05/03/2012



HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"

Construção em Portugal à beira colapso

O sector da construção em Portugal está à beira do colapso, e é urgente que o Estado pague as suas elevadas dívidas às construtoras e tome medidas de estímulo ao investimento, caso contrário as falências e o desemprego vão disparar, disse hoje o presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) em entrevista à Reuters.

Manuel Reis Campos garante que o sector (que representa 18,2% do PIB português) "está a atravessar a mais profunda e prolongada crise de que há registo", e prevê mesmo uma queda do volume de produção de 11,5% em 2012, que se somará à quebra acumulada de 41% desde 2002, quando o sector entrou em contracção. Recorde-se que em 2011, a produção caiu 9,4%.

"O sector está num estado de emergência porque as empresas de construção e imobiliário estão numa situação limite", disse o líder da CPCI, a maior confederação portuguesa do sector, que representa mais de 200 mil empresas de construção e imobiliário que empregam um total de 760 mil trabalhadores.

Estado e autarquias devem 1.400 milhões às construtoras

"O que é que se pode fazer para contornar a crise do sector? Em primeiro lugar, o Governo deveria pagar as dívidas que tem às empresas. As autarquias devem 900 milhões e a Administração Central 500 milhões", acrescentou Reis Campos.

Alertou que a banca vai ser fortemente penalizada porque o crédito às empresas de construção e imobiliário ascende a cerca de 40.000 ME, e as empresas não têm como pagar. "A banca considera que o sector está em risco, as empresas não dão garantias e, ao mesmo tempo, a banca exige o pagamento imediato das dívidas, havendo contas caucionadas e 'spreads' elevadíssimos. Era importante que, da parte da banca, houvesse um comportamento igual ao que recebeu do Estado quando esteve em dificuldades. Há um comportamento quase abusivo em relação às empresas de construção", considerou.

Na mesma entrevista à Reuteurs, Reis Campos diz que "se não forem tomadas medidas de investimento público, privado, reabilitação urbana, obras de proximidade e um maior apoio à internacionalização, em 2012 podem ser destruídos mais 140 mil postos de trabalho".

"O Governo não tem ouvido as associações e o ajustamento do sector está a ser feito de uma forma avulsa, com as insolvências, o incumprimento e os salários em atraso a marcarem o dia-a dia de muitas empresas", acusa o responsável.


* Era esperado, o conluio entre patos bravos e o poder político, no sentido de se construir sem regra, só podia conduzir a este resultado. Será que os empreiteiros não perceberam que não se podia construir à balda e foram na onda, quando já há muito se comentava o disparate???


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