26/04/2012


 
HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"

Poderá o clube dos cinco 
acabar numa corrida a dois? 

Com o terceiro maior grupo de saúde à venda e o apetite dos privados por uma procura que o Estado nem sempre consegue atender, o mercado português poderá assistir a uma crescente consolidação do sector.

 Hoje são cinco os grupos que mais se destacam na prestação de cuidados de saúde em Portugal. E amanhã? A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está vendedora da HPP - Hospitais Privados de Portugal e entre os potenciais compradores está a Espírito Santo Saúde (ESS), que pode ter aqui uma oportunidade de ouro para ganhar escala e bater o grupo Mello. Entre os dois maiores da saúde privada em Portugal há ainda um fosso de 127 milhões de euros de facturação. 

 Porém, a ESS, que admitiu estar a "estudar parcerias", não está isolada. A angolana Sonangol já manifestou interesse na HPP. Serão o grupo Espírito Santo e a Sonangol concorrentes ou aliados na saúde em Portugal? Esta é uma de varias incógnitas no mercado privado de saúde.

 Poderá a consolidação do sector injectar maior pressão na capacidade concorrencial dos pequenos prestadores? Para grupos de menor dimensão, o tamanho, aparentemente, não é o que mais conta. O presidente da Galilei Saúde, António Monteiro de Lemos, considera "inegável" que o mercado beneficiará com critérios de racionalização. Mas, acrescenta o gestor ao Negócios, isso passará "sempre" por uma "competitividade baseada mais na competência e na humanização do que apenas na dimensão". 

MAIORES GRUPOS FACTURAM QUASE MIL MILHÕES POR ANO

 Os cinco principais grupos de saúde do País, todos controlados por investidores nacionais, têm anualmente receitas de mais de 900 milhões de euros, mas as margens de lucro, quando existem, estão longe das de outros sectores de actividade. Os grupos Mello e Espírito Santo concentram mais de dois terços do mercado.

 José de Mello Saúde:  

Líder factura 400 milhões Líder do mercado privado de saúde em Portugal, o grupo José de Mello alcançou no ano passado um volume de negócios de 401 milhões de euros, com um crescimento de 12,3% face a 2010. Já o resultado líquido, que em 2010 se havia cifrado num prejuízo de 4,1 milhões de euros, passou para terreno positivo, dando em 2011 um lucro de 1,1 milhões de euros. No entanto, o resultado líquido da José de Mello Saúde, explicou fonte da empresa ao Negócios, tem sido "fortemente afectado pelos investimentos realizados nos últimos três anos", nomeadamente o hospital CUF Porto e o novo hospital de Braga, este último em parceria público-privada (PPP). "Em 2012, pretendemos continuar a consolidar a nossa actividade e a crescer de forma sustentada", explica a José de Mello Saúde, sem, no entanto, revelar as suas perspectivas para a evolução dos resultados neste ano. 

Espírito Santo Saúde:  
Grupo cresceu 10% em 2011 A Espírito Santo Saúde é o segundo maior operador privado, tendo atingido em 2011 um volume de negócios de 274 milhões de euros, mais 10% que no ano anterior. Trata-se da maior facturação de sempre da empresa, ainda que o ritmo de crescimento seja o menor desde a sua criação, reflectindo a consolidação do negócio da Espírito Santo Saúde. Os resultados já divulgados pelo Espírito Santo Financial Group indicam que a sua subsidiária para a actividade de saúde fechou 2011 com uma margem de EBITDA face às receitas de 17%, a mais alta desde o lançamento da Espírito Santo Saúde. "Futuramente, espera-se um mínimo de 20% de margem EBITDA", refere o grupo, sublinhando o contributo do Hospital da Luz, do Hospital da Arrábida e da Hospor. De 2010 para 2011 a Espírito Santo Saúde, também detentora das clínica Cliria, subiu o seu lucro de 1,5 para 5 milhões de euros. 

HPP Saúde: Resultados ainda no vermelho 

 Em 2011, a HPP Saúde, controlada pelo grupo Caixa Geral de Depósitos, viu os seus proveitos crescerem 11%, para 189 milhões de euros. Contudo, o resultado líquido recorrente permaneceu no vermelho, com a HPP a apurar um prejuízo de 15 milhões de euros. Em 2010 a empresa já tinha tido perdas de 24 milhões de euros. A HPP nota, ainda assim, que na vertente da produção clínica houve "crescimentos significativos" de 2010 para 2011, com um incremento de 15% nas consultas, de 12% nas cirurgias e também de 12% nas diárias de internamento. O Hospital dos Lusíadas, em Lisboa, é agora um dos principais activos da HPP, que se depara, a escassas centenas de metros, com a concorrência do Hospital da Luz, do grupo Espírito Santo. A HPP tem ainda na sua oferta o Hospital da Boavista (Porto), o Hospital de Cascais (em parceria público-privada) e unidades em Faro, Lagos e Sangalhos. 

 Trofa Saúde: Expansão contempla aquisições 

 Criado há cerca de dez anos a partir da Casa de Saúde da Trofa, o grupo nortenho conta já com mais de uma dezena de unidades de saúde, onde se incluem os hospitais privados da Trofa, Boa Nova, Braga e Alfena. A próxima abertura será o Hospital Privado de Gaia. O grupo Trofa Saúde detém ainda vários hospitais de dia (Famalicão, Maia e Porto), bem como uma clínica em Paços de Ferreira. No seu percurso conta a compra do Hospital Particular de Lisboa, que acabaria por vender. A Trofa Saúde alcançou em 2011 uma facturação em torno de 50 milhões de euros, segundo revelou o presidente do grupo, António Vila Nova, numa entrevista à "Exame", em Março. O empresário acredita que, sem o efeito de aquisições, a Trofa Saúde poderá triplicar as suas receitas até 2015. Mas António Vila Nova garante que "o grupo jogará no campeonato nacional", admitindo crescer por aquisições. 

 Galilei Saúde: Antigo GPS quer sair do prejuízo 

A Galilei Saúde, que agrega os activos de saúde que faziam parte da antiga Sociedade Lusa de Negócios (SLN, ex-dona do BPN), tem procurado abandonar a rota dos prejuízos. Dos 12 milhões de euros de perdas de 2008 o grupo conseguiu baixar para 2,6 milhões em 2009, voltando a reduzir o prejuízo em 2010, para 1,7 milhões de euros. O resultado de 2011 ainda não foi publicado. Com um volume de negócios de 44 milhões de euros em 2011 e um resultado operacional positivo, fruto de uma série de "medidas de racionalização", a Galilei Saúde controla o British Hospital, a BMC, a Microcular, as unidades de imagiologia IMI e Cedima e o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul, este último em parceria público-privada. Antes de ser Galilei, o Grupo Português de Saúde concorreu a vários projectos de hospitais em PPP, mas o Estado acabou por escolher os grupos Mello e Espírito Santo. 



* NEGOCIATAS DA SAÚDE... CARTÉIS À VISTA!!!

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