20/07/2011

 

GUILHERME DE AZEVEDO

 Santarém, 1839 - Paris, 1882


Eis a velha cidade! a cortesã devassa,
A velha imperatriz da inercia e da cubiça,
Que da torpeza acorda e á pressa corre á missa!
Baixando o olhar incerto em frente de quem passa!

Ella estreita no seio a velha populaça,

Nas vis dissoluções da lama e da preguiça,
E nunca o santo impulso, o grito da Justiça,
Lhe fez estremecer a fibra inerte e lassa!

E póde receber o beijo e a bofetada

Sem que sinta o rubor da colera sagrada
Acender-lhe na face as duas rosas bellas!

Sómente d'um sorriso alvar e deshonesto,

Ás vezes, acompanha o provocante gesto
Quando sôa a guitarra, á noite, nas viellas!

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