08/12/2011



BOM DIA



2 comentários:

fatima.medeiros disse...

Uma dor imensa
No dia 28/11 perdi o meu maior amigo, um homem fantástico, um pai estremoso, um amigo raro.
Tenho saudades de tudo, recordo as nossas discussões políticas de há uns anos, ele comunista e eu socialista convictos. A certa altura, encontrámo-nos no Bloco de Esquerda e as discussões diminuiram. Eu benfiquista ferrenha e ele não gostava de futebol. Em tudo o resto tínhamos inúmeros pontos de convergência, admirávamo-nos um ao outro, partilhávamos as mesmas causas, o mesmo desejo de um mundo mais justo, o mesmo gosto pelas artes; discutíamos os livros que líamos, as músicas que ouvíamos, as peças de teatro que não podíamos ver, os concertos que não podíamos assistir, sim porque sempre fomos uns tesos.
Há pouco tempo fui ver o "Amadeus" e contei-lhe como tinha saído de coração cheio e ele ficou com os olhos marejados de lágrimas.
As nossas filhas cresceram juntas. Vivemos tantas coisas!
Teve uma luta desigual contra a doença que o levou tão novo. No IPO conheceu e ajudou algumas pessoas que tinham a mesma doença. Há anos, tinha doado todo o seu corpo para estudo.
Fica aqui a minha homenagem a este grande cidadão! DESCANSA EM PAZ JORGE!

fatima.medeiros disse...

Desabafo
A minha filha fez 23 anos no dia 3/12. Estudou em boas escolas públicas, fez uma primária fantástica que lhe permitiu ter um percurso académico muito consistente, é informada, tem uma cultura geral muito razoável, é muito empenhada, determinada, curiosa, assídua, pontal, educada. Tem boa apresentação. Já fez um tanto de coisas para a idade que tem; começou a trabalhar ainda na faculdade num call center, depois fez um trabalho na Federação Portuguesa de Pentatlo. Quando terminou o curso fez vários estágios não remunerados, na Fnac, numa agência de Comunicação, na Bertrand e num departamento do Ministério da Cultura. Teve avaliações muito boas. A par disso e porque não ganhava nos estágios, teve que fazer fins de semana e feriados numa loja de roupa e num quiosque. Foi voluntária da Cruz Vermelha. Fez uma pós graduação em horário pós laboral e um curso de formação de formadores. Tem dado formação pontualmente e agora está por duas semanas a fazer uma campanha de divulgação e promação de produtos da barral em várias farmácias.Tudo o que ela quer é trabalhar, até porque se casou (precipitadamente na minha opinião)mas isso não me impede de dizer que ela é "uma fura vidas", sempre foi, até porque nada foi fácil para nós, tivemos que fazer inúmeros sacrifícios para ela ter esta formação.
Perguntar-me-ão: ela escolheu bem o curso? Verificou se tinha saídas profissionais? Está bem preparada? Direi que aos 17 anos ninguém tem a maturidade para fazer as melhores escolhas. Na minha modesta opinião, o que importa são as competências que se adquirem durante as várias fases da formação, a capacidade de desempenhar adequadamente tarefas que não sejam exactamente as da sua formação base, ter a capacidade de estudar e investigar matérias que não se sabe em profundidade. Tudo isso ela tem.
Porque razão este país não aproveita estas pessoas? Porque razão temos um governo que os manda emigrar?
Eu sou um tanto mais velha e já fiz diversas coisas a nível profissional e gostava de mudar novamente, até porque o que me interessava fazer neste momento era a revisão de livros; só que tenho que abdicar desse sonho porque tenho que fazer tudo para manter o meu emprego. Somos 4 a fazer o trabalho de 10 e mesmo assim somos uns "mandriões".
É triste viver num país assim!