21/03/2012

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HOJE NO
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“Suicido-me por causa do meu trabalho”

Produtividade e reestruturações a qualquer preço têm um custo: a vida. Da France Télécom às fornecedoras da Apple

Julho de 2009. Um trabalhador da France Télécom suicida-se em Marselha. Deixa uma nota: “Suicido-me por causa do meu trabalho na France Télécom. Esta é a única razão.” Agosto de 2009. Um francês de 28 anos é encontrado morto na sua garagem. “Excesso de trabalho” e “métodos de gestão pelo terror” na operadora são as expressões que deixa na despedida. 26 de Abril de 2011. Outro trabalhador da France Télécom incendeia-se no estacionamento da empresa.

Foi assim, um a um, que entre 2008 e 2011 se registaram perto de 60 suicídios entre trabalhadores da telecom. Em 2008, a operadora iniciou um agressivo plano de reestruturação, que passou por despedimentos, relocalizações forçadas e a imposição de agressivas metas de produtividade. O resultado da estratégia ficou à vista nas notas de suicídio: bullying, stress, pressão extrema, cortes, obrigação de mudar de local de trabalho para o canto oposto do país... Todos os que deixaram notas de suicido apontaram estas como razões.

Mas os suicídios motivados pelo stress laboral não foram um exclusivo da France Télécom ou da Europa. Também na China, onde empresas como a Apple encontram fornecedores baratos para alimentar a procura pelos seus produtos, registou recentemente uma vaga de suicídios que alertaram a comunidade internacional para o custo dos baixos preços praticados pelas tecnológicas. A Foxconn, fábrica chinesa responsável pela construção de todos os Macs, iPod, iPhone e iPads, assistiu a 18 tentativas de suicídio em 2010 – 14 com sucesso.

O diagnóstico foi depois feito por 20 universidades chinesas: a fábrica é um campo de trabalhos forçados. A atenção mediática e a denúncia das universidades – que versava sobre os salários pagos e os horários exigidos para alimentar a Apple ou a Dell – levaram a alterações radicais nos procedimentos da Foxconn. Menos horas, mais salários. Em contrapartida, os trabalhadores foram ‘convidados’ a assinar acordos em como não processariam a empresa no futuro por danos irreversíveis que possam sofrer.


* Os patrões quando se suicidam, são poucos, não é por causa dos empregados, ou é o Estado que os entala ou as vigarices que são muitas. 
Os sérios mantém-se na luta.


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