passaram vários anos até regressar", disse em entrevista.

Nunes nunca deixou, ao longo de todo o seu trabalho, de perseguir novos modos de compor. Quando, numa entrevista, lhe perguntaram o que era mais importante, Nunes respondeu: "Para mim é mais importante saber o que não quero, do que saber o que quero". Em 1970 o compositor começou a introduzir música electrónica no seu trabalho. António Jorge Pacheco, director artístico da Casa da Música, dizia numa entrevista publicada no programa do Huddersfield Contemporary Music Festival que "o papel da electrónica havia sido criticado como sendo superficial noutros compositores", mas que na obra de Nunes, "a sua integração é evidente e necessária para a [construção] da imagem sonora".

Grande parte da sua obra tem sido objecto de atenção pelo Remix Ensemble, da Casa da Música. 


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