16/05/2012

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ILHAS SELVAGENS


HISTORIAL
 Estas Ilhas encontram-se legalmente protegidas desde 1971, como reserva, tendo sido a primeira de Portugal. A grande motivação para a proteção destas ilhas foi a necessidade urgente em preservar a colónia de cagarras que nesta altura apresentava fortes indícios de regressão. 

A partir de 1976 esta reserva passou a ter vigilância permanente. Em 1978 foram classificadas como Reserva Natural, como reconhecimento do grande interesse do seu património natural. A partir de 1991 a gestão destas ilhas passou a ser inteiramente da responsabilidade da Secretaria Regional do Ambiente, através do Serviço do Parque Natural da Madeira. Desde 1992, são distinguidas com o Diploma Europeu do Conselho da Europa para Áreas Protegidas, como reconhecimento do grande interesse do seu património natural, bem como do trabalho desenvolvido em prol da conservação. Em 2000, lançou-se um projecto de recuperação dos habitats terrestres da Selvagem Grande e, após estudos de variabilidade da espécie, foi tomada a decisão da erradicação da planta tabaqueira, do coelho e dos ratos, a qual obteve êxito total. Com este projecto conseguiu-se erradicar os coelhos e os ratos e manter sob controlo a tabaqueira. 

Em 2001, estas ilhas, passaram a integram a Rede Natura 2000, como Zona de Protecção Especial (ZPE) e Zona Especial de Conservação (ZEC). São igualmente uma "Important Bird Area" (IBA), em português, "Área Importante para as Aves". Todo este reconhecimento deve-se ao facto das Ilhas Selvagens combinarem uma variedade de factores, nomeadamente: localização geográfica, isolamento e condições de colonização muito difíceis. 
Assim sendo, estas Ilhas apresentam habitats e espécies que são representativos e importantes para a conservação in situ da biodiversidade, particularmente dos que são vulneráveis a nível Mundial. Em 2009, com a aprovação do Plano de Ordenamento e Gestão das Ilhas Selvagens, estas ilhas deixaram de ser Sítio de Importância Comunitária (SIC) e foram classificadas de Zona Especial de Conservação (ZEC). 

LOCALIZAÇÃO 
A Reserva Natural das Ilhas Selvagens localiza-se a sudeste da Ilha da Madeira, tendo como coordenadas 30° 05’ 40’’ norte e 15° 51’ 50’’ oeste, e integra uma área terrestre composta por três ilhas (Selvagem Grande, Selvagem Pequena e Ilhéu de Fora) e ilhéus adjacentes, e por toda a área marinha envolvente até à batimétrica dos 200 metros. Os arquipélagos mais próximos são a Madeira e as Canárias, a aproximadamente 163 e 82 milhas náuticas respectivamente. 

VALORES NATURAIS 

HABITATS 
As Ilhas Selvagens combinam uma variedade de factores, nomeadamente: localização geográfica, isolamento e condições de colonização muito difíceis, que as fazem apresentar habitats que são representativos e importantes para a conservação in situ da biodiversidade.

 Dado à grande importância destes habitats, alguns estão classificados de "Habitats de interesse comunitário". 

Habitats de interesse comunitário presentes nas Ilhas Selvagens: 
-  Bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco profunda;
- Lodaçais e areias a descoberto na maré baixa; 
- Enseadas e baías pouco profundas; 
- Falésias com flora endémica das costas macaronésias; 
- Formações baixas de euforbiáceas junto a falésias.

 FAUNA 
A fauna vertebrada das Ilhas Selvagens é caracterizada pelo largo domínio das aves marinhas nidificantes e pela ausência de mamíferos nativos. Estas ilhas são um santuário de nidificação de aves marinhas, possuindo condições singulares e únicas em todo o Mundo. Da avifauna nidificante conhecem-se nove espécies, entre as quais: 
- a cagarra Calonectris diomedea borealis, 
- calcamar Pelagodroma marina hypoleuca, 
- alma-negra Bulweria bulwerii, 
- roque-de-castro Oceanodroma castro  
- pintainho Puffinus assimilis baroli. 

CAGARRA
 A colónia de cagarras, nesta área, apresenta-se como a maior densidade em todo o mundo. Contudo, a ave mais numerosa destas ilhas é o calcamar. As aves residentes que podem ser encontradas durante todo o ano nas Ilhas Selvagens são o corre-caminhos Anthus bertheloti bertheloti, um passariforme cuja subespécie é a mesma que se encontra nas Ilhas Canárias mas não no Arquipélago da Madeira, e um pequeno número de casais de francelhos Falco tinnunculus canariensis, uma rapina de pequeno porte cuja subespécie é endémica do Arquipélago da Madeira.
FRANCELHO

Também poderão cá ser observadas outras aves que, ocasionalmente ou acidentalmente visitam as Ilhas Selvagens, sobretudo no outono e na primavera. São aves que se perdem das rotas migratórias e que encontram aqui, no meio do Atlântico, o sítio ideal para descansar e recuperar forças, para o prosseguir da viagem. As outras espécies de vertebrados que podemos encontrar são a osga Tarentola bischoffi e a lagartixa Teira dugesii selvagensis, que ocorrem exclusivamente nas Ilhas Selvagens.
ALMA NEGRA

Nestas ilhas, também podemos encontrar um apreciável número de invertebrados endémicos, com um elevado número de insectos endémicos, sobretudo coleópteros e lepidópteros. Nos gastrópodes terrestres temos atualmente oito espécies dadas para as Ilhas Selvagens, sendo uma endémica da Macaronésia, Ovatella aequalis e uma endémica das Ilhas Selvagens, Theba macandrewiana. 
Ovatella aequalis

O meio marinho destas ilhas fica caraterizado pelas suas águas límpidas, onde guarda uma fauna abundante e diversificada. Nas zonas rochosas são frequentes os gastrópodes, como sejam as litorinas, caramujos, cracas e lapas. Encontram-se igualmente com frequência ouriços-do-mar, sendo a espécie dominante o ouriço-de-espinhos-compridos Diadema antillarum. 
OURIÇO
 Junto com estes animais, coabitam várias espécies de esponjas, anémonas e estrelas-do-mar. No que se refere aos peixes, observam-se com frequência a castanheta Chromis limbata e Abudefduf luridus, taínha Liza aurata, boga Boops boops, sargo Diplodus sp., garoupa Serranus atricauda, bodião Sparisoma cretense, peixes-cão Bodianus scrofa, peixes-verde Thalassoma pavo. 
GAROUPA
 Várias espécies de tartarugas como de cetáceos também podem ser observadas nas águas circundantes destas Ilhas. 




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FLORA 
O coberto vegetal destas ilhas é composto por espécies perfeitamente adaptadas às condições edafoclimáticas. A cobertura florística terrestre compreende mais de uma centena de espécies de plantas vasculares e apresenta a percentagem mais elevada de endemismos por unidade de superfície de toda a Região da Macaronésia. 
CILA-DA-MADEIRA

A vegetação da Selvagem Pequena e do Ilhéu de Fora é composta somente por espécies indígenas e endémicas, sem quaisquer introduções. Estas duas ilhas apresentam uma cobertura e um número surpreendente de espécies exclusivas. A Selvagem Grande apresenta igualmente um coberto vegetal peculiar e uma interessante flora com endemismos da ilha, outros comuns às restantes Ilhas Selvagens e da Macaronésia, para além de ser o limite da distribuição de determinadas espécies no hemisfério sul ou no norte. 
FIGUEIRA DO INFERNO
 As Ilhas Selvagens são detentoras de onze endemismos exclusivos, entre os quais: cila-da-madeira Autonoe madeirensis , estreleira Argyranthemum thalassophilum, Lobularia canariensis ssp. rosula–venti, Lotus salvagensis, Monanthes lowei e figueira-do-inferno Euphorbia anachoreta. Com o intuito de preservar este património natural, em 2001 iniciou-se um trabalho de erradicação de plantas invasoras, isto é, plantas que não fazem parte da flora indígena da área e que se alastram com muita facilidade, competindo e destruindo os habitats naturais das espécies indígenas. Exemplos de espécies que estão a ser monitorizadas e controladas são a tabaqueira Nicotiana glauca e mais recentemente, a Conyza bonariensis. 

A flora marinha das Ilhas Selvagens apresenta semelhanças à dos arquipélagos vizinhos. A irregularidade dos fundos e a predominância de substratos rochosos, proporciona a colonização por algas fotófilas. Estudos indicam a presença de 173 espécies de macroalgas, com predominância para as algas vermelhas. 

GEOLOGIA 
As Ilhas Selvagens são um grupo de ilhas oceânicas de origem vulcânica. 
 A sua história geológica está relacionada com a abertura e expansão do Oceano Atlântico, processo que teve início há cerca de 200 milhões de anos e que continua nos nossos dias. Instaladas na rampa continental africana, estas ilhas não são mais que afloramentos rochosos que constituem a parte emergida de um único edifício vulcânico que nasceu há cerca de 27 milhões de anos das profundezas do Oceano Atlântico. 
Por assim ser, compreendem um património geológico de grande valor e tudo indica que estas detêm o título de primeiras ilhas da Região Autónoma da Madeira a se formarem. 
A Selvagem Grande é constituída por escórias vulcânicas porosas, que dão origem a um solo de superfície vitrificada. Na base visível da Selvagem Grande podem ser observados estratos geológicos, no topo dos quais se depositou uma espessa camada de areia calcária de cor amarela durante o Mioceno, período em que a ilha esteve submersa. Esta areia que se infiltrou nas fracturas causadas pelas explosões vulcânicas, originou os actuais diques calcários. Mais tarde, ter-se-ão formado depósitos de cinzas, areias vulcânicas e lapilli sob imersão. Finalmente, as últimas erupções cobriram a maior parte da ilha com uma camada de lava basáltica. 

No passado, estas ilhas deverão ter tido um grau de humidade muito mais elevado do que o actual, o que poderá justificar a presença do elevado número de conchas fósseis expostas no planalto da Selvagem Grande, mais precisamente no Chão dos Caramujos, outrora pertencentes a caracóis terrestres. 

VALORES CULTURAIS 
A descoberta oficial das Ilhas Selvagens é atribuída ao descobridor português Diogo Gomes em meados do século XV. No entanto, existem relatos que demonstram serem anteriormente conhecidas no Mundo. Desde o século XVI, como território de privados, as Ilhas Selvagens foram mudando de posse por herança até que, em 1971, passam a estar sob a administração territorial da Região Autónoma da Madeira.
Estas foram várias vezes alvo de tentativas de colonização mas,devido à inospicidade e, principalmente, inexistência de água, nunca passaram disso mesmo: de tentativas. Desses períodos, na Selvagem Grande, ficaram alguns vestígios, tais como: muros de pedra, uma velha cisterna e respectivos canais. Durante esses mesmos tempos, e de forma a servir de alimento às pessoas que por cá tentavam fazer vida, foram introduzidos coelhos e cabras, acção que tivera repercussões negativas nos ecossistemas naturais do local, tornando algumas espécies em raras e obrigando-as a sobreviver somente nos locais mais inacessíveis. 
No final do século XIX as cabras acabaram por se extinguir devido à caça. Sabe-se, por exemplo, que os seus proprietários, obtinham boas fontes de rendimento com a pesca e salga de peixe, que depois era vendido na Ilha da Madeira. 
  
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No entanto, a actividade mais lucrativa na história das Ilhas Selvagens era a captura de cagarras, ave pelágica marinha que nidifica nestas ilhas. De setembro a outubro de cada ano, ou no fim da época de reprodução, eram organizadas expedições a estas ilhas com o intuito de capturar o máximo possível de juvenis. As aves eram mortas e aproveitadas para serem utilizadas de várias formas: a carne para o consumo humano, as penas para o fabrico de colchões e outros fins. Estas actividades foram mantidas de uma forma controlada até se iniciar a utilização de barcos a motor, altura em que a colónia de cagarras começou a mostrar fortes indícios de regressão. A última expedição às Ilhas Selvagens para a matança dos juvenis de cagarra partiu do Funchal, a 15 de Setembro de 1967. 

Existem registos de que também o estrume resultante da acumulação de excrementos de cagarra fora também comercializado, de forma a ser usado na fertilização das terras agrícolas na Ilha da Madeira. Também era costume, as pessoas da Ilha da Madeira irem às Ilhas Selvagens recolherem urzela Rocella canariensis, um líquen que cresce nas escarpas, muito utilizado na altura para tingir tecidos de cor violeta, e barrilha Mesembryanthemum crystallinum, M. nodiflorum e Suaeda vera, utilizadas no fabrico de sabão, actividades estas que constituíam uma excelente fonte de rendimento. 

SELVAGEM GRANDE 
A Selvagem Grande é a maior ilha das ilhas Selvagens, parte integrante da Região Autónoma da Madeira, Portugal. Tem uma área de cerca de 5 km². A ilha pertence ao Grupo Nordeste, que inclui mais três ilhéus: Sinho, Palheiro do Mar e Palheiro da Terra. 


  
 As suas encostas são escarpadas, com algumas grutas. O seu ponto mais elevado é o Pico da Atalaia, com cerca de 163 metros de altura. Neste pico, em dias de boa visibilidade, consegue-se avistar, a sul, os 3.718 metros do Pico de Teide, da ilha de Tenerife, nas Canárias. Das ilhas Selvagens, a Selvagem Grande é a única ilha que é habitada todo o ano. 

De três em três semanas, um barco da armada faz a ligação a esta ilha com o intuito de trocar a equipa de vigilantes do Parque Natural da Madeira bem como de levar mantimentos. Estes profissionais, além do trabalho de vigilância, asseguram, ainda, todo o trabalho científico de rotina, monitorizando diversos parâmetros ambientais, em terra e no mar (fauna e flora). Nesta ilha além do farol, existem duas cisternas para armazenar água. 

História 
A Selvagem Grande era alvo de expedições regulares de caça até à criação do Parque Natural da Madeira, e ao estabelecimento de um posto de vigilância permanente. Em 1976, foram realizadas várias expedições de caça a esta ilha, que dizimaram a população de cagarra ali existente, tendo sido abatidos juvenis e adultos, indiscriminadamente. Desde então a população tem vindo a crescer lentamente. Existem vestígios de povoamento, como: socalcos, uma cisterna, condutas para água (levadas) e ainda um forno. Bem como a introdução de coelhos e, acidentalmente, de ratos, ambos contribuíram para a alteração da flora. Em 2002 iniciou-se um projecto que visa a erradicação de todas as espécies introduzidas. 

SELVAGEM PEQUENA 
A Selvagem Pequena (também conhecido por Pitão Grande) é uma ilha situada a sudeste da Selvagem Grande, nas ilhas Selvagens, parte integrante da Região Autónoma da Madeira, Portugal. 



 

A Selvagem Pequena é uma ilha que apresenta uma cota baixa, rodeada de baixios que lhe permitem duplicar a sua área consoante a maré. Para além de zonas rochosas, a ilha, possui ainda dunas interiores e apresenta uma praia de areia branca. 
Tem uma área de apenas 20 hectares. Existem um farol activo e uma estação de vigilância da Reserva Natural das Ilhas Selvagens, que serve para alojar os vigias que lá vão de Abril a Novembro, época em que as condições marítimas o permitem, visto que durante o Inverno esta ilha é quase inacessível. É frequente encontrar vestígios de derrames de combustível. A sua única elevação é o Pico do Veado, um cabeço rochoso com 49 metros de altitude na costa norte da ilha. 
A Selvagem Pequena localiza-se a cerca de 300 quilómetros da ilha da Madeira e a cerca de 160 das Canárias. Tanto a Selvagem Pequena quanto o Ilhéu de Fora possuem uma cobertura vegetal no seu estado natural, dado que estas ilhas nunca sofreram a introdução de plantas ou animais, sendo estas verdadeiras montras do passado. 

Esta ilha possui nove endemismos dos onze que existem no subarquipélago Selvagens.


 IN 
- WIKIPEDIA e











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