06/11/2011



BEJA
DISTRITO DE BEJA



Beja é uma cidade portuguesa, capital do Distrito de Beja, na região Baixo Alentejo, e pertencente à NUTS III Baixo Alentejo, sedia a Diocese de Beja, com 21 658 habitantes.

É sede de um dos maiores municípios de Portugal, com 1 147,14 km² de área e 34 387 habitantes (2009),[1] subdividido em 18 freguesias. O município é limitado a norte pelos municípios de Cuba e Vidigueira, a leste por Serpa, a sul por Mértola e Castro Verde e a oeste por Aljustrel e Ferreira do Alentejo.

HISTÓRIA
A cidade de Beja implanta-se num morro com 277m de altitude, dominando a vasta planície envolvente. O campo surge, assim, como uma fronteira natural entre a vida urbana e a vida rural. Esta realidade marca a vida deste povoado desde a sua fundação, algures na Idade do Ferro. 
BEJA ANTIGA

Prova cabal desse momento é o troço de muralha proto-histórica descoberta no decurso das escavações da Rua do Sembrano. Achado da maior importância, dissiparia todas as dúvidas sobre a pré-existência de um povoado anterior à ocupação romana; contudo, continuamos sem saber que povo aqui estaria nem tampouco possuímos qualquer informação sobre a forma como se organizava o espaço pré-urbano.

A cidade de Pax Julia terá sido fundada ou por Júlio César ou por Augusto. Foi capital do conventus Pacensis e administrou juridicamente uma das regiões que constituíam a província da Lusitânia (as outras duas capitais eram Santarém e Mérida). Foi também uma Civitas, ou seja, cidade responsável pela administração de uma região (tratava-se de áreas mais ou menos equivalentes aos nossos distritos) e Colonia. Sem dúvida estamos na presença de uma cidade elementar no funcionamento da grande máquina administrativa que foi a regionalização romana.

Gentílico Pacense ou Bejense
Área 1 147,14 km²
População 34 387 hab. (2009[1])
Densidade populacional 29,98 hab./km²
N.º de freguesias 18
Presidente da
Câmara Municipal
Não disponível
Fundação do município
(ou foral)
1524
Região (NUTS II) Alentejo
Sub-região (NUTS III) Baixo Alentejo
Distrito Beja
Antiga província Baixo Alentejo
Orago
Feriado municipal Quinta-feira de Ascensão
Código postal 7800
Endereço dos
Paços do Concelho
Praça da República
Sítio oficial www.cm-beja.pt
Endereço de
correio electrónico
geral@cm-beja.pt

Tratando-se de uma cidade com o estatuto já mencionado, estava equipada com um conjunto de edifícios muito importantes. O espaço por excelência onde se tratava a administração jurídica provincial era o Fórum, do qual também fazia parte o templo dedicado ao culto imperial. 
 No caso de Beja, o Fórum localizava-se junto à actual Praça da República, como testemunharam as escavações realizadas por Abel Viana quando se construiu o actual depósito de água (na altura foi identificada uma enorme estrutura que se interpretou como parte das fundações do templo imperial). A importância dos diversos achados que se têm verificado em vários sítios da cidade confirmam-nos a existência de outros edifícios, tais como o teatro, anfiteatro, o circo, as termas, etc., embora a localização para estes espaços continue na esfera das hipóteses. Certamente que a cidade romana sofreu alterações ao longo do tempo, os seus principais espaços adaptar-se-iam às novas regras e modas que sopravam de outros pontos do império.

A mudança de poder não lhe retirou importância. Durante o período de domínio visigodo manter-se-ia como uma das principais cidades do Ocidente, ainda era um centro administrativo regional e cabeça de bispado. Desta fase, ficou-nos a pequena, mas importante, Igreja de Santo Amaro, onde está instalado o Núcleo Visigótico do Museu Regional, cuja colecção é constituída por peças provenientes da cidade e do campo. O povo germânico terá contribuído para a conservação e manutenção dos espaços públicos e privados.
A cidade é referida pelos autores árabes, não só pela sua importância mas também pelos belos edifícios que possuía, assim como pelas vias grandes e bem conservadas que a ela levavam. No entanto é a partir deste momento que a configuração da cidade sofrerá as mais profundas alterações: a sua forma ortogonal vai-se alterando e ganhando uma forma radial. Infelizmente da cidade muçulmana pouco sabemos: os vestígios são mínimos, encontrando-se, desta época, apenas uma ou outra inscrição funerária e alguns artefactos. 

A cidade entra em declínio sensivelmente a partir do século XI: não é mais o centro administrativo e religioso, perdendo prestígio a favor de cidades que ganhavam cada vez maior importância, como era o caso de Évora.

O processo da Reconquista fez-se sentir de forma muito violenta. As muralhas foram completamente destruídas, a cidade quase deixara de existir. O Foral de D. Afonso III é muito claro: havia que repovoar a cidade e reconstruir as suas muralhas; a cidade ficaria dotada com um novo sistema defensivo, constituído pelo castelo com torre de menagem e novo pano de muralhas.
Com a fundação do Ducado de Beja projecta-se uma nova fase. Os primeiros Duques de Beja, Infantes de Portugal, vêm residir para a cidade alentejana, onde fundam o Convento de Nossa Senhora da Conceição. Junto a este edifício surge o Palácio dos Duques de Beja (Palácio dos Infantes), que terá sido um bom exemplo da arquitectura mudéjar. Como reflexo deste novo impulso, à sua volta iriam surgir novos conventos e palácios que marcariam a diferença entre a Beja velha e destruída e um novo espaço que surgia. O momento áureo deu-se, sem dúvida, com a ascensão de D. Manuel I a rei. Tratando-se do segundo Duque de Beja, desenvolveu um forte processo de nobilitação desta cidade. Assiste-se à reabertura de um novo espaço, a Praça D. Manuel I, para onde se deslocam os Paços do Concelho, que haviam funcionado junto à Igreja de Santa Maria e promove-se também a construção do primeiro Convento-Hospital de Nossa Senhora da Piedade ou da Misericórdia no lugar da antiga Gafaria. Este trabalho de recuperação teria continuidade com o Infante D. Luís III, Duque de Beja, que foi o patrono da construção da Igreja da Misericórdia, cuja loggia constitui um dos expoentes máximos da arquitectura do Renascimento em Portugal.
ERMIDA DE  STO  ANDRÉ

Podemos afirmar que a cidade respirava um novo ar com a promoção a que assistia. A classe dirigente local não acompanhou, contudo, este processo progressista. Beja voltaria a desenvolver-se muito lentamente, esquecida na planície alentejana. As obras que marcam a cidade são pontuais, vivendo-se momentos pequenos de falsas esperanças ao desenvolvimento que nunca chega.

O segundo processo destrutivo a que assistimos dá-se precisamente nos finais do século XIX continuando pelo séc. XX. Sob a batuta do Visconde da Ribeira Brava, imbuído de um espírito vanguardista, decide-se "modernizar" a cidade, despojando-a dos edifícios velhos numa tentativa clara de criar novas ruas abertas e largas. O resultado foi que a cidade perdeu metade dos seus emblemáticos edifícios, como por exemplo, no Largo dos Duques de Beja, o Palácio dos Infantes. Na sua continuidade encontra-se o Convento de Nossa Senhora da Conceição, que ficou reduzido a menos de metade, salvando-se a Igreja o Claustro menor e a sala do Capítulo. Com ligação a este Convento encontrava-se outro, o Hospital Convento de Santo Antonino e nas suas proximidades a Igreja de São João. Todo este conjunto foi simplesmente arrasado. Mas a vontade de progresso far-se-ia sentir ainda noutros espaços, já que outros conventos tiveram o mesmo fim, destruindo-se a memória dos tempos clericais.
ESTELA

A cidade foi assim "varrida" de boa parte dos seus equipamentos existentes. Quem visita e percorre as suas ruas sente a ausência de algo, sem compreender muito bem o quê. Apenas uma pequena parte dos novos espaços abertos foi reocupada. O espaço urbano entra no séc. XX completamente alterado, atravessando um processo de construção/desconstrução o qual se mantém mais ou menos calmo até ao momento do Estado Novo.

Com a afirmação deste regime, a cidade sofreria novas intervenções dentro do Centro Histórico. A primeira terá sido o processo de reconstrução do Castelo e das suas muralhas. Sob a direcção da DGEMN toda a zona envolvente às muralhas do Castelo seria desafogada do casario humilde que desde os tempos de paz ali se instalou. A muralha ficaria totalmente à vista, assim como o Arco Romano das Portas de Évora, imagem que parcialmente se concretizou.
Praça da Républica em Beja – Com vista da Camara Municipal e Centro de Emprego. Paulo Lourenço Ribeiro – 2011
A segunda grande intervenção dá-se na década de 40 na Praça da República, dotando-a da configuração actual. Com a austeridade natural do regime, esta alteração imprimiria ao Largo um sentido de nacionalismo e concentração de poder, recolocando o Pelourinho na Praça. Uma das intervenções mais importantes terá sido, também, a destruição da Cadeia Filipina e a rápida construção, no seu lugar, do novo edifício das Finanças. Este espaço, apesar de discreto, destoa num conjunto que era até aqui homogéneo, verificando-se uma interrupção desnecessária na continuidade da história deste espaço. A infelicidade de um incêndio nos antigos Paços do Concelho em 1947 levaria á necessidade de reconstrução de um novo edifício no mesmo espaço, projecto de um dos mais importantes arquitectos do Estado Novo, Rodrigues de Lima. Mais uma vez a Praça da República sofre nova intervenção. A consolidação do poder estava completada.

Entre as décadas de 30 e 40 vão surgindo novos equipamentos que vão colmatando os enormes espaços vazios libertados no início do séc. XX. O velho Teatro sofre obras de fundo, sendo totalmente alterado e adaptado a Cinema, com possibilidade de representações teatrais. Na zona onde existiu o Convento de Nossa Senhora da Esperança constroem-se o Banco de Portugal, de gosto neo-joanino, o Tribunal, o Governo Civil e por fim a Nova Caixa Geral de Depósitos, com um volume mais sóbrio e portanto mais moderno.

A arquitectura moderna vem pois ocupar, algo timidamente, alguns dos espaços libertados dentro do Centro Histórico, patenteando todavia, as dificuldades e vícios de um Estado autoritário e pouco esclarecido que não entendia as questões que com a revolução de 1974 se tornaram inadiáveis no Centro Histórico da cidade de Beja.


MONUMENTOS

Núcleo Visigótico do Museu Regional de Beja/Igreja de Santo Amaro

Localiza-se próximo do castelo mas na zona extra-muros. Trata-se de uma igreja basilical, cuja fundação remonta à Alta Idade Média. Apesar de ter sofrido diversas alterações ao longo dos séculos conserva ainda parte da nave central.
Actualmente acolhe o Núcleo Visigótico do Museu Regional de Beja, cuja colecção de elementos arquitectónicos constitui o mais importante conjunto conhecido no território nacional. A sua existência justificou a classificação da cidade de Beja como capital do Visigótico em Portugal.

CASTELO
Desde sempre, o Castelo é símbolo de grande referência para uma cidade. Beja não é excepção, o seu Castelo com a sua magnífica Torre de Menagem, de entre as maiores e mais elegantes da Península, sempre foi o ex-libris desta velha Pax-Julia. 

Ao aproximarmo-nos de Beja, logo se avista o seu Castelo, antes fortificação de defesa e, actualmente, património histórico e pólo de atracção turística.
A fundação afortalezada é provavelmente de origem romana. Reconstruído e acrescentado em épocas sucessivas pelos povos que por aqui passaram, nomeadamente visigodos e árabes. No entanto, foram as dinastias portuguesas que lhe deram a traça que hoje podemos contemplar.
De planta pentagonal, o castelo afonsino-dionisino, era composto por duas portas principais, abertas a nascente e a poente da Alcáçova, e por seis torres defensivas, uma delas a Torre de Menagem. Relativamente à cintura de muralhas que circundava o núcleo urbano, esta era bastante mais complexa. Tratava-se de uma cerca formada por mais de quarenta torres e quatro portas principais, nomeadamente as "Portas de Évora", "Portas de Aviz", "Portas de Mértola", e "Portas de Aljustrel", de origem romana.
Com o decorrer dos anos, foram construídas mais três portas, neste caso, as "Portas de Moura", as "Portas de São Sisenando" e as "Portas da Corredoura".
Conquistada em 715 pelos árabes, a cidade foi atacada por Afonso I de Leão e Asturias e por Fruela I de Oviedo, neste mesmo ano e em 718. Mais tarde, em 760, é atacada por Abd al-Raman e cerca de 910-14 por Ordonho II. Em 985 é tomada por Almansor, e em 1037 é atacada por Fernando Magno de Leão.

 Depois, entre 1115 e 1150, D. Afonso Henriques tenta conquistá-la, mas sem sucesso. Finalmente, em 1162, a cidade é tomada por Fernão Gonçalves, e em 1170, assiste-se à morte do Célebre Lidador, Gonçalo Mendes da Maia, durante o último ataque árabe.

Após a reconquista, em 1200, a cidade encontrava-se quase despovoada e a muralha era um verdadeiro monte de ruínas. No entanto, D. Afonso III, concede-lhe Foral em 1254, com o objectivo de facilitar e incentivar a fixação de populações, tornando-se o verdadeiro reconstrutor da cidade.
Em 1310, D. Dinis cuidou da sua defesa, afortalezando-a e construindo a Torre de Menagem. Posteriormente, a muralha fernandina é outro renovo defensivo de que restam belos troços.
Também a existência de outras torres foi sendo alterada com o decorrer dos séculos, o mesmo sucedendo às portas da muralha, que se foram modificando e abandonando consoante as necessidades defensivas.

Na Praça de Armas, localiza-se a Alcaçova, provavelmente construída por D. João II em 1485, para albergar os Infantes D. Isabel de Castela e D. Afonso de Portugal. As janelas geminadas e de arcos ultrapassados, todas elas com grande valor patrimonial e arquitectónico, foram adaptadas a este edíficio, tendo pertencido a palácios e casas demolidas na cidade de Beja, no início do século XIX. Merecem especial atenção os arcos de tijolo denticulado, de origem mudéjar.
Relativamente à Torre de Menagem, esta é considerada um dos melhores exemplos de arquitectura guerreira medieval. De planta quadrada, possui janelas geminadas, uma em cada face, sendo a do norte a mais alta e em forma de varanda. Para além destas características, apresenta ainda no alto um varandim apoiado numa cachorrada de sólida airosidade.
Com uma altura aproximada de 40 metros de altura e 198 degraus, é considerada a mais alta do país e da Península Ibérica. O seu interior é constituído por três grandes salas sobrepostas, com acesso por escadas em caracol, que se encontra implantada no engrossamento de um dos ângulos da atalaia. 

Possui a particularidade única, de ser totalmente construída em mármore. Outro aspecto interessante, prende-se com as diversas marcas de cantaria que se podem encontrar gravadas nas superfícies, interior e exterior das pedras, cujas siglas representam as diversas confrarias de obreiros que a construíram, também conhecidas como marcas de cantaria.
A primeira sala de planta octogonal na base, torna-se pentagonal na parte superior, devido à existência de trompas em três dos cantos. Aqui também é de realçar a abóbada estrelada com um autêntico fecho, e nos cantos podem observar-se mísulas.
A segunda sala também de planta octogonal, é iluminada por três janelas de estilo gótico, que nos convidam a descansar e contemplar a vista. Também a abóbada é estrelada, com nervuras de cantaria, e possui fechos artisticamente lavrados. Os seus arcos estão assentes em mísulas, que representam atlantes.
Na terceira sala, mais pequena, de planta quadrangular, salienta-se uma cercadura toda à volta, interrompida por representações vegetalistas, de homens e animais. A abóbada é decorada com ornatos góticos.
No topo acede-se ao eirado, através de alguns degraus de escada direita, onde se pode contemplar em redor da torre uma paisagem única, a peneplanície.

MUSEU REGIONAL
O primeiro museu de Beja foi, sem dúvida, o representado pelas colecções particulares de Frei Manuel do Cenáculo (1724-1814), o ilustre prelado bejense cujos méritos e zelos de investigador atraíram a esta cidade a atenção do mundo culto de então. 

A investidura de Cenáculo no arcebispado de Évora ocasionou a mu­dança de muitos monumentos, de vária espécie, para aquela cidade. O caso prejudicou Beja. Mas não deixou de estar absolutamente dentro do espírito da época em que o erudito bispo viveu.

Disperso o Museu Sesinando-Cenáculo-Pacense, das lápides e pedras ornamentadas que não foram para Évora, algumas se perderam aqui mesmo; mais de duas dezenas, e das mais preciosas, foram depois, recupe­radas, graças à desinteressada coope­ração de D. António Xavier de Sousa Monteiro, bispo da sede pacense, que à medida que elas se iam descobrin­do no Paço episcopal as mandava entregar à Câmara.
Decorridas oito décadas, em sessão de 5 de Março de 1890, o Dr. Ma­nuel Duarte Laranja Gomes Palma, presidente do município, propõe que se dê início, com os objectos então arrecadados no andar superior da Domus Municipalis, a um pequeno museu representativo deste concelho, o qual se inaugurou, após outras sessões em que se trataram de por­menores relacionados com o assunto, a 29 de Dezembro de 1892 (uma quinta-feira), com o nome de Museu Archeologico Municipal de Beja.
A verdadeira alma do Museu foi, porém, o chefe da secretaria municipal, José Umbelino Palma, cuja actividade em prol da instituição se manifestou principalmente no periódico local, «O Bejense», do qual era director. A afluência de ofertas e depósitos avolumou o recheio de tal modo que, em 1898, este; se repartia por diversos aposentos do Edifício da Câmara Municipal.
 Nos anos de 1927 e 1928 as colecções do Museu passaram para o actual edifício do Convento de Nossa Senhora da Conceição, sendo aumentadas com objectos de arte religiosa procedentes de igrejas demolidas e extintos conventos desta cidade: quadros, andores, ima­gens, paramentos, jóias e diversas alfaias do culto.
Nessa data, dando cumprimento a um decreto anterior, a tutela do Museu Regional de Beja passou da Câmara Municipal para a da antiga Junta Geral do Distrito, actual Assembleia Distrital de Beja, organismo do qual o Museu Rainha D. Leonor depende administrativamente.

SOROR MARIANA ALCOFORADO
Em 1810, a nota publicada no jornal L’Empire, de Paris, pelo erudito Boissonade, trouxe para a ribalta o nome, até aí desconhecido; de Mariana Alcoforado como a autora das já muito célebres Lettres Portugaises, cinco cartas de amor dedicadas ao cavaleiro francês Noël Bouton, Marquês de Chamilly.

Mariana Alcoforado foi uma das religiosas da Ordem de Santa Clara, do Convento da Conceição de Beja, local onde actualmente funciona o Museu Regional da cidade. Natural de Beja, nasceu a 22 de Abril de 1640, entrou na clausura com 11 anos, vindo a professar aos 16. Porteira, Escrivã e Vigária, foram alguns dos cargos que exerceu durante a sua longa vida conventual. Faleceu em 28 de Julho de 1723.

As cartas de amor são a sua paixão sublime não correspondida, que perdura no tempo e tem despertado o interesse de todo o mundo. Desde a edição princeps de Claude Barbin, datada de 4 de Janeiro de 1669, com o título de “Lettres Portugaises Traduites en François”, até hoje, sucederam-se centenas de edições em diferentes idiomas, poemas, peças de teatro, filmes, obras de interpretação plástica e musical.

O Museu conserva ainda a grande janela gradeada, mais conhecida como a Janela de Mértola, das Portas de Mértola ou de Mariana, verdadeiro ex-libris do convento, do museu e da cidade, através da qual a religiosa viu tantas vezes passar aquele que a encantava e que num dia especial a destacou com o seu olhar e lhe fez sentir os primeiros efeitos da sua infeliz paixão.

O CONVENTO DA CONCEIÇÃO
O Real Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição foi fundado na segunda metade do século XV pelos Infantes D. Fernando, primeiro duque de Beja, e sua mulher, D. Beatriz, pais da rainha D. Leonor e do futuro rei D. Manuel I.

Construído a partir de um pequeno retiro de freiras contíguo ao palácio dos Infantes, o Convento de Conceição pertencia à ordem de Santa Clara e encontrava-se sob jurisdição franciscana.

Do seu aspecto geral ainda hoje subsistem algumas influências do tardo-gótico em Portugal, nomeadamente o portal gótico flamejante da igreja, as janelas de duplo arco tipicamente mudejar e a platibanda rendilhada, que revelam uma importante transição para o Manuelino.
Do espaço primitivo fazem parte a Igreja, o Claustro e a Sala do Capítulo.

Entra-se pela Igreja a partir do Côro Baixo, no qual se salienta um pequeno túmulo, de estilo gótico-flamejante, da primeira abadessa do Convento, D. Uganda.

A Igreja, de uma só nave, encontra-se revestida de talha dourada dos séculos XVII e XVIII.

Do lado direito podem observar-se dois altares do séc. XVIII dedicados, a S. Cristovão e a S. Bento, um altar do séc. XVII dedicado a S. João Evangelista e, finalmente, um outro altar, em mármore florentino, dedicado a S. João Baptista, da autoria de José Ramalho (ano de 1695).

No topo da Nave encontra-se a capela mor, ornamentada a talha dourada dos séculos XVII e XVIII. Desta fazem parte as colunas salomónicas, abóbada de berço e majestoso trono.

Do lado do Evangelho avulta o túmulo em mármore de D. Fernando e seu filho D. Diogo, e observam-se três painéis de azulejos portugueses datados de 1741, representando cenas do nascimento, vida e morte de S. João Baptista. Era pelo lado do Evangelho (em obediência às regras da ordem franciscana), que se fazia a entrada na Igreja, através de um portal gótico flamejante.

O claustro, que conserva a planta original da última metade do séc. XV, testemunha o cruzamento de diferentes manifestações artísticas através dos tempos. É composto por quatro galerias: A quadra de S. João Baptista, a quadra da Portaria, a quadra de S. João Evangelista, e a quadra de Nossa Senhora do Rosário.

O claustro, que conserva a planta original da última metade do séc. XV, testemunha o cruzamento de diferentes manifestações artísticas através dos tempos. É composto por quatro galerias: A quadra de S. João Baptista, a quadra da Portaria, a quadra de S. João Evangelista, e a quadra de Nossa Senhora do Rosário.

Na quadra de S. João Baptista as paredes encontram-se ornamentadas por azulejos portugueses do século XVII, onde predominam os motivos vegetalistas (maçaroca de milho, etc.), e pequenos painéis encaixilhados, a avulso, dedicados a S. João Baptista. Na quadra pode observar-se a capela de S. João Baptista, de tradição clássico maneirista, datada de 1614. Do lado direito encontram-se as capelas de S. Francisco de Assis e de Nossa Senhora do Desterro, obra maneirista datada de 1567.

Na quadra da Portaria, através da qual se fazia a antiga entrada para o convento, as paredes encontram-se revestidas, até meia altura, por azulejos portugueses do séc. XVII.

Na quadra de S. João Evangelista as paredes estão totalmente revestidas por azulejos sevilhanos de xadrez do séc. XVI. Num dos topos da quadra encontra-se a capela dedicada a S. João Evangelista, datada de 1601, igualmente de estilo clássico-maneirista. No topo oposto salienta-se o portal manuelino que dava acesso ao antigo refeitório do convento.

Finalmente, na quadra do Rosário, as paredes encontram-se revestidas até meia altura por azulejos portugueses do séc. XVII. Era por esta quadra que se estabelecia o contacto entre o Claustro e a Igreja, como testemunha a roda de comunicação aqui existente. Neste espaço pode observar-se uma colecção de arqueologia romana constituída por aras, cipos, capitéis, estatuária, cerâmica e pintura afresco.

Entra-se para a Sala do Capítulo através de um pórtico gótico do tempo de D. João II. Este espaço de planta quadrangular apresenta abóbada de aresta totalmente revestida a pintura a têmpera do séc. XVIII.

A sala encontra-se, até meia altura e sobre os bancos, forrada de azulejos hispano-árabes quinhentistas do tipo de aresta. Os painéis de azulejos, que formam padrões de desenhos coloridos, de composição geométrica e vegetalista, constituem um dos conjuntos cerâmicos deste género mais importante em Portugal.

Acima dos painéis de azulejos observam-se pinturas a têmpera semicirculares alusivas à temática religiosa (S. João Baptista, S. João Evangelista, S. Sebastião, Santa Clara, S. Francisco de Assis).
A sala dos Brasões, antigo espaço do Convento totalmente remodelado, encerra uma importante colecção de brasões e lajes tumulares. Registe-se ainda a presença do antigo passadiço (reconstituição a partir de uma parte original), que ligava o Convento ao Palácio dos fundadores (D. Fernando e D. Beatriz).

Fazem parte do actual edifício, cuja construção data de meados do século XX, as salas de pintura onde actualmente se encontra exposta a colecção do museu, que abarca um período balizado entre os séculos XV e XVIII. De meados do século XX é também a secção do primeiro andar, onde se encontra a exposição arqueológica de Fernando Nunes Ribeiro.

Pelourinho de Beja
O pelourinho terá sido mandado construir por D. Manuel após a concessão do foral da Leitura Nova em 1521. 
À semelhança de outras obras régias da época, também neste pelourinho figuram os emblemas deste monarca, esfera armilar e cruz de Cristo em ferro. Após um percuso atribulado o pelourinho foi reconstruído no século XX segundo o modelo original.

Igreja da Misericórdia
A Igreja da Misericórdia foi construída no séc. XVI. Trata-se de um exemplo ímpar da arquitectura renascentista de forte influência italiana, inspirada na famosa Loggia da cidade de Florença, sobressai a sua colunata sobre planta quadrada. 

Foi inicialmente projectada para açougues, contudo o seu impacto foi tão forte que rapidamente se considerou ser demasiado nobre para funcionar como mercado, adaptando-se rapidamente o edifício a igreja.
O seu mecenas foi o Infante D. Luís, terceiro Duque de Beja, que continuaria a obra de seus ancestrais, enobrecendo a cidade de Beja e dotando-a de importantes espaços.

Convento de S. Francisco
Situado fora das Muralhas, junto à antiga via que ligava Beja a Mértola, foi fundado no século XIII. Sofreu profundas alterações sobretudo no século XVIII, que praticamente lhe imprimiram o seu aspecto actual. 

De destacar a singularidade da Capela sua dos Túmulos, a Cisterna, as pinturas da Sala do Capítulo e o Coro Alto
Actualmente faz parte da rede da ENATUR - Pousadas de Portugal.


CULTURA
Beja dispõe de uma rede de equipamentos municipais, que abarca as diversas áreas de criação, formação e divulgação da Cultura: a Biblioteca Municipal, na promoção do Livro e da Leitura, o Pax Julia – Teatro Municipal, nas Artes do espectáculo, o Museu Jorge Vieira e a Galeria dos Escudeiros, nas Artes Plásticas, a Casa da Cultura, espaço polivalente, com as diferentes disciplinas artísticas que aí têm lugar.
Por esses equipamentos, servidos por profissionais qualificados, passam diariamente centenas de munícipes, das mais variadas idades e categorias socioprofissionais; nos auditórios e salas de exposições apresentam-se escritores, artistas plásticos e músicos, grupos e companhias de teatro e de dança. Nesses espaços, os agentes e associações culturais locais, os professores e alunos das escolas dos diferentes graus de ensino, têm um importante papel, através do seu uso e dinamização, através de frutuosas parcerias com o Município, com vista à criação, formação e fidelização de novos públicos para as Artes.
Além desta actividade com carácter regular, o Município é responsável pela promoção de eventos, alguns associados a efemérides locais e nacionais que mobilizam os habitantes do Concelho e atraem populações de diversas partes da Região e do País, num binómio Cultura-Turismo, que se pretende cada vez mais e melhor desenvolvido e consolidado. Essas iniciativas não se destinam a substituir, mas sim a complementar outras, da responsabilidade de estruturas locais, que colocam Beja num patamar importante, a nível nacional, na realização de grandes eventos.
E é também neste binómio que se enquadra a preservação e a promoção do nosso rico património, material e imaterial, vector decisivo para uma estratégia que implemente e desenvolva cada vez mais o Turismo Cultural. Os monumentos, os museus, a gastronomia, o Cante Alentejano são os pilares que garantem o lugar privilegiado que Beja ocupa, para atrair mais visitantes e turistas, em busca do que de melhor temos para oferecer: a riqueza e diversidade da nossa Cultura.

OVIBEJA - 4 a 8 de Maio
Com “Todo o Alentejo Deste Mundo”, a Ovibeja aí está em mais uma edição, a 28ª, que se realiza de 4 a 8 de Maio, no Parque de Feiras e Exposições.

De braços abertos a todos quantos queiram fazer dela a sua Ovibeja, a Grande Feira do Sul aposta numa programação intensiva de colóquios e debates dedicados aos temas centrais da agricultura alentejana e nacional. A agricultura e pecuária em extensivo, as novas culturas decorrentes do regadio do Alqueva, o desenvolvimento rural, a sustentabilidade económica e as fileiras estratégicas como o olival e a vinha, são alguns dos temas que vão estar em discussão. O tema central desta edição gira em torno do Ano Internacional das Florestas.

Os produtos regionais, como a doçaria, enchidos, queijo, vinho, e gastronomia merecem especial destaque na 28ª edição da Ovibeja. Depois do sucesso do “Pavilhão Azeite Alentejo” apresentado na última edição, a comissão organizadora vai continuar a apostar em exposições temáticas interactivas onde o azeite volta a ser o tema central.

Concursos e exposições de gado, corridas de toiros, demonstrações equestres, artesanato, comércio, provas desportivas, exposições empresariais e institucionais preenchem a oferta do certame para além de uma intensa programação cultural, com espectáculos e concertos para animar as famosas “Ovinoites”.

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