13/11/2011



CASTRO VERDE
DISTRITO DE BEJA



CARACTERIZAÇÃO DO CONCELHO DE CASTRO VERDE
Localização
O Concelho de Castro Verde está situado no coração do “Campo Branco”, por entre as planícies do Alentejo que encostam à serra do Caldeirão. Localizado no distrito de Beja, o concelho de Castro Verde é limitado a Norte pelos concelhos de Beja e Aljustrel, a Sul pelo concelho de Almodôvar, a Este pelo concelho de Mértola e, a Oeste, pelo concelho de Ourique.

Com uma área de 567,2 Km2 e uma população aproximada de 8000 habitantes, distribuída em cerca de uma vintena de localidades de pequena e média dimensão, está dividido administrativamente em cinco freguesias: Casével, Castro Verde, Entradas, São Marcos da Atabueira e Santa Bárbara de Padrões.

Equipado com infra-estruturas de acesso rodoviário de boa qualidade, Castro Verde combina a sua privilegiada localização no corredor de ligação do Norte ao Algarve com a facilidade de acessos a eixos de comunicação fundamentais, como:

Câmara Municipal
 Aeroporto de Beja a 45 Kms, aeroporto de Faro a 100 Kms, aeroporto de Lisboa a 190 Kms e aeroporto de Sevilha a 270 Kms; porto marítimo de Sines a 95 Kms; cidade de Beja a 42 Kms; cidade de Évora a 120 Kms; Estação de Caminho de Ferro a 15 Kms.

No que se refere a carreiras de transporte público, pode dizer-se que todas as localidades do concelho se encontram servidas por este serviço, que as liga, pelo menos uma vez por dia à sede de concelho (exceptuando os fins de semana) e, a partir daqui à rede nacional de Expressos com ligações directas a Beja, Évora, Lisboa e Algarve, para além de Tomar, Coimbra, Porto, Braga e Elvas.

Solos e Orografia
O concelho apresenta uma paisagem pouco acidentada, de baixo-relevo, e com uma altitude média a rondar os 200 metros. 
Marco do município


A cota mais baixa, correspondente a 110 metros de altitude, localiza-se na freguesia de S. Marcos da Atabueira, junto da Ribeira de Cobres a nordeste do concelho, limite com o concelho de Beja. A cota mais elevada é de 288 metros de altitude, geodésico da Urza, próximo do Cerro da Bandeira, na Freguesia de Castro Verde.
Os solos no concelho de Castro Verde são pobres, apresentando em relação à capacidade de uso a seguinte distribuição:

0,05% de solos de classe A; 1,90% solos de classe B; 15,49% de solos de classe C; 40,22% solos de Classe D e 41,95% solos de classe E. Estes números representam uma muito baixa capacidade de uso agrícola, significativas limitações de utilização, em particular no que respeita à histórica produção cerealífera, e elevados riscos de erosão.
Os solos não são aconselháveis à cultura do trigo pois a classe E apenas suporta a vegetação natural ou florestal de recuperação, enquanto que a classe D apenas serve para exploração agro-florestal, nomeadamente nos montados de azinho e sobreiro, com culturas de sequeiro sob coberta. Juntas, estas duas classes, representam 82,17% da área total do concelho. Caracterização do Concelho de Castro Verde Cerca de 50% da área do concelho é constituída por zonas planas e ondulares conhecidas por peneplanície. 

O subsolo da área do concelho é essencialmente constituído por xistos argilosos, grauvaques, arenitos, por vezes com quartzitos e raros vulcanitos, em parte fortemente metamorfoseados e de permeabilidade altamente reduzida.
Os valores de declive no concelho de Castro Verde não têm grande variação sendo que predomina o grupo de declives com variáveis entre os 0% e os 2%. Os declives mais acentuados, superiores a 15%, localizam-se em particular junto às ribeiras de Cobres e Maria Delgada, e no limite com o concelho de Almodôvar, ao longo da Ribeira de Oeiras.

Hidrografia
Caracterização do Concelho de Castro Verde A rede hidrográfica do concelho, para além da ribeira de Oeiras, Ribeira de Cobres e Ribeira Maria Delgada, tem ainda os seguintes cursos de água: Ribeira de Alvacar, Ribeira da Fontinha, Ribeira de Terges, Ribeira da Chada, Ribeira da Sete e Ribeira da Gata.

Meteorologia
A temperatura média anual varia entre os 15,5 e 16º C. Nos meses mais quentes, Junho a Setembro, a temperatura máxima chega a ultrapassar os 43º. No período de Inverno, de Dezembro a Março, a temperatura média ronda os 10º. A precipitação média anual atinge um valor médio próximo dos 500 mm, sendo o período de Novembro a Março quase sempre o mais chuvoso. 

No Verão a pluviosidade é reduzida ou mesmo nula, com particular ênfase nos meses de Julho e Agosto, meses em que a chuva raramente aparece.

Geologia
O concelho de Castro Verde é atravessado por uma das províncias metalogénicas de maior relevância a nível mundial, a Faixa Piritosa Ibérica, onde se podem encontrar jazigos de sulfuretos polimetálicos que, pela sua dimensão e pelos teores em metais neles contidos (Cu, Pb, Zn, SN, Au, Ag, etc.) podem situar-se, dentro do seu tipo, entre os mais importantes à escala mundial. 
Poço de Santa Bárbara

Fruto dessa especificidade geológica, este concelho alberga uma das mais importantes indústrias extractivas do nosso país, razão fundamental para o acréscimo de população de Castro Verde nas décadas de 80 e 90, contrariando a tendência geral das regiões do interior, invertendo a situação de crescimento populacional negativo em que se encontrava desde a década de 40, do século XX.

População
Na base deste crescimento estará a implementação, neste concelho, do Complexo Mineiro de Neves-Corvo. As actividades e serviços a ele ligados, assim como o surto crescente de construção civil e obras públicas que tem marcado este concelho nas últimas décadas, têm sido fundamentais para a consolidação do fenómeno de crescimento populacional no concelho. Paralelamente, é de realçar a oferta de emprego e complementaridade de serviços trazidos para a região com a autonomia financeira das Autarquias Locais, a partir de 1979.

No concelho de Castro Verde, o sector terciário emprega 56,18% da população empregada. Depois vem o sector secundário, com 32,7%, enquanto o sector primário ocupa 11,12%. Esta hierarquia de valores mantém-se genericamente em todo o concelho, excepto em Santa Bárbara dos Padrões, onde o sector secundário é aquele que emprega mais população, indubitavelmente um valor justificado pela proximidade das Minas de Neves-Corvo, e em Entradas, onde o sector primário ocupa mais população que o sector secundário, de uma forma geral justificando-se pelas menores dimensões da propriedade e pela complementaridade do uso dos solos baseada na pecuária e na cultura cerealífera. Caracterização do Concelho de Castro Verde Com uma densidade populacional, em 1991 de 13,7 hab/km2, e em 2001 de 13,4 hab/km2, o concelho tem apresentado nas últimas décadas tendência para a concentração populacional, essencialmente na sede de concelho. Em 1970, a população do concelho era de 9004 habitantes, descendo para 7472, em 1981. Dez anos depois, subia ligeiramente para 7762 habitantes. O último censo, realizado em 2001, registava-se uma pequena descida, fixando em 7603 o número de habitantes do concelho. Destes, 3813 são do sexo masculino e 3790 do sexo feminino.

No ano de 2001, com 4820 habitantes, a freguesia de Castro Verde era a mais povoada, representando mais de 50% da população do concelho. Casével tinha então 365 habitantes, enquanto Entradas 774 habitantes, Santa Bárbara dos Padrões, 1271 habitantes e São Marcos da Atabueira, 373 habitantes.
Contudo, contrariando esta ligeira diminuição populacional, os números da população activa são diferentes e registaram entre 1981 e 2001 uma aumento bem interessante:
Ano de 1981 – 2144; ano de 1991 – 3091; ano de 2001 – 3375.
Paralelamente, a esta subida dos números relativos à população activa, que percentualmente se pode interpretar num acréscimo da Taxa de Actividade de 39,8%, em 1991, para 44,4%, em 2001, assistiu-se a uma descida da percentagem de desempregados, de 11,8%, em 1991, para 11,6%, em 2001.
A taxa de Analfabetismo do concelho atinge ainda números altos, tendo-se, no entanto, assistido entre 1991 e 2001, a uma descida de quase 5%, passando de 20,5% para 15,7% da população. Da população residente o nível de instrução, em 2001, distribuía-se desta forma: Ensino secundário completo, 22,9%; ensino médio e superior, 7,3%.

História
A pré-História da região do Baixo Alentejo remonta a 200 000 a.C., período em que, o território é conhecido por ser o habitat dos neandertais migratórios do Norte da Europa durante o período Paleolítico Inferior. 

Estas culturas continuaram a existir até cerca de 28 000 a.C. quando o homem-de-neandertal enfrentou a extinção, com o seu último refúgio a ser o que é actualmente Portugal.

Esta zona sudoeste da Ibéria foi uma região humanizada por várias culturas. Isto devia-se à sua posição comercial estratégica no Mediterrâneo, com a presença de riquezas minerais abundantes. O povoamento começou com a migração dos Celtiberos para a Ibéria Central no século VI a.C., seguida pela instalação dos Celtici na região do Alentejo. A partir do terceiro século até aos dois últimos séculos antes de cristo estas tribos com uma unidade política básica celtibérica foram substituídas pelo oppidum, um povoado fortificado e organizado com um território definido que inclui os castros (cultura castreja) como subdivisões subordinadas.

Património Histórico
Desde há cerca de 3000 anos que a paisagem da região de Castro Verde é objecto de uma profunda humanização. Marcada pela presença de comunidades humanas que teriam na exploração mineira e na pastorícia as suas principais actividades, desde cedo que aqui se instalam estruturas comunitárias fortemente desenvolvidas, conhecedoras da escrita e com profundos “contactos comerciais" com o Mediterrâneo.
Exemplo do extraordinário desenvolvimento e conhecimento da escrita dessas comunidades, é o famoso Silabário da Espanca, pedra gravada com caracteres de origem fenícia, dos séculos V/IV a.C., e que terá servido como suporte para ensinar um dos mais antigos abecedários conhecidos na Europa, denominado por "Escrita do Sudoeste". Nessa “pedra” estão, na parte superior 27 letras cuidadosamente desenhadas, enquanto na parte inferior existe uma cópia do “alfabeto” em cima lavrado na lousa.

É de sempre que toda esta região se encontra ligada ao mundo mediterrânico. A sua riqueza metalífera está, indubitavelmente, na origem desta realidade histórica, tantas vezes retratada por várias autores. Em particular, porque o concelho de Castro Verde é atravessado pela Faixa Piritosa Ibérica, que se caracteriza pela formação de ocorrências metálicas de fácil exploração, onde abundam o cobre, a prata, o estanho e o ouro. As escavações realizadas no couto mineiro de Neves-Corvo, ou os diversos achados ocasionais referenciados em locais como o Castelo de Montel, são bem a prova da riqueza deste território já profundamente conhecido pelos povos mediterrânicos ainda antes do advento dos “romanos”.

A chegada destes à região traz a multiplicação de vias de comunicação e, em particular, dos chamados castella, cronologicamente datados dos séculos II/I a.C., normalmente associados a estruturas de armazenamento e guarda de metais preciosos, e que se distribuem em particular na região de Castro Verde, estando localizados neste concelho cerca de 65% desses conjuntos edificados.

A proximidade do porto fluvial de Mértola e a importância que as minas de Aljustrel têm para as receitas imperiais, fazem de toda esta região um território particularmente romanizado que poderá estar na origem do nome de Castro Verde, eventualmente um espaço utilizado como acampamento militar.

Para a justificação da origem do topónimo Castro Verde há, pelo menos, duas versões. Uma primeira defende que deriva de Castra Castrorum, a que se juntou o adjectivo verde que significaria o mais novo. Mais consistente é a versão que defende a origem do topónimo do nome Castrum Veteris, o castro mais antigo, em contraposição com um outro que existiria no pequeno planalto onde actualmente se encontra a capela de S. Martinho e que terá sido abandonado na Idade Média. O termo “Castro” deriva de castrum, estabelecimento ou acampamento militar.

Mas é em Santa Bárbara de Padrões que mais fortemente se manifesta a presença romana, através dum testemunho único e de dimensão internacional. 

Junto ao local onde actualmente se encontra a Igreja Matriz, e ao longo de toda a encosta nascente da aldeia, encontra-se um importante povoado de época romana, onde para além dos vestígios dum espaço religioso basilical, se descobriu um depósito de lucernas, cuja cronologia se baliza entre o século I e III d.C., tendo sido recolhidos fragmentos de mais de dez mil lucernas. Uma colecção que pode ser visitada no Museu da Lucerna, localizado em Castro Verde.
Para muitos autores, este local corresponderia ao antigo oppidum de Aranni ou Arandis, referenciado no Itinerário de Antonino como estação intermédia entre Ossonoba (Faro) e Pax Julia (Beja) e distante da primeira daquelas cidades cerca de 60 milhas (aproximadamente 90 quilómetros).
Associado ao processo de romanização e, em particular, a partir do século III d.C., está o aparecimento de estruturas de carácter fundiário identificadas como villae, que se podem associar em termos de funcionalidade aos nossos “montes alentejanos” da primeira metade do século XX, em que, de uma forma simplista, o proprietário procura que a sua propriedade seja auto-suficiente e, ao mesmo tempo, crie excedentes para venda ou troca. 

Em todo o concelho essas propriedades marcam o território e estabelecem uma lógica de ocupação territorial baseada genericamente na auto-suficiência que se estende até à ocupação islâmica, no século VIII d.C.. Lucerna Inicia-se então uma fórmula de ocupação do território distinta, assistindo-se a um aumento generalizado da população, a uma maior concentração populacional e ao natural aparecimento de pequenos núcleos populacionais designados por alcarias. 
 No concelho de Castro Verde e, em particular, na faixa que corresponde administrativamente à freguesia de Santa Bárbara de Padrões, essas alcarias são em grande número e correspondem a pequenas comunidades, tradicionalmente identificadas como clãs, que têm na exploração dos recursos endógenos e, em particular, das ricas pastagens e eventualmente de pequenos afloramentos metálicos, realidades naturais e geológicas que caracterizam os Campos de Ourique. Topónimo que identifica a sudoeste do Baixo Alentejo.

A região de Castro Verde está intrinsecamente ligada ao processo de formação de Portugal e ao fundador. A lendária Batalha de Ourique, em que Afonso I “derrota cinco reis mouros”, tem como pano de fundo o sítio de S. Pedro das Cabeças, localizado a cerca de quatro quilómetros de Castro Verde. Conta a lenda que a batalha decorreu nos dias 24 e 25 de Julho, do ano de 1139, e que a mortandade foi tanta que as águas da Ribeira de Cobres se tingiram de vermelho. No entanto, e apesar da lendária e vitoriosa batalha, a Reconquista cristã só se apodera, definitivamente, desta região no reinado de Sancho II, em meados do século XIII, à volta do ano de 1234, quando é conquistado o Castelo de Aljustrel.

A nova realidade política e religiosa, introduz uma nova estrutura socio-económica na região de Castro Verde. Ainda tendo a criação de gado como pano de fundo, mas dando ao cultivo de cereais uma muito maior importância. O concelho, assim como toda esta região, é então priorado da Comenda de Santiago, que tem como donatários os Duques de Aveiro. O concelho de Castro Verde resume-se à realidade administrativa centrada na actual sede de concelho e das pequenas hortas que a cercam. Casével e Entradas ganham autonomia administrativa. Santa Bárbara de Padrões pertence ao concelho de Padrões. S. Marcos da Atabueira pertence a Mértola. Foral O desenvolvimento da agricultura "extensiva" leva ao reaparecimento das estruturas agrárias, tipo monte alentejano, cuja organização se manteve quase até aos nossos dias. Contudo, a pastorícia assume-se como factor fundamental na vida económica da região. São os Campos de Ourique que nos séculos XVI e XVII são, por natureza, o destino para as invernias dos grandes rebanhos vindos de Castela e da Serra da Estrela, tendo por isso, o fenómeno da transumância, marcado fortemente económica, social e culturalmente o concelho.

Na vila de Padrões realiza-se uma importante feira de gado que irá ser substituída mais tarde pela Feira de Castro, que ainda hoje é tida como uma das mais importantes feiras do Sul de Portugal. Nasce no ano de 1620, por ordem de Filipe II, com o objectivo de que o resultado dos terradegos, ou dos impostos provenientes da venda dos locais de venda nas feiras, fosse utilizado nas obras da Igreja dos Remédios.
O concelho de Castro Verde é então um território diminuto. Entradas, Casével e Castro Verde são concelhos autónomos que têm em D. Manuel I, entre 1510 e 1512, o donatário dos forais que lhes dão a dignidade de cabeça de município. E Castro Verde assume uma importância superlativa ligada à lendária batalha de Ourique, que leva o Rei D. Sebastião, na sua breve passagem pela vila em 1573, a promover a construção da Igreja Matriz, como forma de assinalar o desfecho maior para as hostes cristãs.
Da mesma forma, é do século XVII a Igreja dos Remédios que, marcada por uma rica iconografia regional, guarda os traços de dois pintores fundamentais da imaginária do sul: os pintores Pardalinho e Diogo Magina. 

O concelho de Castro Verde tem no período histórico que medeia o século XVI e o século XIX, um tempo de assinalável riqueza económica que se reflecte, muito particularmente, no número de monumentos religiosos que aparecem representados em todo o seu território administrativo que, à época, se divide em cinco concelhos: Castro Verde, Casével e Entradas como sede de concelho. Santa Bárbara como parte integrante do concelho de Padrões. E S. Marcos da Atabueira como freguesia integrante do concelho de Mértola. Basilica Real Grande A 6 de Novembro de 1836, no âmbito da reforma do Código Administrativo de Passos Manuel, que extingue 466 dos 817 concelhos do reino, são integrados no concelho de Castro Verde os territórios de Entradas, Santa Bárbara e S. Marcos da Atabueira. Casével é então deslocado para o renovado concelho de Messejana. Só a 24 de Outubro de 1855, no âmbito da reforma administrativa de Rodrigo da Fonseca Magalhães, Ministro do Reino de D. Pedro V, quando é extinto o município da Messejana, é que Casével integra definitivamente o Município de Castro Verde.

Castro Verde é um concelho de carácter profundamente rural e assim entra no século XX. E neste mundo de natureza rural, o mundo do sagrado tem na região um tempo de culto imemorial, profundamente representado nos seus templos que se distribuem por toda a área do concelho. Ermidas e capelas, igrejas e pequenos templos. Nessa religiosidade ancestral que caracteriza as populações desta região, esses espaços marcam a paisagem e os séculos. Da mesma forma que se reflecte nas tradições culturais e nos costumes que, ainda hoje, marcam regularmente as manifestações culturais e os rituais das gentes de Castro Verde.

Roteiros Turísticos

Roteiro de Arte Pública
 Em Castro Verde, a arte pública tem sido motivo de opção como factor enriquecedor no ordenamento e valorização do espaço público. Abordando diversas temáticas, a arte pública merece um olhar atento.

Igrejas e Ermidas do Concelho de Castro Verde
 A religiosidade não tem um tempo em Castro Verde. Veste-se no sentir da memória. Há dois mil anos, no sítio da Igreja de Santa Bárbara, ergueu-se um templo onde os crentes deixaram dezenas de milhares de lucernas homenageando os seus deuses. A dois passos do Salto, no limite com o concelho de Mértola, a Senhora de Aracelis continua a acolher a devoção das comunidades rurais da zona. O S. Pedro das Cabeças, próximo dos Geraldos, recorda a lendária Batalha de Ourique. O espírito alimenta-se na memória e na espiritualidade, mas também na imensidão das terras de Castro.

Centro de Educação Ambiental de Vale Gonçalinho em Castro Verde

 


Percursos pedestres no Campo Branco
Os caminhos do Campo Branco abrem-se sem barreiras ao olhar do viajante. Porque o conceito “natureza” nesta região é o fruto de uma interacção perfeita entre o homem e aquilo que o envolve. É uma paisagem milenar vestida por gerações e gerações de gente que fez do Campo Branco o seu sítio. É por isso que esta é uma região de muitos momentos de atracção. 

Onde a tradição e o moderno se conjugam no dia a dia da comunidade. Ao longo de séculos, o homem foi deixando os testemunhos da sua evolução cultural, religiosa, económica e social. Apreende-se esse património nas encruzilhadas destas planuras. Passear, olhar demoradamente, regressar a um pequeno ponto branco no horizonte que, pouco a pouco, se vai transformando em ermida, ou em monte, ou em poço, é descobrir cada pedaço destas terras. Mas a memória também é feita da lenda da Batalha de Ourique e da formação de Portugal. Mas também o é da defesa, estudo e divulgação de espécies de avifauna que, ao longo de séculos, aprendeu a viver, lado a lado, como o homem que lançava a semente à terra. A Liga para a Protecção da Natureza ajuda-nos a descobrir estes percursos, a encontrar pequenos observatórios naturais, a descortinar no suave bater de duas asas, o pássaro que rasga a linha do horizonte. Aventure-se nos “Percursos Pedestres no Campo Branco”.

Património Cultural
Grupo Coral Castro Verde é uma terra de encontros. É o ponto de encontro de todos os caminhos que há séculos e séculos construíram e constroem as planuras e serras do ocidente peninsular. Gentes calcorreando caminhos atrás dos gados; mineiros procurando na terra o brilho dos metais; gentes lançando a semente à terra do seu sustento.

Neste mosaico social e económico, Castro Verde construiu e constrói a sua cultura, os seus hábitos, as manifestações do seu património de raízes imemoriais. Expressões visíveis no seu artesanato, nas feiras, no saber estar destas gentes campaniças. Mas é o cante que reflecte um dos traços culturais mais genuínos do concelho, onde sempre se cantou de modo muito próprio, traduzindo uma oralidade muito rica. Agora o cante é dinamizado pelos grupos corais, que organizados em associações procuram dinamizá-lo, de forma a transmitir às novas gerações os sons únicos deste cantar de Castro. Ainda é possível ouvi-lo ao final da tarde em algumas tabernas, nas ocasiões em que o petisco e o convívio o proporcionam.Viola Campaniça
E se o “cante” é um dos mais puros reflexos do património cultural desta região, a viola campaniça, instrumento cordiforme, tem aqui um dos seus últimos redutos e depositários da memória musical dos descendentes dos instrumentos de cordas medievais. Utilizada para acompanhar o cante de despique e baldão, bem como algumas modas campaniças, o seu som oferece emoções únicas e diferentes. Outrora era instrumento utilizado nos bailes populares.

Ao longo de todo o ano, são estes e outros “bailhos” uma forma de reencontro da comunidade castrense. Na Pinha, na Semana Santa, nos Santos Populares, nas festas religiosas ou nas simples comemorações de aldeia. Mas a Feira de Castro continua a ser o ponto de encontro destas culturas musicais transtaganas, mescladas num sabor de Sul que pouco a pouco os tempos vão apagando. Contudo, aqui ainda resiste um certo exotismo que nos oferece, em particular, o sábado e o domingo da feira. Feira centenária, foi criada em 1620/1621 por Filipe III, com o intuito de reverter as receitas do terradego (imposto por ocupação de espaço na feira), na construção ou restauro da Igreja das Chagas do Salvador, agora os Remédios, que a tradição dizia ter sido mandada construir por D. Afonso Henriques. O pedido dos castrenses foi atendido pelo rei filipino, mas removendo a feira que se realizava então na Vila de Padrões. E a feira foi-se construindo ao longo dos séculos assente numa lógica profundamente comercial para toda a região sul. “Quem vai à Feira de Castro /E se apronta tão bonito /Não pode acabar a Feira /Sem entrar no bailarico /Sem entrar no bailarico /A modos de bailação /Ai que me deu um fanico /Nos braços de um manganão…”. É esta melodiosa envolvência que Paulo Abreu e Rui Veloso imortalizaram numa canção bem recente, que ainda veste a Feira de Castro dos dias de hoje. Ali tudo se vende. Roupa, plásticos, loiça, cadeiras de verga, as últimas novidades “made in china”, produtos hortícolas, frutos secos e artigos regionais. A feira é um leque interminável de cores, de vozes, de falares num rendilhado quantas vezes ininteligível. A Feira de Castro é o espaço de reencontro. Entre a tradição e a modernidade. O ontem e o hoje. As gentes de hoje trazendo as memórias de ontem. E aqui, a tradição oral que a Feira invoca, renasce no cante ao baldão, no cantar ao desafio, nas expressões tradicionais de transmissão do património imaterial. O concelho de Castro Verde carrega nas suas vivências este património da idade dos homens. E é dessa memória que faz os novos caminhos. Um largo caminho que começa quando os primeiros povos mediterrâneos chegam aqui em busca dos minérios destes campos de cobre, estanho, ouro e prata. 
Ramal da Mina de Neves Corvo
Os mesmos metais nobres que entre o século I a.C. e o século III d.C. os romanos exploraram na região, levando-os a construir uma impressionante grelha de pequenos entrepostos em todo o território, os castella, e que ainda hoje se assumem como referentes paisagísticos no suave ondulado destas terras. Castelo do Vale de Mértola, Castelo das Juntas ou o Castelo das Amendoeiras, são alguns desses sítios que entretanto terão sido reutilizados como villae agrícola. Mas do processo de romanização, o Castelo Velho do Cobres é, sem dúvida, a grande estrutura amuralhada que marca a ocupação protohistórica no concelho de Castro Verde. A riqueza das pastagens do “Campo Branco” e, em particular, das terras da região de Castro Verde, leva ao aparecimento de pequenos aglomerados agro-pastoris em particular no território dos concelhos de “Entradas”, “Padrões” e Castro Verde. E é com os processos de transumância dos séculos XV/XVIII, que todo o concelho vai ganhar uma personalidade económica de invejável pujança, que leva ao aparecimento de um importante conjunto de edifícios religiosos, demonstrativo da importância social deste “concelho” na estrutura sócio-económica da região.

Artesanato
O concelho de Castro Verde tem no seu espaço geográfico um conjunto de actividades que contribuem para a riqueza do mosaico artesanal do Alentejo. O artesanato é aqui um hino às mãos.
Aqui, o cadeireiro ainda encontra no buínho o melhor material para criar o entrelaçado para o melhor dos assentos. A tecedeira, ao som da velha cantiga do tear, continua a transformar a lã em mantas e em meias. 

Há artesãos que fazem réplicas dos objectos reais do quotidiano socioeconómico de outros tempos, em miniaturas de beleza fascinante. Há rendas, meias de linha e tapetes de tipo Arraiolos. Novas ceramistas moldam o barro com as cores do Alentejo. E, a crescer, há aventuras na construção da rara Viola Campaniça. 
As mãos são um instrumento fundamental no reino dos velhos ofícios. As mãos sensíveis do moleiro apuram a finura do trabalho da mó na farinha que, acompanhada de outros ingredientes, há-de sentir as mãos de quem ainda a transforma no pão alvo que cresce no velho forno com cheiro à esteva, que serviu para aquecer as suas paredes seculares.
As mãos das boleiras guardam os segredos das queijadas de requeijão e dos folhados de gila, tal como as cozinheiras, de alguns restaurantes, conhecem os milagres das ervas aromáticas na comida da nossa terra. O Posto de Turismo de Castro Verde ajuda-o a descobrir o mundo das nossas mãos, do artesanato, da gastronomia... incluindo as mãos de outros tempos, as mãos que fizeram monumentos e costumes. Programas diversos mediante solicitação.

Museus

Tesouro da Basílica Real de Nossa Senhora da Conceição
A Basílica Real de Castro Verde é um templo imponente que marca de forma bem visível o núcleo urbano da vila. O seu altar - mor é revestido a talha dourada e o interior coberto por riquíssimos painéis de azulejos do século XVIII que retratam a Batalha de Ourique, episódio lendário ligado à fundação da nacionalidade.

O título de Basílica Real foi concedido por D. João V em homenagem à vitória do primeiro rei de Portugal – D. Afonso Henriques – sobre os cinco reis Mouros, ocorrida no dia 25 de Julho, dia de Santiago, corria o ano de 1139.

Na Basílica Real de Castro Verde pode também visitar o Tesouro da Basílica, núcleo museológico de arte sacra, onde se podem apreciar algumas das alfaias religiosas mais importantes do concelho, com especial destaque para a Cabeça-Relicário de São Fabião (Casével) e a Custódia da própria Basílica.

Este Tesouro está integrado na rede de núcleos de arte sacra do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja.

Museu da Lucerna
O Museu da Lucerna abriu no ano de 2004 e oferece-nos uma colecção única de Lucernas de época romana (Século I-III d.C.), descobertas em 1994, na localidade de Santa Bárbara dos Padrões. 
 Os milhares de lucernas trazidos à luz do dia durante os trabalhos arqueológicos, permitiram preparar e agora mostrar ao público um conjunto único desses utensílios de iluminação, decorados com os mais diversos motivos. Desde cenas da vida quotidiana ao universo mitológico da Antiguidade, passando por representações de animais a simples objectos. O Museu, para além das exposições temáticas e temporárias que oferece ao visitante, pretende ser também um centro de estudo de Lucernas. Este é um projecto de parceria entre a Cortiçol - Cooperativa de Informação e Cultura de Castro Verde e o Município de Castro Verde.

Moinho de Vento
Recuperado em 2003, pela Câmara Municipal de Castro Verde, o moinho do Largo da Feira voltou a moer, depois de inactivo durante mais de 60 anos. 

Com moleiro residente, pretende ser uma peça viva do conceito museológico que a autarquia desenvolve. As visitas podem acontecer sempre que o moinho se encontre a funcionar ou o nosso moleiro esteja por ali próximo. As visitas de grupo podem ser marcadas antecipadamente no Posto de Turismo.

Núcleo Etnográfico do Monte das Oliveiras
O Monte das Oliveiras é uma exploração agro-pecuária que continua a ser o testemunho vivo da vida num monte alentejano, estrutura habitacional de funções agrícolas que marca a paisagem alentejana. 

Para além do quotidiano da vida do monte, o visitante pode ainda usufruir de uma visita ao pequeno núcleo etnográfico, constituído pelos objectos e memórias das vivências dos proprietários. O Monte das Oliveiras alberga nas suas imediações a maior colónia de Cegonha Branca da região.

Património Natural
Breve caracterização do Património Natural do Concelho de Castro Verde
Com uma paisagem pouco acidentada, de vegetação parca, solos xistosos e terras claras, a região de Castro Verde é o coração do Campo Branco. 

O coberto vegetal esclerófilo, de folhagem dura, caracteriza-se por manchas raras de azinheiras, alguns sobreiros e pequenas cercas de olival.

Aqui e ali, pequenas linhas de água rasgam a morfologia padronizada na planície deste concelho. 

Duas pendentes caracterizam a região de Castro Verde, fazendo correr as águas de Inverno para o Guadiana e para o Sado. Duas bacias hidrográficas marcadas, a primeira, pelas ribeiras de Cobres e Maria Delgada, Terges e Oeiras; a segunda, pelos barrancos da Gata, do Montinho e das Almoleias.

Os sistemas cerealíferos extensivos e as pastagens seminaturais que caracterizam o concelho de Castro Verde, têm marcado sistematicamente, e durante centenas de anos, o território natural do concelho.

Padrão de ocupação do solo muito particular, terra limpa, com rotações de cereais e pousios longos. Neste habitat pseudo-estepário, adaptaram-se várias espécies de aves, hoje na sua maioria em vias de extinção.

A Abetarda, a verdadeira rainha da estepe, o Sisão, o Cortiçol de Barriga-Preta, o Penereiro-das-Torres, o Grou, o Rolieiro, a Cegonha Branca, entre muitas outras, compõem a riqueza do mosaico natural, que está momentaneamente protegido pelo Projecto Biótopo Corine.

O Plano Director Municipal de Castro Verde, publicado em 1993, consagra legalmente a interdição na área do Biótopo Corine, mais de 2/3 da área do concelho, à instalação de florestas de crescimento rápido, apontando-se para a recuperação da agricultura tradicional. Procura-se assim compatibilizar o uso da terra com a preservação da natureza, muito particularmente, da sua avifauna.

Neste contexto o Programa Zonal de Castro Verde veio consagrar apoios importantes aos agricultores que viabilizam a estratégia preconizada no P.D.M., e cujos resultados são hoje particularmente visíveis, não apenas na protecção das espécies, mas igualmente na salvaguarda dos terrenos delgados da região. Desta forma, a área do Biótopo de Castro Verde, classificada como Z.P.E., no âmbito da Directiva 79/409/CEE, integrando a Rede Natura 2000, aguarda neste momento a definição dos seus instrumentos de gestão.

A riqueza natural do concelho, em especial ao nível de avifauna, e os trabalhos de conservação desenvolvidos (Plano Zonal) tem sido apontada como exemplo a nível europeu. Também aqui a Liga Para Protecção da Natureza (LPN), tem vindo a desenvolver uma importante actividade, nomeadamente na aquisição de propriedades, que constituem reservas biológicas, e onde decorrem projectos de conservação de habitats e salvaguarda das espécies ameaçadas.

Clima
Tipicamente mediterrânico, com duas estações bem definidas:
O Inverno, frio e pouco chuvoso. E o Verão, quente e seco. A temperatura média anual ronda os 15,8 graus. Com grandes amplitudes térmicas, as temperaturas atingem máximos, no Verão, acima dos 43º, enquanto no Inverno, as mínimas, descem abaixo dos 0ºC. A Precipitação é irregular, podendo sofrer grandes variações de ano para ano. A época do ano mais chuvosa é a que medeia os meses de Novembro a Março, com valores médios mensais de 80 mm3. A época do ano mais seca é o período de Junho a Agosto, com valores médios nunca superiores a 15mm3.

Relevo e Geologia:
Metade da área do concelho é constituída por zonas planas e onduladas (peneplanícies) muito extensas. A variação altimétrica varia entre os 110 e os 289 m. Aqui abundam os xistos e os grauvaques, para além de alguns afloramentos de quartzíticos. O concelho é atravessado na zona sul e poente por um complexo vulcano-sedimentar de Faixa Piritosa de elevado teor de Cobre e Estanho.

Unidade Paisagística:

1) Estepe Cerealífera Mediterrânica – 82% da área do concelho;
2) Montado de Sobro e Azinho – 13% da área do concelho;
3) Matas – 4% da área do concelho;
4) Zonas Húmidas – junto a linhas de água e pequenas albufeiras.

Alguma Fauna Representativa:
1) Répteis:
Cobra-rateira – Malpolon monspessulanos
Cobra – ferradura – Coluber hippocrepis
2) Batráquios:
Sapo – Discoglossus galgon
Rã – verde – Rana perezi
3) Mamíferos:
Geneta – Genetta genetta
Javali – Sus scrufa
Lebre – Lepus campensis
Coelho Bravo – Oryctolagus Cuniculus
4) Aves:
Abetarda – Otis tarda
Sisão – Tetrax tetrax
Peneireiro das Torres – Falco naumanni
Rolieira – Coracia garrulus
Á guia Caçadeira – Circus pygargus

Alguma Flora representativa:
1) Esteva – Cistus ladanifer
2) Rosmaninho – Lavandula Luisieri
3) Tojo – Ulex curopaeus
4) Oliveira – Olea europaea
5) Azinheira – Quercus rotundifolia
6) Sobreiro – Quercus suber 

IN 
- "Site do Município"
-  WIKIPEDIA


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