12/01/2012



HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
 
Automóvel
Construtores 'encolhem' carros para ultrapassar a crise

O Salão Internacional Automóvel de Detroit, que decorre até 22 de Janeiro, é a demonstração clara que, para ultrapassar a crise, as marcas estão a 'encolher' os carros, de forma a apresentar preços competitivos e menos consumos.

A mudança de rumo tem o objectivo de, já este ano, consolidar a recuperação da crise. É o caso da General Motors (GM), Ford e o grupo Chrysler, os chamados "três grandes" de Detroit, que, coincidência ou não, estão a lançar novos modelos compactos e de tamanhos médios, um mercado dominado há anos pelos japoneses e europeus.

Em declarações à agência espanhola EFE, James Bell, responsável pelos consumidores da GM, disse que "o gosto dos norte-americanos europeizou-se", e acrescentou que a subida dos preços dos combustíveis para níveis recorde faz com que os tradicionais 'carrões' americanos percam protagonismo.

James Bell cita como exemplo a apresentação do Cadillac ATS, uma berlina de luxo que reduziu o seu tamanho tradicional para competir com o Serie 3 da BMW ou o classe C da Mercedes Benz.

"O grupo GM nunca prestou atenção a estes segmentos de mercado, acreditávamos que o que vingasse nos Estados Unidos, vingaria em todo o lado, mas agora estamos com novas ideias e chegámos à conclusão que um automóvel não tem de ser grande para ser
divertido", disse.

O pensamento de James Bell foi escutado em cada uma das 30 apresentações mundiais do salão de Detroit no gigantesco complex de Cobo Center.

O optimismo em Detroit está a espalhar-se a todos os fabricantes mundiais presentes no salão, depois de a venda de carros nos Estados Unidos ter subido 10 por cento em 2011, atingindo os 12,8 mil milhões de dólares (10 mil milhões de euros), de se esperar uma nova subida em 2012 e de as empresas que estiveram quase na bancarrota em
2009 estarem agora a recuperar.

O presidente executivo da Ford, Alan Mulally, disse na apresentação do novo Fusion, conhecido como Mondeo fora dos Estados Unidos, que espera que o grupo possa aumentar em 12 mil novos empregos até ao final do ano e centrar a sua expansão nos mercados emergentes.

Para isso, Alan Mulally confia nos carros mais pequenos do grupo, como o Focus, um dos mais vendidos nos Estados Unidos, o Fiesta, que passará ao ataque no mercado norte-americano e o Mondeo para arrebatar a liderança aos japoneses da Toyota Camry e Honda Accord.

Outra marca que se 'europeizou' foi a Dodge, do grupo Chrysler, que através da italiana Fiat, que controla a empresa desde 2009, apresentou o Dodge Dart, un modelo compacto com um 'design' baseado na Alfa Romeo.

Reid Bigland, presidente da Dodge, reconheceu que o seu modelo Caliber não era capaz de competir em igualdade de circunstâncias com o emergente segmento dos carros 'encolhidos', cuja principal vantagem é consumir cerca de 5 litros por 100 quilómetros em auto-estrada.

Outras das tendências de uma indústria bastante vulnerável à situação económica são os fortes 'saldos' neste tipo de carros, dominado até aqui pela Chevrolet, Ford, os japoneses Toyota e Honda e os sul-coreanos Hyundai.

Como disse o presidente da Fiat, Sergio Marchionne, os preços actuais do pequeno carro da Dodge "não vai fazer muito dinheiro, mas é vital para entrar em nichos em que as marcas norte-americanas estavam ausentes".


* Vai tudo encolher, as notas viram bilhetes de autocarro, em vez de legumes passamos a comer relva, só desejamos que as crianças não nasçam anões.

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