18/11/2011



HOJE NO
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PJ tem 25 carros novos 
fechados numa garagem há um ano
Chegaram a Lisboa, novinhos em folha, há cerca de um ano. Desde então, os carros, da marca Peugeot, têm estado fechados numa garagem da PJ e sem qualquer utilização

A Polícia Judiciária (PJ) tem, há cerca de um ano, 25 carros parados, novos e prontos para entrarem ao serviço, numa garagem em Lisboa. Os veículos, ligeiros da marca Peugeot, até já têm matrícula de Dezembro de 2010, mas continuam guardados, não tendo qualquer utilização, na garagem da Judiciária na Rua Angra do Heroísmo. Tudo porque, contou ao i fonte da PJ, a Direcção-Geral do Orçamento (DGO) ainda não autorizou o pagamento da aquisição dos carros, feita através da Agência de Compras do Estado.

As viaturas chegaram a Portugal há cerca de um ano – antes de entrar em vigor, a 1 de Janeiro, a norma do Orçamento do Estado que obriga a que todas as compras tenham de ser previamente autorizadas pelas Finanças. A autorização foi pedida, mas passado quase um ano o aval ainda não terá chegado. A direcção da PJ confirma a situação e esclarece estar a aguardar “a última autorização necessária para efectuar o pagamento das viaturas em causa, o que se prevê que aconteça a muito breve prazo”, acrescentando que “obtida a autorização e efectuado o pagamento, os carros serão imediatamente distribuídos pelas unidades operacionais da PJ”, recusando-se a fazer mais comentários. Já o Ministério das Finanças, contactado pelo i, preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

70% da frota inoperacional A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC) admite que os carros fazem “obviamente falta”, dado que a frota da Judiciária “está velha e precisa de ser renovada”. A ASFIC diz mesmo que o Estado está a perder dinheiro ao não renovar os carros: “Apesar de a operacionalidade da polícia ainda não ter sido posta em causa, a verdade é que muitos dos carros, por serem antigos e terem muitos quilómetros, vão parar frequentemente às oficinas e precisam de arranjos sucessivos, o que custa dinheiro”, diz Carlos Garcia, o dirigente da associação.

Em Março, a ASFIC emitiu um comunicado em que avançava que a capacidade operacional da PJ estava seriamente ameaçada. Segundo a Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal, os problemas estendiam-se da falta de pessoal à inoperacionalidade da frota automóvel.

“Mais de 70% da frota padece de uma série de deficiências graves e estamos em crer que, se a mesma fosse sujeita a uma inspecção técnica rigorosa, garantidamente não passava”, dizia a nota da associação.

A PJ é a quarta instituição do Estado com maior número de veículos. Em 2009, a frota da polícia ascendia a mais de 1100 carros. Por causa da falta de viaturas, dizia o sindicato, terá havido departamentos que deixaram de fazer diligências. E outras só terão sido realizadas porque os investigadores recorreram aos seus próprios carros. “Pneus carecas e luzes fundidas são o pão nosso de cada dia, mas o pior são os problemas mecânicos. O Estado, que tem milhares de carros, não serve de exemplo a ninguém”, contava na mesma altura, ao jornal “Público”, um inspector da directoria da PJ de Lisboa que não quis ser identificado. A mesma fonte garantia que “muitos serviços” não se faziam “por falta de carros”. Algo que fonte da direcção da Judiciária nega terminantemente: “A operacionalidade da PJ nunca foi posta em causa”, garante.


* Não estando em causa o respeito que temos pela instituição e seus trabalhadores parece que se anda a brincar aos polícias e ladrões.

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