13/10/2011

RUI SANTOS




O quisto sebáceo



Um quisto sebáceo pode afastar um jogador de uma decisiva jornada dupla da Seleção Nacional na corrida para o Euro’2012?

A extração de um quisto sebáceo é uma emergência de tal forma aguda que tem de ser realizada entre um Zenit-FC Porto, para a Liga dos Campeões, e um Portugal-Islândia (com um jogo da Liga russa pelo meio...), no Dragão, com este jogo a ser determinante para as contas do apuramento para o Euro’2012?

A FPF está no ponto zero da sua credibilidade. Não tem é o direito de brincar com a inteligência das pessoas!

O dirigente Amândio de Carvalho, esse extraordinário reformista do futebol português, dono de um currículo invejável desde que se destacou pela sua forte liderança em Saltillo, tem o dom da palavra e, com ele, proporciona-nos momentos de raro deleite, não apenas pelo seu brilhantismo oratório mas fundamentalmente pela forma como consegue deixar-nos totalmente esclarecidos.

Foi o que aconteceu com o “caso Danny”, perdão, com Danny, “porque não há motivos para especulações” e porque “como é evidente, o jogador não pode ser obrigado a apresentar-se”. Importa-se de repetir?! Especulações? O próprio Amândio de Carvalho esclareceu, relativamente à posição de Danny, “não sei porquê e não posso fazer qualquer tipo de comentário”, uma vez que apenas foram adiantados “motivos imponderáveis da sua vida pessoal”.

Pronto, estamos conversados. As especulações partem da própria FPF, que não sabe lidar com o assunto e, por causa disso, suscita todo o tipo de cenários. A partir de agora, basta um quisto sebáceo ou razões de natureza pessoal para, depois de uma convocação, um jogador falhar à chamada da Seleção Nacional.

Ainda estamos todos por saber por que razão Bosingwa, titular e quase totalista no “Chelsea de Villas-Boas”, não foi convocado por Paulo Bento. Será por falta de qualidade, será por falta de assiduidade ou será ainda por falta de necessidade?

A FPF do discurso e relações simples, que privilegia o “discurso da bola”, das relações amistosas e da fraternidade entre treinador e jogadores, como se a Seleção Nacional fosse um casório, tropeça nas suas próprias contradições. Não é capaz de abandonar a ideia de se ter tornado refém de um conjunto de interesses (agora, também, de José Mourinho) e, ofuscada pela intensa luz emanada pela varinha mágica prometida por Paulo Bento, mostra-se outra vez incapaz de estar à altura das suas responsabilidades.

Há várias teses que concorrem para a definição de “quisto sebáceo”. Uma delas tem a ver com os efeitos da tumefação provocada pelo ácido úrico vertido por um exemplar de quatro patas junto a uma bandeirola de canto. Tem cura e não é exatamente uma deserção.

Não era suposto que, extraída a “estupidez e a incompetência” do professor Queiroz, não nascessem mais quistos sebáceos na Seleção Nacional?!...

Nota – Bosingwa não é convocado. Lesiona-se Sílvio. Ainda pensei que era tempo de acionar o critério da “necessidade”...


IN " RECORD"
07/10/11

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