27/11/2011

11 - FIGURAS DA PRIMEIRA REPÚBLICA »»» júlio marques de vilhena

 Nascido a 28 de Julho de 1845 na vila de Ferreira do Alentejo e não a 31 de Julho de 1846 ou, ainda, a 04 de Agosto de 1845 como, regra geral, é referido pelos seus biógrafos, Júlio de Vilhena foi Conselheiro e Ministro de Estado, Par do Reino, deputado e chefe do Partido Regenerador, jornalista e director dos jornais O Universal e O Diário Popular, vogal do Supremo Tribunal Administrativo e III Governador do Banco de Portugal.

Único filho de Francisco Marques de Barbuda e de dona Maria José de Vilhena, formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra em 1871 com a tese “ A prova por documentos particulares segundo o Código Civil Português”, dada à estampa no ano seguinte. Em 14 de Julho de 1872 recebeu o grau de doutor, acto para o qual apresentou uma dissertação intitulada Teses selectas de Direito, as quais presidindo o Senhor Dr. Bernardo de Serpa Pimentel, se propõe defender para obter o grau de doutor nos dias 11 e 12 de Julho”. Esta tese, escrita em latim e português, foi dedicada ao Conselheiro José Maria de Fontes Pereira de Melo.

Neste ano, já doutor em Direito, desposa dona Maria da Piedade Leite Pereira Jardim, filha do Visconde de Monte São, lente de Filosofia na Universidade de Coimbra. Deste enlace matrimonial nasceram a 7 de Julho de 1873 e a 4 de Julho de 1876, João e Ernesto Jardim de Vilhena, respectivamente.

Possuidor de inequívocos dotes literários e históricos, publica durante o ano de 1873 a ínsigne e polémica obra “ As Raças Históricas da Península Ibérica e sua influência no Direito Português “. Esta obra valeu-lhe o reconhecimento de importantes figuras nacionais e estrangeiras entre as quais se salientam a de Alexandre Herculano, Sousa Viterbo, José Amador de Los Rios, Michelet entre outros. Esta obra que lhe permitiu ingressar na afamada Academia das Ciências como sócio correspondente, gerou uma discussão que Francisco de Assis de Oliveira Martins registou na obra “ A Idade Média na História da Civilização - polémica entre Antero de Quental, Oliveira Martins e o Dr. Júlio de Vilhena”.

Durante os anos de 1873 e 1874 regeu, com carácter efémero, as cadeiras de Direito Civil e Finanças, mas, quando, em 1874, concorreu a lente, foi preterido pelo Dr. César Avelino Calisto. Ressentido, mas consciente do seu valor, valor, vai para Lisboa e envereda por uma carreira política militante.

Filia-se no Partido Regenerador e é eleito para a Câmara Baixa pelo círculo eleitoral de Felgueiras a 12 de Julho de 1874, estreando-se como deputado ao apresentar a proposta do Código de Justiça para o Exército de Terra no dia dois de Janeiro de 1875.

Exprimindo com facilidade, clareza e brilho as suas ideias, de gestos sóbrio, voz bem modulada numa época em que a oratória parlamentar estava no seu apogeu e a política empolgava todas as energias juvenis, Júlio de Vilhena adaptar-se-ia com facilidade a um meio que, anos mais tarde, viria a confessar que fundamentalmente detestava.

Em 1876 abriu banca de advogado na capital, foi deputado por Felgueiras ( 1883) e por Beja ( 1884), entrou na Câmara Alta pelo círculo da Guarda ( 1885) e passou a Par do Reino vitalício ( 1890).

Ministro da Marinha e do Ultramar ( 25 de Março a 14 de Novembro de 1881 / 5 de Abril a 16 de Setembro de 1890 / 21 de Maio de 1891 a 17 de Janeiro de 1892) e da Justiça e Negócios Eclesiásticos ( 13 de Setembro de 1882 a 24 de Outobro de 1883), deixou bem assinalada a sua passagem pelas cadeiras do Poder através de realizações de grande alcance político e social, mormente na gerência da primeira daquelas pastas, promovendo a criação de estações civilizadoras nas colónias portuguesas, com o objectivo de estabelecer a soberania de Portugal em África.

Jornalista, dirigiu o Universal ( 1893-94 ) e, quando chefe do Partido Regenerador, o Diário Popular ( 1907-09 ).

Juiz efectivo do Supremo Tribunal Administrativo ( 1885 ) e seu presidente, foi ainda o III Governador do Banco de Portugal ( 1895-1907 ). A partir de 1910 passou a repartir a sua actividade pelos estudos históricos e pela Academia das Ciências de Lisboa.

À sua iniciativa ficou a dever-se a fundação da Liga Naval, de que foi presidente, bem como a organização do I Congresso Marítimo Nacional ( 1903 ) e do Congresso Internacional Marítimo ( 1904 ).

Faleceu em Lisboa, a 27 de Dezembro de 1928 na sua casa na rua de São Bento.

IN "SITE DO MUNICÍPIO DE FERREIRA DO ALENTEJO"

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