07/02/2012




HOJE NO
"PÚBLICO"

Emanuel Furtado
O único cirurgião que transplanta 
o fígado de crianças está de volta

Depois de uma interrupção de nove meses, o único médico capaz de realizar transplantes hepáticos em crianças vai voltar a fazê-los.
Emanuel Furtado, o único cirurgião capaz de realizar transplantes hepáticos pediátricos em Portugal, afirmou ontem que, para além de "tratar as crianças", a sua principal missão, nos próximos anos, "é formar uma equipa que garanta o futuro" daquele tipo de intervenção cirúrgica em Portugal. "Essa sempre foi a minha intenção, mas nunca tive condições para o fazer", afirmou o médico, que a partir de dia 15 de Março, depois de um interregno de nove meses, volta a fazer transplantes, no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC).

Numa visita ao Hospital Pediátrico, Emanuel Furtado e o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Leal da Costa, evitaram responder a questões relacionadas com os conflitos que em 2010 levaram o cirurgião a concorrer para um lugar no Instituto Português de Oncologia, abandonando os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).

O médico foi vago, referindo-se a "contingências relacionadas com a evolução das instituições e com a vontade dos responsáveis"; o governante mostrou irritação quando um jornalista perguntou se a saída do cirurgião se devera a incompatibilidades com as chefias e se isso estava relacionado com o regresso. "Eu não venho discutir questões de "pessoalização". Isto não é um jogo de xadrez nem um jogo de cadeiras. Para mim não é, não tem sido e não vai ser", disse.

Já no quadro do IPO e durante seis meses, até Junho do ano passado, Emanuel Furtado assegurou a realização de cinco transplantes, sempre em situações de emergência, nos HUC. Só depois de aquela colaboração ter terminado, o que estava previsto desde Janeiro, é que a administração daquele hospital e o Ministério da Saúde decidiram recorrer a Madrid, para onde passaram a ser encaminhadas as crianças.

Mãos livres para equipa

Ontem, numa visita a Coimbra, o secretário de Estado assegurou que Emanuel Furtado será livre de recrutar os membros da sua equipa. O médico disse que haverá elementos novos e outros já com alguma experiência, mas ressalvou que a formação de cirurgiões na área da transplantação pediátrica é demorada, "especialmente num país como Portugal, em que a quantidade de intervenções necessárias (entre 12 e 17 por ano) é relativamente baixa".

Em Espanha está uma criança, que provavelmente só regressará após o transplante; a partir de amanhã começam a ser avaliadas no Hospital Pediátrico de Coimbra as restantes seis candidatas a transplantação hepática; e até ao dia 15 de Março estarão reunidas todas as condições necessárias para o início das cirurgias, concordaram cirurgião e governante. Não quiseram especificar a que condições se referiam.

A transplantação hepática pediátrica foi introduzida em Portugal, em 1994, precisamente pelo pai de Emanuel Furtado, Linhares Furtado. Até ao ano passado, aquela era feita no âmbito de um acordo entre os HUC e o Hospital Pediátrico, que agora pertencem, ambos, ao CHUC.

Numa primeira fase, as crianças continuarão a ser operadas no edifício dos HUC e a ser seguidas, depois, no do HP, pela hematologista Isabel Gonçalves. Ontem, esta especialista desdramatizou a morte de duas crianças cujo transplante foi feito em Madrid: "Não há nenhum centro, nem entre os melhores do mundo, que tenha cem por cento de sobrevida. Um bom objectivo é ter 95% um ano após o transplante e não ter mortalidade em lista [de espera]", disse. Com cerca de 180 crianças submetidas a transplante hepático desde 1994, em Coimbra a taxa de sobrevida após dez anos é de 84%.


* BEM VINDO SR DOUTOR, não percebemos porque o Estado o dispensou mas o importante é que tenha voltado para bem das nossas crianças, pois elas são o futuro.

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