24/06/2011

ALMORRÓIDA DESAPONTADA


Usar só sangue nacional dava 
para poupar um hospital por ano

O presidente da Associação de Dadores Benévolos de Sangue de Santa Maria da Feira defende que se o Estado deixasse de comprar plasma estrangeiro e tratasse o sangue nacional pouparia o suficiente para construir um hospital por ano.

"Estes alertas que se vêm ouvindo sobre o desperdício do sangue doado já se ouve desde que existe a nossa associação", declarou à Lusa Serafim Reis, presidente da instituição que este fim-de-semana comemora os seus 20 anos de actividade.

"Nós temos meios para tratar o nosso sangue, que é dos mais seguros do mundo e muito procurado", observou esse responsável. "Mas muitas vezes esse plasma não tem sido tratado como devia porque temos contratos de compra ao estrangeiro e, assim, não justifica fazer o investimento técnico cá em Portugal".

Serafim Reis diz não saber avaliar se há "condições políticas para isso, mas acredita que o país tem "capacidade técnica" para investir no tratamento do seu próprio plasma e garante: "Se deixarmos de o comprar ao estrangeiro e tratarmos o nosso, poupamos o suficiente para construir quase um hospital por ano".

Para o presidente da Associação de Dadores do concelho da Feira, este é "um assunto muito sério" e deve merecer a "máxima atenção" por parte das autoridades, que devem "meter mãos à obra de uma vez por todas" para evitar o desconforto crescente entre a comunidade que doa sangue.

"As pessoas vão às colheitas generosamente, a maior parte delas são dadoras por motivos puramente altruístas e, depois, claro que não gostam de ouvir que o seu sangue foi deitado ao lixo", explica. "Se a situação se mantiver, isto torna-se numa bola de neve e, um dia destes, podemos dar por nós a precisar de sangue e a não ter".

Serafim Leite lamenta que, sendo a colheita de sangue um trabalho realizado por voluntários, esses estejam limitados a "pregar no deserto, sem que a sua voz tenha peso nenhum", mas acredita que "os governantes podem esclarecer a população o mais rapidamente possível sobre o que têm pensado para o futuro".

"As pessoas aparecem nas colheitas, sentem-se inseguras, fazem perguntas e nós não sabemos responder", reconhece esse responsável. "É tempo de os governantes perceberem que as centenas de milhares de dadores de sangue portugueses merecem outro trato, outro respeito", assegura.

IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"
24/06/11

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