07/11/2011


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Jogo de computador irá ajudar crianças autistas a treinar competências sociais

Um jogo de computador que está a ser desenvolvido por investigadores da Universidade de Coimbra e do Hospital Pediátrico vai ajudar a desenvolver competências sociais às crianças com autismo, uma das suas maiores dificuldades.

"É muito difícil ensinar a estas crianças o comportamento e as regras sociais e o jogo permite-lhes fazer um treino virtual das competências e compreensão das regras, de modo a replicarem-nas na reabilitação", disse à agência Lusa Guiomar Oliveira, que coordena a Unidade de Neurodesenvolvimento e Autismo do Hospital Pediátrico (HPC), envolvida na validação do projecto, em conjunto com a Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA).

O projecto, ainda em protótipo, está a ser desenvolvido por uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e nos próximos meses começa a ser testado em crianças autistas, explicou o investigador Marco Simões.

Segundo o investigador, os jogos existentes no mercado para as crianças autistas "não dispõem da componente neurofisiológica" e a "novidade está na utilização da realidade virtual como ferramenta de treino de competências sociais no autismo, acompanhada com monitorização neurofisiológica".

A plataforma tecnológica em desenvolvimento engloba não só "um jogo de computador com capacete de realidade virtual ou óculos 3D mas também sensores de EEG (medidor de actividade cerebral), que registam o comportamento da criança durante o jogo e envia informação para um módulo online", depois interpretada pelos clínicos.

"A criança interage com pessoas virtuais para, no futuro, interagir com pessoas reais", explica o investigador, sublinhando que "os pais podem participar mais activamente na educação dos filhos"


O contacto com ambientes virtuais dinâmicos estimula não só o desenvolvimento social das crianças com autismo mas também "auxilia os médicos na avaliação clínica e monitorização da reabilitação".

"Este tipo de solução ajuda no diagnóstico precoce e a monitorizar os défices" das crianças com autismo, disse a médica do HPC.

Tendo em conta que uma das grandes dificuldades da criança autista é a "capacidade de interacção social", o objectivo é que ela possa "no conforto do lar e num ambiente que não lhe é hostil, realizar os exercícios e, remotamente, fornecer informação para o clínico que o acompanha", sublinha, por sua vez, o investigador do Departamento de Engenharia Informática da UC.

O jogo ensina competências sociais como cumprimentar, sorrir, identificar expressões faciais e repeti-las e "a criança, para evoluir no jogo, tem de efectuar vários mecanismos de interacção social, acabando por interiorizá-los e transpô-los para o dia-a-dia".

O estudo está a ser orientado pelos docentes Paulo Carvalho, da Faculdade de Ciências e Tecnologia, e Miguel Castelo Branco, do IBILI - Faculdade de Medicina da UC.


* Não nos cansamos de dizer: "- Cientistas portugueses são do melhor que há no mundo quando têm condições para desenvolver trabalho". No entanto há muitos que recebem salários inferiores aos de uma empregada doméstica, sem qualquer ofensa para esta.


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