18/09/2011



ESTA SEMANA NA
"MÁXIMA"

COMO TRANSFORMAR 
MAU SEXO EM BOM SEXO
A médica ginecologista Maria do Céu Santo explica como é possível dar a volta à situação, e viver em pleno uma sexualidade com afecto.

1. Use os cinco sentidos
“ Sempre que começa uma relação invista numa sexualidade com afecto. Não dissocie logo no início as duas coisas. Porque todos nós sabemos que podemos ter só sexo. Se as pessoas se masturbarem também têm prazer, mas o ideal é partilhar a pele, estimular os sentidos – a visão, o tacto, a audição, o olfacto, o paladar – porque é isso que nos aumenta a intensidade do prazer.”

2. Não finja o que não sente
“ O bom sexo é sempre ligado à afectividade, mas também deve ser desenvolvido com técnica. Somos ensinados a seduzir, mas ninguém é ensinado a fazer amor. Aprende-se por tentativa e erro. Por isso, é importante que a pessoa não comece logo a fingir quando começa a relação, o que por vezes pode acontecer. Algumas mulheres dizem que fazem amor por obrigação, mas depois também não conseguem passar a mensagem daquilo que lhes é agradável ou não, e devem fazê-lo.”

3. Diga-lhe o que lhe dá mais prazer
“ É importante não dizer ao parceiro o que lhe desagrada [a forma como ele a estimula, por exemplo], mas o que gosta, orientando-o para aquilo que lhe dá mais prazer. Aqui há tempos a psicóloga Ana Fonseca usou uma expressão perfeita, dizendo que neste caso ‘é quase como coçar as costas’, experimenta-se mais acima, mais abaixo, mais para o lado. Por isso, é muito importante dizer do que se gosta e como se gosta. O problema é que muitas mulheres fingem o orgasmo, o que nalgumas situações resolve alguns problemas momentâneos, mas a longo prazo pode transformar-se num problema, pois passam a fazer amor como penitencia, e vai representar um determinado papel. Umas fazem-no porque acham que o parceiro vai achar que está muito mais apaixonada se for mais rápida a atingir o orgasmo, outras porque estão atrasadas para dormir.”

4. Mesmo que não lhe apeteça, faça
“Ao contrário de uma boa parte dos meus colegas, eu trato a diminuição do desejo das mulheres incentivando-as desta forma: mesmo que não lhe apeteça, faça [amor]. Porque o principal problema nas mulheres é iniciar a actividade sexual – a diminuição ou a ausência de desejo é, em geral, a principal causa, pois muitas explicam que depois até sentem prazer. Mas, por outro lado, é importante fazer amor com tempo e não ao fim do dia quando já nem sequer têm força para puxar o lençol. Se a essa hora não têm energia, então também não é hora para fazer amor. E o prazer também se programa. Não é só quando apetece, porque quando apetece muitas vezes a pessoa não tem capacidade. O desejo assenta na memória, se a memória for boa a pessoa apetece-lhe fazer amor.”

5. Homens, finjam indiferença
“Quanto mais apetece ao homem mais a mulher foge. E quando os homens, em casa fazem festinhas, a mulher pensa que têm como objectivo fazer amor. Mas quando eles fingem que não lhes apetece fazer amor, a elas aumenta-lhes o desejo. Por isso, este conselho é para eles: finjam que não lhes apetece.”

6. Coloque a lingerie na cadeira
“ Se o seu parceiro não manifesta desejo, procure estimulá-lo: compre uma lingerie, mais ou menos sofisticada, como preferir, e coloque-a sobre uma cadeira. A ideia é que ele a veja e você nunca a vista. Ele vai perguntar-se porque é que está aquela roupa ali, quando a relação está quase assexuada. Muitas vezes isto é um estímulo para mudar qualquer coisa. Porque o que se tem de fazer é sair da rotina (uma das grandes responsáveis pelo mau sexo) e fazer uma clivagem na rotina.
Se o homem fingir que não lhe apetece fazer amor, à mulher aumenta o desejo. Se a mulher está invisível e puser qualquer coisa que estimule, que agrade, que saia da rotina, ela torna-se visível.”

7. Sejam criativos
“A criatividade é fundamental. Se pensa todos os dias em confeccionar refeições diferentes, o jantar não é sempre igual, então porque é que fazer amor tem de ser? Cada pessoa deve perceber o seu corpo, e perceber as posições que lhe dão mais prazer, mas estas não têm que ser sempre as mesmas, repetidas no tempo. É claro que como a relação é a dois, tem que se perceber o que é melhor, o que mais agrada a ambos e, daí, a necessidade de falar no assunto, não agredindo, mas aperfeiçoando a técnica com carinho, em que os dois se vão guiando pelos caminhos do prazer. Hoje há várias alternativas para optimizar a sua vida sexual, por isso faça tudo para melhorar porque o orgasmo está lá é só preciso voltar a descobri-lo. Reinvente a relação.”

8. Cuide si
“As pessoas enquanto namoram, arranjam-se da unha do pé até à ponta do cabelo e depois de estarem a viver com os parceiros dormem com a t-shirt que nem serve para ir para a rua. Também neste caso tem que haver criatividade. É importante que continue sempre a cuidar de si, como fazia quando se conheceram e apaixonaram.
Outra das formas de avivar o desejo é voltar a usar a água-de-colónia ou perfume que usava quando se conheceram e começaram a namorar, e oferecer-lhe que ele também usava nessa altura. Mas o ideal, neste caso, é que ambos tenham deixado de usar os respectivos perfumes ainda durante a fase da paixão, pois só assim é que eles se tornam, de facto, simbólicos. É como a música de ambos – ‘a nossa música’, para ter significado não pode ser ouvida constantemente.”

9. Use o poder da fantasia
“A fantasia é fundamental numa relação. A principal razão para a pessoa deixar de ter actividade sexual é não ter fantasia. Há fantasias que não são, de facto, para se pôr em prática, são só de cada um. Mas há outras que não, pois podem ser colocadas em prática desde que não agridam o parceiro. E o que agride hoje não quer dizer que agrida amanhã. O limite é o infinito desde que as duas pessoas concordem, a sexualidade é uma descoberta a dois. O que não se pode fazer é alguma coisa que nos viole. Mas aquilo que viola hoje não quer dizer que viole amanhã. Nós mudamos e ainda bem.”

10. Continue a ter prazer na menopausa
“A sexualidade na menopausa tem muito a ver com a sexualidade que a mulher tinha antes. Há de facto uma mudança a que as pessoas têm que se adaptar: a vagina começa a ficar mais seca devido à baixa hormonal, necessitando de cuidados específicos de hidratação. A cosmética vulvar é composta por um hidratante, por creme e uma máscara, e todas as pessoas podem e devem fazê-la desde que não tenha contra-indicação de estrógeneos. A falta deste tratamento pode levar a que surjam fissuras na vagina o que consequentemente vai levar a que a mulher sinta dores durante a relação sexual, privando-a do prazer que ainda é possível continuar a ter nesta fase da vida.”

11. Dê uma ajuda para chegar ao orgasmo
“O orgasmo não é essencial, e o sexo pode ser bom sem ele, mas o óptimo é chegar lá. É claro que se a pessoa não está disposta, não tem que forçar. Mas se quer atingi-lo e tem dificuldades, pode dar uma ajuda estimulando o clítoris, ou pedindo ao seu companheiro que o faça. A estimulação não tem que ser directa, pode ser indirecta, e hoje em dia há várias técnicas que podem potenciar. O pénis devia ter outra anatomia para estimular o clítoris, mas não tendo há que arranjar soluções.”


* Palmas para tão simples e enorme saber pleno de bom-senso.


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